Friday, June 30, 2006

Itália goleia... parece até mentira (Itália 3x0 Ucrânia)

Sujeitos engraçados os italianos: ganham suas primeiras copas (1934 e 1938) e fazem saudações fascistas, voltam a disputar uma decisão depois de 32 anos e levam de 4 a 1 (1970), vencem os anfitriões na primeira fase e são eliminados depois (1978), eliminam os favoritos absolutos e são campeões na seguinte (1982), organizam outra para vencer e são eliminados na disputa de pênaltis da semifinal (1990). Nos pênaltis perdem a decisão de 1994 e pênaltis são eliminados em 1998. Em 2002, foram assaltados à mão armada e perdem na morte súbita para os sul-coreanos. Regredindo 36 anos, são eliminados na primeira fase pelos coreanos do norte.

Chegam à Copa da Alemanha afundados em denuncias de manipulação de resultados, envolvendo principalmente o clube com mais títulos no país, o Juventus. Que tem o maior numero de jogadores na seleção italiana, cinco. A Azurra é a única seleção da Copa formada apenas por jogadores que atuam no país. Da Juventus são o goleiro Buffon, o zagueiro e capitão Cannavaro e o lateral Zambrotta. Ainda tem Camoranesi e Del Piero, que entram e saem do time frequentemente.

Do outro lado a Ucrânia, cujo único jogador de renome atuou entre 1999 e 2006 no time italiano do Milan e está de saída para o inglês Chelsea. Shevchenko é um dos quatro “estrangeiros” na Ucrânia. O atacante Voronin joga na Alemanha e outros dois jogam na Rússia, que fazia parte da antiga União Soviética junto com Ucrânia e vários outros países.

Logo aos seis minutos de jogo, Zambrotta tabelou com Totti (uma espécie de Ballack ou Beckham italiano, mas sem braçadeira de capitão) que devolveu com um passe de letra tão tosco quanto eficiente, ao menos para enfrentar um defensor que disputa o “competitivo e prestigiado” campeonato da Ucrânia. O dito tentou um carrinho e passou direto. Zambrotta soltou uma bomba, ainda que defensável, de fora da área e abriu o placar.

Durante todo o primeiro tempo os chutes pouco pretensiosos de Tymoschuk, Shevchenko e Shelayev são tudo que os ucranianos conseguem mostrar. A Itália, nem isso.

Veio o segundo tempo e a comedia farsesca italiana deu as caras logo no primeiro minuto, quando a bola bateu na coxa do capitão Cannavaro e este foi ao chão, como se a bola tivesse atingido as suas. Tome jogo parado e atendimento médico, a Itália estava ganhando mesmo.

Logo depois a Ucrânia conseguia o primeiro escanteio do jogo. Não do time ucraniano, mas do jogo mesmo. Surgiu depois de uma confusão na área italiana com o zagueiro Barzagli tentando usar a canela para tirar e quase fazer contra.

Na cobrança, cruzamento na área, Camoranesi não sobe e Gusin cabeceia no canto para a espetacular defesa de Buffon, que bate com a cabeça na trave. Fellini adoraria a cena.

Aos doze minutos, outra cena típica de comédia italiana. Mylovski pega a sobra de um chute de Shevchenko, pára e percebe a entrada de Gusev, que chuta cruzado para a boa defesa de Buffon. No rebote, Kalinichenko chuta e Zambrotta tira de peito, com a bola ainda batendo na trave.

Dois minutos depois, escanteio cobrado curto, Totti levanta na área, Cannavaro impedido tenta cabecear, mas é Luca Toni que acerta e marca, de cabeça, o segundo gol da partida.

Aos 16, outro lance incrível: Kalinichenko cruza na área italiana para a cabeçada pouco pretensiosa de Gusin. A bola sobe e cai no travessão de Buffon antes de ir para fora.

Aos 23 minutos, o terceiro gol italiano: depois de marcar um gol para sua seleção e evitar outro, Zambrotta foi até alinha de fundo, driblou Vaschuk e cruzou para Luca Toni fazer o gol mais fácil de toda a sua carreira.

A ultima vez que a Itália havia marcado três gols num jogo de Copa havia sido contra Camarões, em 1998 e antes disso na Coréia do Sul em 1986. Ambas na primeira fase

Quase foram quatro, mas Totti resolveu dar um toque no mínimo displicente após receber livre de Toni e ficar frente a frente com o goleiro Shovkovskyi. O “ótimo” locutor global Rogério Correa ensaiou uma rasgação de seda para o lance (“olha que beleza o toquinho do Totti para o gol”) e o replay logo em seguida mostrou que o italiano fez uma boa m...

Os italianos voltam a uma semifinal, doze anos depois. Em 1998 e 2002 foram eliminados pelos anfitriões França e Coréia do Sul, nas quartas e oitavas-de-final, respectivamente. Agora têm de novo os anfitriões pela frente na partida que vai envolver dois países cheios de títulos mundiais em seu passado e escândalos de manipulação de resultados no presente (a Alemanha em 2004 e a Itália em 2006). Além disso, denuncias de compra de votos marcaram a escolha da Alemanha como sede da Copa 2006.

Qual dos dois vai roubar, ops, jogar mais e chegar à final? Dia 04 de julho, a resposta.

PS: mais pitacos, já que acertei ao menos quem passaria. A Alemanha sem (muito) roubo e a Itália sem (tanta) dificuldade. Mudo meu pitaco sobre Inglaterra x Portugal, acha que o juiz vai roubar para os ingleses e evitar a 12ª vitória seguida de Felipão e a 5ª seguida de Portugal. Para também evitar que Felipão domine o mundo que as semifinais envolvam apenas campeões mundiais, como em 1970 e 1990. Na primeira, Alemanha e Itália fizeram uma das semifinais e Brasil e Uruguai a outra. Em 1990, Itália x Argentina de um lado, Alemanha x Inglaterra do outro. Desta vez, Brasil x Inglaterra farão a outra semifinal, com a pilantragem igualmente em campo, já que o Brasil teve escândalo de arbitragem e manipulação de resultados e a Inglaterra é o país das casas de apostas.

Eliminação com a cara da Argentina (Alemanha 1(4)x1(2) Argentina)

Berlim recebeu a primeira partida válida pelas quartas-de-final da Copa do Mundo. De um lado a anfitriã Alemanha, quatro vitórias, dez gols marcados e um sofrido. Do outro, a Argentina, três vitórias (uma delas na prorrogação), um empate, e também dez gols marcados (sendo seis deles na Sérvia e Montenegro).

Mesmo com todos estes ingredientes, o primeiro tempo da partida foi algo abaixo de soporífero. Com quase 70% da posse de bola, a Argentina não conseguiu criar nenhuma grande jogada de perigo para o goleiro Lehmann. Do lado alemão, apenas uma cobrança de falta de muito longe feita por Podolski aos sete minutos, que Abbondanzieri defendeu em dois tempos. Além de uma cabeçada de Ballack que só assustou o “ótimo” locutor global Cléber Machado.

Veio a etapa complementar e Cléber Machado não perdeu a oportunidade de alfinetar o maestro argentino Riquelme quando este caminha com a bola embaixo do braço para cobrar um escanteio: “ele tá desfilando”.

Riquelme cobrou o escanteio olhando para bola e sem olhar para a área. Os nove jogadores alemães não tiraram os olhos dela (a bola) e não viram a chegada do zagueiro Ayala, um dos quatro argentinos na área. Ele literalmente voou para meter a cabeça na bola e abrir o placar.

Pela primeira vez em desvantagem no placar, A Alemanha não conseguia reagir e a Argentina ganhava tempo. Só em atendimentos ao goleiro Abbondanzieri, que levou uma joelhada não-intencional de Klose, foram seis minutos, divididos em duas oportunidades. O arqueiro acabou dando lugar ao reserva Franco.

Aos 25 minutos, o erro fatal do técnico argentino Jose Pekerman: a substituição do meia ofensivo Riquelme pelo volante Cambiasso, nitidamente para reforçar a marcação. Um a zero numa Copa do Mundo, contra os anfitriões, não é placar para isso.

Logo depois, o lateral-esquerdo Lahm bobeou e tocou mal uma bola na frente de sua área: Crespo não a dominou, mas Tevez sim e passou a Maxi Rodriguez, que chutou para fora.

Faltando dez minutos para o final do tempo regulamentar, o castigo: Ballack cobra lateral para Odonkor (que substituiu Schneider), recebe de volta e cruza na área: Borowski (que substituiu Schweinsteiger) raspa de cabeça e Klose, que mal tinha tocado na bola, mergulha para marcar seu primeiro gol de cabeça na Copa, chegando aos cinco na atual edição. Somados aos cinco que marcou em 2002, chega aos dez. Apenas Ronaldo “Fenômeno” marcou mais do que ele e ainda está em atividade.

Ayala fez pênalti em Klose, o juiz não marcou e Maxi Rodriguez se jogou para ganhar um pênalti e ganhou um amarelo. Mas o juiz roubou de qualquer jeito, disseram os argentinos.

Por mais que o restante da partida, incluindo a prorrogação, quisesse enganar, todos absolutamente todos no estádio, incluindo os telespectadores, sabiam que nenhum dos dois times voltaria a marcar. Por falta de qualidade ou quem sabe, de coragem, que ambos demonstraram nitidamente durante os mais de 120 minutos de bola rolando.

Embora uma bola alçada despretensiosamente pelo zagueiro cabeludo argentino Collocini alçou despretensiosamente na área de Lehmann. O goleiro fez golpe de vista e teve a visão da bola batendo de leve no travessão. Coisa de argentino.

E a partida foi para os pênaltis.

Deixo que o grande jornal argentino Olé expresse minha “mensagem de solidariedade” aos hermanos.

Lehmann le atajó a Ayala y a Cambiasso y Alemania se clasificó a las semifinales de la Copa del Mundo. Los 90 minutos reglamentarios terminaron 1 a 1. Y los 30 suplementarios también. Ayala había puesto en ventaja a la Selección, de cabeza, luego de un corner de Riquelme. Los locales llegaron al empate con dos cabezazos en el área, el segundo de Klose. El árbitro eslovaco los favoreció y cobró todo para ellos. Abbondanzieri se lesionó y fue reemplazado por Franco. Riquelme y Crespo dejaron sus lugares a Cambiasso y Cruz.

Sim, o juiz roubou a Argentina, como sempre eles dizem. De fato, o eslovaco Lebos Michel inverteu uma ou outra falta, mas nada que pudesse interferir gravemente num time de qualidade ou poder de decisão. E isso, como já foi dito, não foi mostrado por nenhuma das equipes. Foram para os pênaltis e aí deve ter valido o abraço que o goleiro vice-campeao de 2002 e agora reserva Oliver Khan deu no seu (ex?)-desafeto Lehmann antes das cobranças.

Após a cobrança de pênaltis, o zagueiro argentino Cufré, que estava no banco de reservas durante o jogo, agrediu com um chute o alemão Mertesacker e tomou o cartão vermelho, desencadeando um tumulto entre jogadores das duas equipes.

Assim são os argentinos sem Maradona em campo. Previsíveis. Nem na torcida o craque estava, ao menos a transmissão de TV não mostrou.

Thursday, June 29, 2006

Palpitando sobre as quartas-de-final

Alemanha x Argentina:
Por mais que os corintianos torçam para Tévez & Cia., serão os primeiros campeões a darem adeus ao mundial com o consolo de ter obtido a maior goleada da Copa. Todos sabem bem por que: porque os alemães são os donos da casa e não vão querer Maradona comemorando em solo alemão. Caso vençam os alemães no campo, terão que vencê-los depois, nas arquibancadas. E além do mais, só existem duas formas de a Argentina ganhar uma copa: “jogando” em casa e com Maradona em campo. Com ele nas arquibancadas e os "hermanos" fora de casa...

Itália x Ucrânia:
Se a Itália mostrar a mesma competência nas finalizações apresentada contra a Austrália (ou seja, nenhuma), a Ucrânia tem boas chances de levar o joga para a prorrogação, os pênaltis e ter a chance de ser eliminada heroicamente pelos donos da casa na semifinal. Mas a Itália vai vencer com gol de algum meio-campista (aposto em Gattuso) e será eliminada pelos anfitriões, como nas duas ultimas Copas.

Ou seja, um dos finalistas será conhecido pouco antes das 14h00min, no horário de Brasília, ou por volta das 14h30min, em caso de prorrogação e pênaltis. Lá do outro lado da tabela...

Inglaterra x Portugal:
Os medíocres ingleses não serão páreos para os guerreiros de Felipão, apesar do bom estrago que os holandeses fizeram, com a pancada em Cristiano Ronaldo e a expulsão de Deco. Com eles e Figo, Portugal se torna um time competitivo. Apenas com Figo e um Cristiano Ronaldo à meia-bomba fica mais difícil. Mas Felipão é Felipão e o técnico sueco da Inglaterra é um medroso, assim como o time. Já perderam para Felipão com o Brasil e para Felipão com Portugal e vão perder de novo. Se der zebra e Felipão perder, foi roubo do juiz ou de alguém ligado às casas de apostas de Londres ou porque não querem que Felipão bata mais recordes de vitórias seguidas. Por falar em apostas, por que será que não houveram escândalos recentes nessa área na Inglaterra e sim na Alemanha (2004), Brasil (2005) e Itália (2006)?

Brasil x França:
Enquanto torcedores brasileiros esperam pelo futebol arte (ô, povinho estranho... o time faz dez gols em quatro jogos e eles ainda reclamam) que deu uma inesquecível vitória em 1958 (quando ainda não existia TV em cores nem sequer transmissão de TV para o mundo inteiro), os franceses falam com autoridade de 1986, onde marcaram o único gol sofrido pelo Brasil naquela Copa e depois eliminou a canarinha nos pênaltis. E mais ainda da final de 1998, um passeio que muitos dizem que foi um circo onde os brasileiros forma os palhaços. Mas como diria ou já disse Zagalo*, “ninguém pode com a forca do futebol pentacampeão”. Os franceses saem na frente com gol de cabeça de Zidane e o Brasil tem um gol de Ronaldo injustamente anulado no primeiro tempo. No segundo, Ronaldo não faz gol, mas o Brasil vira o jogo com Juninho Pernambucano e Ronaldinho Gaúcho, exorciza o fantasma francês e manda Zidane para o INPS.

*Zagalo também é conhecido como Mun-Rá, o de vida eterna.

Assim ficariam então as semifinais:

Alemanha x Itália:
Depois de vingar (de novo) a final de 1986, os alemães vão vingar 1982 e vencerão a Itália, esperando vingar-se de 2002 contra o Brasil ou contra Felipão (para quem não lembra, era o técnico brasileiro em 2002) na final.

Brasil x Portugal:
Criador x criatura, não se sabe se a seleção brasileira criou Felipão ou vice-versa. Ambos vão disputar, para os alemães mais otimistas, o título de vice-campeão antecipado. Caso Felipão tenha ficado pelo caminho contra a Inglaterra, estes ainda podem ter a chance de derrotar uma seleção brasileira pela primeira vez numa Copa (e olhe que já jogaram quatro vezes) e provar que conseguem ganhar da Alemanha na casa deles e sem “erro” da arbitragem.

Para saber mais, leiam o texto “A “teoria da conspiração””, em http://blogdojuca.blog.uol.com.br/

Desculpem, não estão inserindo o link, então naturalmente copie e cole na barra de endereço do seu navegador...

Tuesday, June 27, 2006

Será que Zidane estava escondendo seu futebol? (Espanha 1x3 França)

A capa do jornal espanhol Marca trazia em sua manchete de 27 de junho de 2006: “Se tu tienes medo, Francia tiene Pánico!”. A frase referia-se à partida entre as seleções nacionais de futebol de Espanha e França, válida pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo. Amabas as seleções jamais haviam se enfrentado pelo torneio.

A renovada selecao da Espanha surpreendeu até os mais otimistas (poucos, a bem da verdade) torcedores com uma campanha irretocavel na fase de grupos. Estreou com goleada de 4x0 sobre a Ucrânia, garantiu a vaga vencendo a Tunísia de virada por 3x1 e consolidou os 100% de aproveitamento com a vitoria de sua equipe reserva sobre a Arábia Saudita pelo escore mínimo.

Já a envelhecida (e até decadente, para os mais radicais) França estreou com um empate sem gols diante da Suíça, seguido de outro em 1x1 com a Coréia do Sul e classificou-se com uma até certo ponto suada vitória de 2x0 sobre o já eliminado Togo.

Antes da partida em Hannover, uma curiosidade: a troca de flâmulas entre os capitães das equipes envolveu Raúl e Zidane, colegas de equipe no todo-poderoso (em termos financeiros, no momento) Real Madrid. Raúl chegou à Copa como reserva e comemorava seu 29º aniversário na partida de oitavas-de-final.

Zidane chegou à Copa anunciando que se retiraria definitivamente dos gramados após o apito final da última partida de sua seleção no torneio e não atuou na única vitória de sua equipe até ali. Tinha tomado dois cartões amarelos nas primeiras partidas.

A Espanha fez 19 finalizações em sua primeira partida, 24 na segunda e novamente 19 na terceira, uma média de mais de 20 por jogo. Contra a França finalizou apenas sete vezes.

A França finalizou nove vezes na estréia, quinze na segunda partida e dezessete na terceira, uma média de pouco mais de 13 por jogo. Na partida de oitavas-de-final, finalizou nove.

A Espanha finalizou primeiro numa falta cobrada por Pernía aos nove minutos de jogo que passou muito perto do ângulo do goleiro Barthéz. A mesma saiu na frente no placar nalti infantil do experiente Thuram em Pablo, a um metro do árbitro. David Villa cobrou bem no cantinho direito de Barthéz, aos 28 minutos.

A França não se abateu, a até então sólida defesa espanhola (um gol em três jogos) deu bobeira e permitiu que o jovem e arisco meio-campista francês Ribery tabelasse com seu colega Vieira e mostrasse porque vem sendo apontado pelos mais entusiasmados como sucessor de Zidane. Não se sabe se seu drible ou sua horrível cicatriz no rosto assustaram o bom goleiro Casillas que ficou para trás e foi buscar a bola na rede aos 41 minutos.

Veio o segundo tempo e o francês Malouda resolveu arriscar de fora da área, só para ver qual era a de Casillas, que mandou para escanteio sem problemas. Ribery também aprontou das suas e cruzou uma bola que atravessou toda a área espanhola, implorando para ser chutada por alguém.

O espanhol Joaquín entrou na partida aos nove minutos da etapa final e aos 33 entrou na área espanhola para tentar entra para a história com um chute que passou perto do gol de Barthéz. Parecia que ambas as equipes já estavam de acordo que a prorrogação seria inevitável.

Mas quando Henry sofreu falta de Puyol na intermediária de ataque, Zidane levantou a bola na área, Xabi Alonso cortou mal de cabeça, Patrick Vieira cabeceou fraco e a bola desviou no zagueiro espanhol Sergio Ramos, a França virou o placar a sete minutos do fim da partida.

Era muita pressão para o jovem time espanhol, que repetiu a sina histórica da selecao da Espanha de sempre fraquejar em partidas decisivas.

Com o tempo regulamentar esgotado, Zidane fez uma falta boba na frente do juiz e recebeu seu terceiro cartão amarelo na Copa.

Parecendo perceber que quase nada tinha feito por seu time até ali, resolveu pegar uma bola no meio, avançar até a área, dar um drible “zidânico” em Puyol e disparar um chute ainda mais “zidânico” contra seu colega de Real Madrid Casillas, também capitão de seu time naquele momento, já que Raúl tinha deixado o campo. Casillas caiu para o lado oposto de onde a bola entrou no gol.

A França precisou das três partidas da primeira fase para marcar três gols. A Espanha tinha levado apenas um gol nos seus três jogos. Em 90 minutos a França fez o mesmo número de gols que tinha feito em 270. Nos mesmos 90 minutos, a Espanha tomou três vezes mais gols do que nos seus respectivos 270.

Como é louca a tal matemática do futebol.

PS: transcrevo aqui a notícia do Marca, em seu site, após a derrota espanhola:
Sueño Roto
Se acabó el sueño. España fue eliminada del Mundial de Alemania al caer en octavos de final ante Francia (1-3). Villa adelantó a España de penalti, pero la selección gala remontó con tres goles de Ribery, Vieira y Zidane. Esta vez, no pudimos llegar ni a cuartos de final y nos volvemos a casa... como siempre.*


*quem habilitar-se a traduzir terá meus mais sinceros agradecimentos. E vai dar uma boa risadinha sádica também

Não há espaço para as zebras na Alemanha (Brasil 3x0 Gana)

Numa Copa do Mundo de poucas surpresas, Brasil e Gana entraram no gramado do Fifa World Cup Stadium de Dortmund para a penúltima partida da fase de oitavas-de-final com a expectativa de uma partida com duas equipes jogando no ataque.

Apesar das críticas, o técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira escalou o time da estréia, com Roberto Carlos e Cafu, dois laterais incapazes de marcar e apoiar e Ronaldo e Adriano, dois atacantes fixos e Emerson, volante que não parece estar em sua melhor forma física e técnica.

Quando todos esperavam que a seleção de Gana viria para cima do Brasil logo no início da partida, eis que o mágico Ronaldinho Gaúcho (com este esquema, bem menos mágico) tirou de sua cartola um belo lançamento para seu xará, agora um pouco menos gorducho, em posição legal. Mas o árbitro eslovaco Lubos Michel viu impedimento. O relógio marcava dois minutos de partida.

Os brasileiros nem tiveram muito tempo para lamentar, pois antes que se completassem cinco minutos, Kaká avançou no meio campo e fez um passe rasteiro perfeito para Ronaldo, que correu ate alcançar a bola, ficou de frente para o goleiro Kingson, deu sua manjada pedalada para o lado direito, o goleiro caiu e foi só puxar para o lado oposto e nem a chegada de Pantsil evitou que o centroavante abrisse o placar da partida e marcasse seu 15º gol em Copas do Mundo. Nenhum outro fez mais que ele.

Cai, na Alemanha, um recorde estabelecido há 32 anos pelo alemão Gerd Muller na Copa de 1974, disputada também na Alemanha.

Antes que Gana pudesse respirar, Adriano recebeu aos 12 minutos em circunstancias semelhantes à Ronaldo, tentou driblar o goleiro que nem Ronaldo, mas jogou-se na área, como Ronaldo não fez. Trocou o gol por um cartão amarelo.

Gana tentou aos 18, num chute longo de Draman que o goleiro Dida mandou para escanteio. Aos 23 e 28, Amoah teve boas chances, chutando muito perto da trave na primeira e em cima de Dida na segunda.

O Brasil voltou a ameaçar logo depois, numa bola alçada na área por Ronaldinho que Emerson não acertou a cabeçada e o goleiro defendeu. No escanteio, Lucio cabeceia no segundo pau e Kaká não aproveita.

Aos 34, o meio-campista Appiah acerta mais um de seus excelentes passes e Asamoah Gyan briga, tropeça e consegue chutar. Por cima e sem perigo. Sete minutos depois, a grande chance do empate, numa cabeçada de Mensah que Dida, meio no susto, defende com o pé direito.

Nos acréscimos da primeira etapa, o zagueiro Lúcio avançou com a bola dominada ate pouco depois do meio-campo e passou para Kaká na direita, que deixou para Cafu cruzar, a bola desviar em Shilla e Adriano, impedido, mandar de joelho para o gol e marcar o 200º da seleção brasileira em Copas do Mundo.

O erro da arbitragem levou o técnico de Gana Radomir Dujkovic a perguntar ao árbitro se ele estava vestido com a camisa do Brasil embaixo do uniforme. Ele e seu auxiliar acabaram sendo expulsos.

No segundo tempo, o Brasil procura esfriar o ímpeto de Gana, que continua criando boas chances e esbarrando na qualidade duvidosa de seus atacantes e nas boas (e fáceis) defesas de Dida. Na defesa, Gana consegue mostrar-se ainda pior do que no ataque, deixando verdadeiros rombos cujo aproveitamento era só uma questão de tempo.

A dez minutos do final, Asamoah Gyan recebeu mais um passe de Appiah e se jogou na área. Como já tinha amarelo, recebeu o 25º cartão vermelho da Copa. Um minuto antes, Juninho cruzou na área de Gana e Pantsil cabeceou contra o próprio gol e o goleiro Kingson te vê que se virar.

O golpe final veio aos 39 minutos, quando Ricardinho (que substituiu Kaká) fez um bom lançamento para Zé Roberto, livre, dar um toquinho com a sola da chuteira para tirar do goleiro Kingson e ficar com a meta livre à sua frente, pensar em tocar de letra, mas mudar de idéia, em nome do “fair play”.

O Brasil ainda teve a chance de golear, por três vezes: num chute cruzado de Ronaldo que Kingson defendeu, numa bola que Cafu recebeu livre dentro da área e tentou encobrir o goleiro quando Ronaldinho (que reclamou muito no lance) fechava livre pelo meio; e num passe de letra de Ricardinho para o zagueiro Juan, que bateu mal e permitiu a defesa do goleiro de Gana.

E o continente africano, pródigo em “zebras” e que sempre chega às oitavas-de-final desde 1986 (em 1990, Camarões foi às quartas e por muito pouco não foi semifinalista), vai ter que esperar até 2010 para tentar fazer história em Copas do Mundo. Até porque lá é que o torneio vai acontecer, na África do Sul.

Monday, June 26, 2006

Suíça, a primeira boa piada da Copa (Suíça 0(0)x0(3) Ucrânia)

É possível um time ser desclassificado de uma competição sem tomar gols? Pode até ser, mas que é raro, isso é. Pois a Seleção da Suíça, bem como sua tradição de país política e supostamente neutro, conseguiu.

Chegaram à Copa sem muito alarde, com a vaga conseguida numa repescagem contra a Turquia, terceira colocada no mundial de 2002. Ganhou de 2x0 a primeira partida, em casa, e perdeu de 4x2 na capital turca, numa partida em que os jogadores quase são linchados pelos torcedores turcos. Por terem marcado fora de casa, se classificaram.

Na Copa, caiu num grupo fácil. Empatou sem gols com a confusa França, venceu a fraca Coréia do Sul e o confuso, fraco e estreante Togo, ambos por 2x0. Como a favorita França apenas empatou com os coreanos, a Suíça classificou-se em primeiro lugar e foi até a cidade de Colônia para disputar uma vaga nas quartas-de-final contra a Ucrânia.

Durante todo o primeiro tempo, nada além de uma bola na trave de cada time. A Ucrânia mandou primeiro aos 21, numa cabeçada de Shevchenko em que a bola subiu e acertou o travessão; três minutos depois, o suíço Frei capricha tanto na cobrança da falta que quase acerta a quina esquerda da meta ucraniana. Ela foi um pouco mais à direita e bateu no travessão mesmo. E foi só.

Às vezes, tanto atacantes quanto defensores ajeitavam a bola com a mão, mas o juiz Benito Archundia não marcava nada para não deixar a partida mais modorrenta. Um dos jogadores, o suíço Cabanas, até a usou para proteger o rosto numa cobrança de falta de Shevchenko, aos 14 já do segundo tempo. E a barreira estava dentro da área.

Numa partida cujo primeiro cartão amarelo saiu para o suíço Barnetta, que fez a falta cuja cobrança foi descrita no parágrafo anterior, o melhor lance tinha que vir da combinação telão do estádio + transmissão da TV. Aos 26 minutos, ambos mostraram um grupo de torcedores e um deles, no canto inferior direito da tela vestia a camisa do Sport Club do Recife.

Durante o restante do jogo, como em todo ele, Ucrânia e Suíça alternaram-se em trocas de passes curtos entre seus respectivos jogadores que sempre terminavam com a bola afastada ou recuperada pela defesa adversária.

Veio então a prorrogação, que não passou de mera formalidade, pois ambos os times poderiam jogar por dias e dias sem parar, com os jogadores de linha morrendo de cansaço e os goleiros, de tédio. O gol não iria sair nem de um lado, nem de outro.

A Suíça chegou à decisão por pênaltis depois de ficar quatro jogos e uma prorrogação sem tomar gol. 390 minutos, ou 400, arredondando com os descontos.

A Ucrânia abriu a cobrança de pênaltis e o craque Shevchenko bateu no canto direito do goleiro Zuberbuehler, que continuou sem tomar gols.

Mas Streller cobrou um dos pênaltis mais ridículos da história das copas e Shovkovskyi também defendeu. Nem Suíça nem Ucrânia conseguiam fazer gols, nem nos pênaltis.

Até que o jovem Milevskiy, que entrou nos instantes finais da prorrogação, esperou Zuberbuehler cair para o seu mesmo lado direito e mandou um balãozinho fraco no meio do gol, à la Djalminha. Barnetta, que tomou o único cartão amarelo do jogo, tem a chance de empatar e manda uma bomba no travessão.

Rebrov também espera Zuberbuehler cair para o seu mesmo lado direito e manda no lado oposto. Cabanas, que dentro da área usou a mão para proteger o rosto de um chute, cobra quase tão mal quanto seu colega Streller, e Shovskovskyi também defende. Em meio aos jogadores suíços, até sorrisos tão discretos quanto nervosos.

A chance de a Suíça continuar na Copa estava em Zuberbuehler defender as duas ultimas cobranças ucranianas e a Suíça converter suas duas restantes.

Esperto, desta vez Zuberbuehler caiu para o seu lado esquerdo, não o direito, onde foi a bola chutada por Gusev que deixou a Ucrânia entre os oito melhores da Copa 2006 e a Suíça eliminada após quatro partidas e uma prorrogação sem tomar um gol sequer com a bola rolando.

Vitória à italiana ou a vingança de Totti (Italia 1x0 Australia)

Ela bem que tentou aparecer, mas ainda não foi desta vez. A Copa do Mundo 2006 chegou a sua 53ª partida e nenhuma zebra apareceu. Mas ainda nas oitavas-de-final o recorde de expulsões já foi superado, bem como o de cartões amarelos. Jogo duro ou dureza da arbitragem? Vai saber.

A 53ª partida do torneio foi a quinta válida pela fase de oitavas-de-final, com as seleções de Itália e Austrália disputando uma vaga entre os oito melhores. Além dos times, havia também um duelo particular: Itália x Guus Hiddink, o técnico holandês que antes de assumir a seleção australiana treinava a da Coréia do Sul. O time que eliminou a Itália, também nas oitavas-de-final da Copa de 2002, num jogo bastante conturbado.

Dispostos a não deixarem a zebra passear, os italianos partiram logo para cima e antes dos dois minutos Del Piero já estava cruzando da esquerda para uma cabeçada perigosa de Luca Toni.

O outro atacante italiano, Gilardino, teve uma boa chance aos 19, num voleio não tão bem executado que o goleiro Schwarzer mandou para escanteio. Luca Toni teve outra boa chance aos 19, ao receber um lançamento de Pirlo, virar e chutar forte para a defesa, como o pé, de Schwarzer.

O primeiro ataque australiano veio logo depois, numa cobrança de falta cuja bola foi alçada na área e Viduka cabeceou forte, mas em cima do goleiro Buffon, que agarrou a bola sem dificuldades.

No melhor estilo inglês, a Austrália quase chegou ao gol noutra bola alçada na área, que sobrou para Chipperfield chutar em cima de Buffon, que defendeu em dois tempos.

Luca Toni, que até agora só veio à Copa para perder gols, desperdiçou outra chance aos 33 depois de receber um lançamento de Del Piero, matar a bola no peito e virar para o gol, mas Chipperfield bloqueou a tempo. Logo depois, Pirlo lançou na linha de fundo, Perrotta ajeitou de cabeça e tome Luca Toni cabeceando errado de novo. Nada mais que fosse digno de registro aconteceu no primeiro tempo.

Aos três minutos da etapa final, Iaquinta (que substituiu Gilardino) cruzou rasteiro da direita, a bola bateu em Perrotta e sobrou para Toni perder mais um gol, chutando por cima.

Dois minutos depois, a 24ª expulsão da Copa 2006 (duas a mais do que em toda a Copa de 1998, que detinha o recorde até então): Materazzi fez falta em Bresciano, na intermediária defensiva italiana. Apesar de mal merecer amarelo e ser a primeira falta do zagueiro italiano, o árbitro Luis Medina Cantalejo deu vermelho direto. E olhe que no lance Materazzi atingiu mais um companheiro de equipe do que o adversário.

Com um a menos no time, Luca Toni perdeu a chance de perder mais gols e foi substituído pelo zagueiro Barzaglia. Então a Austrália começou sua ofensiva à inglesa, repleta de bolas alçadas na área, chutes de longa distância e certa afobação nas conclusões, como a de Chipperfield, livre dentro da área, chutando em cima de Buffon aos 13 minutos.
A Itália respondeu com uma falta de longa distância que Pirlo cobrou bem, mas Schwarzer mandou para escanteio aos 20 minutos.

Dez minutos depois, Totti substituiu Del Piero, que dificilmente agüentaria jogar a prorrogação, quando e se ele viesse.

Nos dez minutos seguintes à entrada de Totti no jogo, a Austrália teve chances com Bresciano, duas vezes, Cahill e Viduka. Apenas aos 41, num bate-rebate na área australiana, a bola sobrou para Iaquinta soltar o pé-de-pluma sem dificuldade para Schwarzer. Três minutos depois, Aloisi teria feito um gol espetacular, se não tivesse acertado o vento na tentativa de bicicleta.

A Itália caminhava para disputar sua décima prorrogação de Copa do Mundo (só de 1990 para cá foram cinco) e o zagueiro Grosso avançava ao ataque, desesperado para mantê-la lá. Foi então que o australiano Neill fez jus ao nome do adversário e deu um carrinho no mínimo imprudente dentro da área (ou ele achou que um zagueiro de nome Grosso poderia fazer alguma jogada de habilidade?). Aos 47 do segundo tempo.

O australiano acertou bola, adversário, grama e tudo. Pênalti não foi, mas o juiz achou o contrário e apontou para a marca fatal. Totti iria para a cobrança tentar fazer seu primeiro gol em Copas.

Em 2002, no famigerado jogo contra a Coréia do Sul, ele sofreu um pênalti legitimo não marcado e ainda foi expulso por simulação. Sua vingança pessoal e a de toda a Itália estavam para acontecer. Um chute forte, sem chances para o goleiro Schwarzer e Totti corria, com o dedo polegar na boca, para homenagear o filho.

A bola nem foi reposta no centro do campo e a Itália passou às quartas-de-final.

Sunday, June 25, 2006

Mais seis notas sobre a Batalha de Nuremberg (Portugal 1x0 Holanda)

Mesmo depois de finalizar o (longo) texto sobre o jogo entre Portugal e Holanda, há algumas outras informações que julguei pertinente registrar:

- Os 12 cartões amarelos e as 4 expulsões fizeram desta partida a mais violenta de toda a historia das Copas do Mundo.
- Frequentemente acusado por seus detratores de estimular a violência em campo, foi a primeira vez que Luis Felipe Scolari teve jogadores expulsos após três anos e meio no comando da seleção portuguesa.
- A julgar pelo comportamento passivo e complacente com seu time, pode-se dizer que Marco Van Basten como treinador é um ótimo centroavante.
- O atacante Ruud Van Nistelrooy, que ficou no banco e não foi aproveitado numa partida em que ele poderia ser muito útil, pode ter tido a ultima chance de disputar uma Copa do Mundo. Ele completa 30 anos em 1º de julho.
- O anti-jogo holandês certamente fez com que a “Laranja Mecânica”, perdesse muitos de seus admiradores. Assim como a não utilização da cor-símbolo da equipe e da família real no uniforme reserva, usado contra Portugal.
- A limpeza étnico-etária promovida por Marco Van Basten não deu resultado. Os veteranos Seedorff, Davids e Stam fazem falta em qualquer time do mundo. E uma seleção holandesa com poucos atletas negros é quase um insulto ao único titulo importante conquistado pela Holanda (a Eurocopa de 1988), onde o próprio Van Basten (branco), Gullitt e Rjikaard (negros) davam as cartas.

Felipão vence a Batalha de Nuremberg (Portugal 1x0 Holanda)

Em geral, é mais fácil para um time de futebol evitar gols do adversário do que marcar contra eles. Essa afirmação, mesmo com toda sua carga de ingenuidade e reducionismo, se mostra escancaradamente verdadeira quando se está diante dos times treinados por Luís Felipe Scolari, o Felipão.

O primeiro e provavelmente por muito tempo o único técnico a vencer onze partidas de Copa do Mundo seguidas.

Depois de alcançar sete vitórias e o titulo pela seleção brasileira em 2002, Felipão igualou-se ao italiano Vittorio Pozzo, que obteve a marcas nas copas de 1934 e 1938. Com mais duas vitórias, Felipão igualou a marca da seleção portuguesa de três vitórias na primeira fase, que perdurava desde 1966.

Com menos de um minuto de jogo contra a Holanda, ele viu do banco uma boa troca de passes dos holandeses Robben, Kuyt e Van Bommel na frente da grande área de seu time. O chute forte de Van Bommel passou muito perto do gol português.

Antes dos dois minutos, o mesmo Van Bommel recebeu cartão amarelo por uma falta dura no garoto Cristiano Ronaldo, no meio-campo. Indício de que o risco de pancadaria não poderia ser desprezado.

Antes de mais pancada, Robben tentou dois chutes sem perigo e Van Brockhorst cobrou uma falta. Então o zagueiro Khalid Boulahrouz (holandês, apesar do nome) deu uma entrada talibânica com as travas da chuteira na coxa de Cristiano Ronaldo. O péssimo juiz russo Valentin Ivanov deu apenas cartão amarelo, o segundo em apenas sete minutos de jogo.

Os holandeses ainda devem ter muita raiva de Cristiano Ronaldo pelo gol de cabeça que ele marcou contra a Holanda na semifinal da Eurocopa 2004, que desempatou a partida e colocou Portugal na decisão.

Aos 14 minutos, Van Persie mandou um chute perigosíssimo de fora da área, quase abrindo o placar. Depois, Miguel chutou a bola para cortar um ataque holandês e quase marcou contra.

Van Bommel, autor da primeira falta da partida e que tomou o primeiro cartão, recebe o troco de Maniche, que também recebeu amarelo pela falta que cometeu no holandês aos 21 minutos. Em todo o jogo, 12 jogadores foram punidos com amarelo. 5 holandeses e 7 portugueses.

Dois minutos depois, Cristiano Ronaldo, mancando e cercado por quatro adversários, passou para Deco, que cruzou na área. Pauleta recebeu e tocou para trás, de onde vinha Maniche, que driblou Ooijer e chutou sem chance para o goleiro holandês Van der Saar. Este completava 113 partidas por sua seleção, superando o recorde do zagueiro Frank de Boer. Foi a segunda finalização portuguesa no jogo.

Quatro minutos depois, na terceira tentativa portuguesa, o mesmo Maniche mandou por cima do travessão, com perigo. Cristiano Ronaldo, que deixou o campo aos prantos aos 34 minutos, ainda teve tempo para, sete minutos antes, dar um passe de letra para Maniche no meio-de-campo, só para provocar.

A Holanda tentou empatar aos 28 num chute de Robben e aos 36, numa jogada onde Van Persie deixou dois adversários no chão com um único drible e chutou cruzado para fora. Pauleta tentou aumentar num chute de virada aos 44.

Os holandeses reclamaram, com justiça, um pênalti em Kuyt, depois que Nuno Valente acertou-lhe um chute no melhor estilo Van Damme.

Nos descontos da etapa inicial, Costinha meteu a mão na bola e tomou vermelho. Antes, quando já tinha amarelo, acertou uma pancada com cada perna num adversário, no mesmo lance.

Logo aos três minutos da etapa final, a grande chance do empate holandês: Robben cruzou, Van Bommel tentou de bicicleta e a bola sobrou para Cocu, pouco antes da linha frontal da pequena área, acertar o travessão do goleiro Ricardo. Dois minutos depois, Van Bommel arriscou de fora da área e Ricardo pulou mal para defender, quase tomando um frangaço. Os deuses do futebol estavam mesmo com Felipão.

Figo e Maniche de um lado, Sneijder do outro, as tentativas se sucediam, o placar não mudava e a 11ª vitoria seguida de Felipão em Copas do Mundo. Mas nem sempre só de futebol se faz uma partida de futebol.

Numa confusão próxima a área holandesa, Figo acertou uma cabeçada no adversário, agressão passível de expulsão. Como o árbitro estava de costas para o lance, a agressão foi apenas contada para o juiz Valentin Ivanov, e não vista, então o meia português recebeu somente amarelo.

Quando Figo e Boulahrouz disputavam uma bola na altura da área dos técnicos, o holandês ensaiou uma cotovelada no português e Felipão, atento, deve ter gritado para Figo ouvir que o adversário já tinha amarelo. Figo valorizou a cotovelada que nem pegou em cheio e caiu, teatral, se contorcendo no chão. Portugal e Holanda ficaram reduzidos a dez soldados, aliás, jogadores cada um.

Van Persie deu um drible de letra em Nuno Valente e cruzou na área aos 23 minutos. Ninguém escorou. Depois, Sneijder chutou prensado com Ricardo Carvalho e o português levou a pior.

Deco, já no campo adversário, puxava um contra-ataque interrompido pelo juiz para o atendimento ao jogador português. Os holandeses não devolveram a posse de bola, revoltando os adversários portugueses e a torcida. Na seqüência, Heitinga levou uma entrada violenta de Deco, que por sua vez levou amarelo. Início de confusão, Sneijder e Van der Vaart dão empurrões em Petit e também levam cartão.

Na batalha de Nuremberg, os companheiros no Barcelona e adversários na Copa Deco e Van Brockhorst completaram a lista dos expulsos. O português por retardar a devolução da bola ao adversário (e ganhar um chega-pra-lá cinematográfico de Cocu). Já o holandês (que já tinha amarelo por uma falta em Deco) por atingir o atacante Tiago, já no fim da etapa final, que foi até os 51 minutos.

Numa partida que teve de tudo, até futebol, os holandeses saíram da Copa como vilões, inimigos do Fair Play.

Já Portugal tentará sua quinta vitoria consecutiva numa Copa contra o mesmo adversário que evitou essa marca, quarenta anos antes: a Inglaterra. E Felipão tenta sua décima - segunda contra um técnico que é freguês seu. Sven Goran-Eriksson perdeu por 2 a 1 na Copa 2002 (até aquele momento, a quinta vitoria seguida de Felipão) e perdeu nos pênaltis na Eurocopa 2004.

Alguém ainda duvida que Felipão vença mais uma e leve Portugal às semifinais?

O medo derrotou o Equador (Inglaterra 1x0 Equador)

A seleção da Inglaterra chegou à sua 12ª Copa do Mundo com uma campanha de 51 jogos, onde conseguiu 22 vitórias, 15 empates e 14 derrotas, marcando 68 gols e tomando 45, um saldo aritmético de 23. Marcou uma média de 1,33 gols e levou 0,88 por jogo, que dá um saldo proporcional de 0,45.

Na primeira fase da Copa, a Inglaterra aumentou a estatística de jogos em três, a de vitórias em dois e a de empates em um. Nos gols marcados, mais cinco bem como mais dois sofridos. O saldo aritmético de gols aumentou para 26 e o proporcional (gols marcados por jogo) para 1,35. A proporção de gols sofridos caiu para 0,87, logo o saldo proporcional chegou 0,48 gol de diferença por jogo. Menos de meio gol.

O Equador tem uma historia mais modesta em Copas do Mundo, chegando à sua segunda participação, consecutiva. Caiu na primeira fase em 2002, ao contrário da edição 2006 do torneio. Seu histórico nas duas primeiras fases das duas edições em que marcou presença é de seis jogos, metade vitórias, metade derrotas, sem empates. Marcou sete gols e levou o mesmo número, facilitando as contas. Levou e tomou 1,17 gols por jogo, não tendo saldo algum.

Alguns desses dados seriam alterados após a partida que colocou as duas seleções frente a frente pela terceira partida de oitavas-de-final da Copa 2006. Ao menos o de partidas disputadas, já era certo, a Inglaterra chegando a 55 e o Equador a 7. Dependendo do resultado, um dos dois encerraria seu avanço histórico, ao menos nesta edição do torneio.

Aos 10 minutos de jogo, o zagueiro inglês Terry falhou ao tentar cortar o lançamento do equatoriano Espinoza, Delgado tocou para trás de cabeça e Carlos Tenório recebeu pronto para fuzilar o goleiro Robinson, mas o zagueiro inglês Ashley Cole apareceu sabe-se lá de onde para desviar o chute do atacante equatoriano, que ainda passou muito perto do travessão, indo para o escanteio. Na cobrança, com todo o time inglês dentro da área, fica mais difícil. Ainda assim os recém-eliminados suecos conseguiram fazer gol nos ingleses numa cobrança de escanteio e numa de lateral (!).

No ataque, desta vez a Inglaterra teve uma pequena (literalmente não) diferença: o grandalhão atabalhoado Croach ficou no banco. Os ingleses, que perderam Owen, só entraram com um atacante: o meia-bomba e até agora meia-boca Wayne Rooney. O jovem Theo Alcott, que foi à Copa sem nunca ter jogado pela seleção inglesa principal, continuou no banco.

Mas o jogo inglês não muda: chutes de fora da área, cobranças de falta e bolas alçadas na área, mas desta vez sem Crouch aparecendo acima dos zagueiros. Postados na defesa, os ingleses acabaram “intimidando” os equatorianos a fazerem o mesmo, sem sucesso, tornando o primeiro tempo da partida perfeito para quem sofre de insônia.

No segundo tempo, quase nada mudou. Nem a jogada do gol, que surgiu numa... cobrança de falta. Quase do mesmo ponto de onde cobrou a falta que o zagueiro paraguaio Gamarra desviou para o próprio gol e que deu a vitória aos ingleses na estréia, David Beckham fez uma cobrança perfeita aos 15 minutos da etapa final. A bola foi no cantinho direito do goleiro Mora, que jogava com uma bandeira equatoriana pintada em cada lado do rosto.

David Beckham, que joga sua terceira copa, fez um gol em cada uma delas. Em 1998, de falta, contra a Colômbia; em 2002, de pênalti, contra a Argentina. E em 2006, de falta, contra o Equador. E o gol contra do paraguaio Gamarra veio em uma cobrança do capitão inglês que passa perfume para jogar futebol. Por que será que ele não marca contra europeus?

Nos trinta minutos que faltavam, o Equador não conseguiu reagir e nem a Inglaterra golear, coisa que nunca fizeram num jogo de Copa. Seu recorde de gols numa partida é quatro, mesmo assim com dois deles na prorrogação que “decidiu” a final da Copa de 1966. Só para constar, o primeiro dos gols ingleses na prorrogação foi visto apenas pelo bandeirinha, pois a bola bateu no travessão e caiu quase um metro à frente da linha fatal. A outra vez que a Inglaterra fez quatro gols num jogo de Copa foi num empate com a Bélgica, também com prorrogação pois o jogo terminou empatado em 3 a 3.

O Equador não acreditou que poderia sair na frente no placar aos dez minutos de jogo. Ou atemorizou-se com a “tradição” inglesa, que nunca venceu sequer uma disputa de terceiro lugar jogando Copa do Mundo fora de casa e que vence suas partidas por uma média de 0,48 gols de diferença.

Ou seja, ganhando de 1x0, mais que suficiente, para os ingleses é quase uma goleada.

PS: Estatísticas do desempenho inglês em Copas do Mundo, atualizadas até a partida das oitavas-de-final de 2006. 55 jogos, 25 vitórias, 16 empates e 14 derrotas. 74 gols marcados (caiu para 1,34 por jogo) e 47 sofridos (manteve-se em 0,87). O saldo aritmético de gols aumentou para 27 e o proporcional caiu para 0,47.

Saturday, June 24, 2006

Mexicanos caem na prorrogação (Argentina 2x1 México (1x1 no tempo normal))

Na partida que as previsões davam como a maior barbada das oitavas de final, o México surpreendeu a Argentina, dominando o jogo nos primeiros minutos. Mesmo com seis zagueiros, apenas um meia e três atacantes. Mas, no que já virou um jargão batido, jogou como nunca e perdeu como sempre.

Aos dois minutos, numa cobrança de escanteio, Borgetti cabeceou com perigo ao gol de Abbondanzieri. E aos cinco, uma cobrança de falta de Pardo pela direita do ataque mexicano foi desviada de cabeça por Castro e encontrou o pé direito do capitão mexicano Rafa Márquez, que empurrou, de carrinho, para o gol.

Durante quatro minutos, o México protagonizou a primeira grande zebra de uma Copa que parece guiada pela lógica. Por quatro minutos, o México teve a chance da revanche contra os alemães, nas mesmas quartas-de-final onde, 20 anos antes, os alemães eliminaram os mexicanos na casa destes. Nada melhor do que dar o troco em pleno território germânico.

Aos 9 minutos, o início do fim do sonho asteca na Copa 2006. Um escanteio de Riquelme pela direita raspou no pé de Crespo e bateu em cheio na cabeça de Borgetti. Notório por seus gols de cabeça, desta vez o atacante mexicano errou o lado e mandou para as próprias redes. Mas o juiz suíço Massimo Busacca preferiu dar o gol ao argentino.

Na metade do primeiro tempo, Crespo teve a chance de empatar com o alemão Klose na artilharia. Cambiasso fez um excelente passe e Crespo bateu com estilo, por cima do goleiro, mas a bola foi para fora. Logo depois, os mexicanos responderam com um chute forte de Borgetti da meia-lua que Abbondanzieri mandou para escanteio.

No final da primeira etapa, Torrado percebeu o goleiro argentino adiantado e tentou por cobertura. Na cobrança curta do tiro de meta, Heinze estava de costas para o gol e não viu nem a bola nem o atacante mexicano Fonseca que tentava roubá-la. O argentino não teve duvidas e fez a falta, erradamente punida apenas com cartão amarelo.

Aos nove do segundo tempo Borgetti receberia uma bola perfeita para uma cabeçada perfeita, mas o pé de Sorín evitou, num lance curioso. A bola chutada pelo capitão argentino acertou em cheio o rosto do atacante e foi em direção ao gol, sendo defendida por Abbondanzieri.

A partir daí, começou o domínio argentino, com boas chances de Maxi Rodriguez, Saviola e Riquelme, que quase marcou um gol olímpico. Aos trinta minutos, Tévez e Aimar substituem Crespo e Cambiasso. Saviola, que pouco fez na partida, também deu lugar a Messi minutos depois.

O jogo já se encaminhava para a prorrogação, quando o mexicano Pineda (que substituiu Guardado na metade da etapa final) meteu uma bola entre as pernas de Scaloni e cruzou para uma cabeçada horrível de Fonseca.

Antes da prorrogação, Riquelme enfiou para Maxi Rodriguez, na mesma linha da zaga mexicana, cruzar para Messi encostar para o gol. Mas a arbitragem apontou impedimento e a prorrogação começaria dentro de alguns minutos.

Rafa Márquez chutou de muito longe aos cinco minutos e a bola foi para fora.

Mas ao oito, Sorín inverteu para Maxi Rodriguez, que estava no bico direito da grande área mexicana. Ele matou no peito e mandou uma bomba de canhota no ângulo do goleiro Sanchez, marcando um dos mais belos gols da Copa.

No segundo tempo da primeira prorrogação após a nefasta experiência da morte súbita nas duas ultimas Copas, o México ainda teve duas boas chances num chute rasteiro de Zinha que passou muito perto da trave e num cruzamento cuja bola passou na frente Pineda e ele não mandou para o gol.

Quem viu o golaço de Maxi Rodriguez já sabia que a Alemanha não iria pegar o México nas quartas-de-final. Um confronto que foi final de Copa em 1986 e 1990 irá se repetir na próxima fase. Quem viver, verá.

Klose e Podolski detonam a Suécia em apenas doze minutos (Alemanha 2x0 Suécia)

A seleção da Alemanha entrou no gramado do Fifa World Cup Stadium em Munique para abrir as disputas pelas oitavas-de-final contra a Suécia. As três vitórias alemãs na primeira fase acabaram dando ao time a confiança que não tinham até o início da competição.

Empurrados pela empolgada torcida, os alemães mostraram logo que queriam definir o jogo no começo. Antes dos 4 minutos Ballack fez um belo passo para Klose, que escapou de dois defensores suecos e quase driblou o goleiro Isaksson, que saiu bem do gol. Mas a bola sobrou para Podolski chutar livre para o gol. O zagueiro Lucic ainda tocou de cabeça na bola, mas não foi suficiente para evitar a abertura do placar.

Num ritmo alucinante, a Alemanha quase marca o segundo já aos seis minutos, numa bomba de Podolski que passou muito perto do ângulo. Na seqüência, a Suécia respondeu num chute perigoso de Larsson, dentro da área.

Aos 10 minutos, Ballack deu o primeiro dos vários chutes de fora da área que iria arriscar durante a partida. Rasteiro, passou ao lado gol.

Mas aos doze, a dupla infernal do ataque alemão aprontou mais uma: Podolski tocou para Klose na entrada da área. Este atraiu os suecos Lucic, Mellberg e Alexsandersson e deu um passe perfeito para Podolski, que se apresentou bem dentro da área e marcou o segundo gol dele e da Alemanha na partida.

As coisas realmente ficaram muito difíceis para a Suécia. E nem um sexto da partida havia passado.

Aos 17, Isaksson defendeu um chute de Ballack de fora da área. Na cobrança de escanteio, Klose cabeceou bem. O mesmo Klose tentou aos 30, num chute fraco após uma excelente jogada do lateral-esquerdo Lahm. Dois minutos depois, chute de longe de Frings e outra defesa de Isaksson; logo depois, outro chute longo, de autoria de Schweinsteiger, que passa muito perto da trave, bate nas placas de propaganda atrás do gol e toca na rede pelo lado de fora.

Aos 34, as coisas ficaram bem mais fáceis para os alemães, depois da expulsão (boba) de Lucic. Ainda assim, o quase-contundido Ibrahimovic tentou um chute de virada dentro da área aos 39 e três minutos depois Larsson cruzou da esquerda para Jonson dividir com o goleiro Lehmann, sem conseguir pegar a sobra e mandar para o gol.

Ainda houve tempo para Klose dividir a bola com Linderoth na meia-lua do ataque e mandar uma bomba que Isaksson voltou a defender. Foi o ultimo lance da primeira etapa.

Aos seis da etapa final, a chance da Suécia voltar ao jogo num pênalti do zagueiro Metzelder sobre Larsson. Ele mesmo cobrou e o goleiro Lehmann nem se mexeu. E só precisou levantar a cabeça para ver que a cobrança de Larsson pôs a bola em órbita. Ali acabou qualquer chance de reação da Suécia.

O que se viu em seguida foi um festival de chutes de fora da área, dados por um Ballack ansioso em marcar seu primeiro gol no torneio e um Isaksson fazendo o que fosse possível para evitar a goleada, já que a eliminação sueca já estava mais que consolidada.

Apesar das 26 conclusões da Alemanha contra apenas cinco da Suécia, Isaksson evitou uma goleada e permitiu uma despedida digna aos suecos, que não apresentaram em nenhuma partida o futebol que se esperava deles.

A agora confiante anfitriã Alemanha aguarda seu adversário nas quartas-de-final, que sai do confronto entre Argentina e México, em Leipzig.

Friday, June 23, 2006

“Seleção da Copa”

Reproduzo aqui um iscrépi de orcute gentilmente enviado pelo meu amigo Marcos Vinícius de Bourbon & Bourbon*:

SELEÇÃO DE NOMES "INTERESSANTES" DA COPA 2006

1 – Porras (Costa Rica) O gozador do time
2 – Delgado (Equador) O fino
3 – Paredes (Paraguai) A muralha defensiva
4 – Boka (Costa do Marfim) O fominha
5 – Cocu (Holanda) O fazedor de merdas
6 – Torrado (México) O esquentadinho
7 – Fedorov (Ucrânia) O jamais banheirista
8 – Loco (Angola) O cabeça do meio-campo
9 – Figo (Portugal) O frutinha
10 – Grosso (Itália) O auto-explicativo
11 – Love (Angola) All you need

E no banco de reservas:

Butina (Croácia) O rei do ‘fair play’
Bocanegra (EUA) O corsário
Cabanas (Suíça) O barraqueiro
Frei (Suíça) O atleta realmente de Cristo
Bravo (México) O sereno
Zé Kalanga (Angola) Sem comentários...

Eu também acrescentaria:
Pimpong (Gana) O que gruda nos zagueiros
(explicação para os leitores mais jovens e/ou esquecidos, Ping Pong era o chiclete concorrente do Ploc)

Bem leitores, dêem suas sugestões para montar este fantástico escrete.



*Marcos Vinícius de Bourbon & Bourbon é um dos fundadores do Sport Club do Recife, também conhecido como melhor time do mundo.

Algumas palavras para tripudiar sobre os 16 eliminados na primeira fase...

Costa Rica: marcou dois gols nos anfitriões na partida de abertura e perderam as três. Fracos.

Polônia: não jogaram nada, mas venceram a Costa Rica na despedida de ambos. Inofensivos

Trinidad e Tobago: depois de um empate na estréia contra a Suécia, perderam as outras duas partidas (contra a Inglaterra, levaram dois gols nos últimos oito minutos) e foram a única equipe a não marcar gols. Estreantes aprendizes.

Paraguai: um gol contra no início da primeira partida e um gol no final da segunda proporcionaram um despedida ingrata à geração de Gamarra. Venceram a última, ao menos. Ocaso.

Costa do Marfim: muita luta, mas estrear contra Argentina, pegar a Holanda no segundo jogo e endurecer o jogo contra ambos não é para qualquer um. Ganhou de virada em sua despedida. Guerreiros.

Sérvia e Montenegro: um país que se dividiu em dois pouco antes da Copa levou um gol em dez jogos nas eliminatórias. Na Copa, tomou dez em três partidas. Pífio.

Angola: fosse uma equipe um pouquinho melhor teria até se classificado. Levou apenas dois gols em três jogos. Surpresa.

Irã: pouco cotados, perderam fácil para México e Portugal e se despediram com um empate contra Angola. Participação simbólica.

República Tcheca: show de bola na estréia, encantou (e iludiu) muita gente. Parece ter gastado toda a bola no primeiro jogo. Não fosse pelo excelente goleiro Peter Cech, teria levado mais gols nos dois jogos seguintes. Fogo de palha.

EUA: conseguiu seu único empate com um gol contra e marcou o centésimo gol do torneio. Os dois únicos em três jogos. Patético.

Croácia: uma boa equipe que pôde, mas não soube vencer nenhuma das três partidas que disputou. Perderam a vaga nos minutos finais da última delas, ao concederem o empate à Austrália. Azarados (ou incompetentes?).

Japão: perdeu a Copa na primeira partida, ao tomarem três gols da Austrália nos últimos sete minutos. Pueris.

Togo: estrearam em Copas saindo na frente contra a Coréia do Sul, mas acabaram perdendo de virada. Aquele acabou sendo seu único gol no torneio. Perderam as outras duas por 2x0 e ainda enfrentaram diversos problemas internos. Time fraco, ambiente turbulento.

Coréia do Sul: só faz alguma coisa grande sediando a Copa e com benefícios da arbitragem. Sem isso, ainda só são capazes de vencer o fraco Togo. Será um bom time lá para 2050, quando o Brasil sediar a Copa.

Arábia e Tunísia: jogaram entre si na estréia e empataram, decretando a mútua eliminação, confirmada nos confrontos contra Espanha (3x1 na Tunísia 1x0 Arábia Saudita) e Ucrânia (4x0 nos árabes e 1x0 nos tunisianos). Figurantes com destino marcado.

... e no máximo seis para falar dos 16 classificados:

Alemanha: anfitriões com 100% de aproveitamento.

Equador: segunda Copa e primeira classificação.

Inglaterra: nunca foram tão ingleses.

Suécia: falhas da estréia corrigidas a tempo.

Argentina: show de bola na segunda partida.

Holanda: eficiência, equilíbrio e juventude.

Portugal: 100% Luis Felipe Scolari.

México: decepcionantes para serem cabeças-de-chave.

Itália: fazer o quê?

Gana: derrota na estréia e grande recuperação.

Brasil: trajetória ascendente e craques em profusão.

Austrália: Guus Hiddink treina bem times ruins.

Suíça: time que (ainda) não levou gol.

França: veteranos que ainda podem surpreender.

Espanha: show na estréia e três vitórias.

Ucrânia: goleados na estréia e grande recuperação.

França garante vaga na última rodada (França 2x0 Togo)

Merecidamente ou não, a Copa desta vez não acabou mais cedo para os franceses, como em 2002. Depois de quebrar o jejum de gols em Copas no jogo contra a Coréia de Sul, os franceses voltaram a vencer no torneio, algo que não acontecia desde a noite de 12 de julho de 1998, no Stade de France.

“Les Bleus”, ou os azuis, entraram em campo sem seu craque e capitão Zidane, que levou um amarelo em cada partida anterior e não comemorou em campo seu aniversário. Ele nasceu em 23 de junho de 1972. Mas como o adversário era o transtornado e eliminado Togo, não haveria problemas. Como na primeira partida após o título de 1998, na abertura da Copa seguinte, contra Senegal.

A equipe africana estava escalada com três zagueiros, dois meio-campistas e cinco atacantes, a maioria desempenhando funções improvisadas. Nada mais “baba”.

Ao contrário das partidas contra Suíça e Coréia do Sul, onde atingiram um total de sete finalizações (3,5 por jogo), Thierry Henry & Cia. desta vez partiram com tudo para cima dos togoleses, concretizando uma metáfora da própria história de Franca e Togo. Este foi colônia francesa entre 1922 e 1960.

Logo aos três minutos, Trezeguet aproveitou uma sobra de bola e chutou de virada, para fora. Três minutos depois, o mesmo Trezeguet aproveitou um cruzamento do substituto de Zidane, Ribery. “Trezegol” acertou uma cabeçada para a boa defesa do goleiro Agassa.

A França chegaria ao gol aos treze(guet?) minutos, se Ribery tivesse chutado direto para o gol a bola que recebeu de Henry. Mas o meia preferiu rolar para o impedido Trezeguet, que marcou o gol corretamente invalidado.

A Franca seguiu atacando desperdiçando chances com Malouda, Ribery e Trezeguet. Ribery ainda conseguiu perder um gol incrível aos 28 minutos, quando recebeu livre na área e isolou a bola por cima do gol.

Aos 38 minutos, a chance mais incrível do primeiro tempo. Malouda arriscou de fora da área, Agassa defendeu e a bola sobrou para a cabeçada de Trezeguet que Agassa defendeu num verdadeiro milagre. Ao todo, a França conseguiu finalizar treze vezes só no primeiro tempo, quase o dobro das duas partidas anteriores, somadas.

Mas o placar só seria movimentado aos 10 minutos da etapa complementar. Antes, Trezeguet e Ribery já tinham perdido cada um uma boa chance. Togo também chegou a ameaçar com Adebayor e Kader.

Mas quis o destino que o primeiro gol saísse dos pés do capitão substituto, Patrick Vieira. Ribery driblou Tchangai, que pareceu mais deixar o francês passar. A bola foi rolada para Vieira girar e chutar forte para comemorar, assim como o suspenso Zidane, se aniversário. Zidane estava fazendo 34 e Vieira, 30. Minutos antes, a TV mostrou uma faixa alusiva ao duplo aniversário.

Dois minutos depois, Henry não aproveitou um bom cruzamento de Sagnol. Mas o mesmo Henry só precisou de mais três minutos para aproveitar outro cruzamento de Sagnol, que desta vez passou pela cabeça de Vieira antes de chegar aos pés implacáveis do artilheiro francês. Segundo gol dele na Copa, segundo da França no jogo e classificação assegurada. O restante do jogo transcorreu como mera formalidade e Togo se despediu da Copa 2006 como uma das seleções que perderam as três partidas, assim como Costa Rica e Servia e Montenegro. Os franceses enfrentam a Espanha nas oitavas-de-final.

E o fantasma de Senegal (eliminado pelo próprio Togo nas eliminatórias) estava devidamente exorcizado. Menos para o péssimo (e bota péssimo nisso) locutor Cleber Machado, que por mais de uma vez se referiu aos togoleses como Senegal. Deve ser porque é tudo África mesmo, não é, Cleber?

PS: Na outra partida de encerramento do grupo G, a Suíça garantiu um até certo ponto surpreendente primeiro lugar no grupo, derrotando a Coréia do Sul por dois a zero. O primeiro gol saiu numa falta cobrada por Yakin pela direita de ataque, que o zagueiro Senderos subiu junto com Jin-Cheul Choi para cabecear para as redes. No lance, ambos arrebentaram os respectivos supercílios e, literalmente, deram sangue pelo jogo. No segundo tempo, o heróico zagueiro artilheiro suíço caiu sobre o próprio braço e pareceu machucar-se com gravidade. Mas os suíços não se abalaram e aos 32 minutos Margairaz tentou uma jogada na entrada da área, a bola bateu num defensor coreano e tirou o impedimento do centroavante Frei, que driblou o goleiro Lee Won-Jae e marcou o gol que eliminou os sul-coreanos. Ao apontar e correr para o centro do gramado indicando gol, o árbitro argentino Horacio Elizondo escorregou e caiu de forma patética. A Suíça encerrou a primeira fase como a única das 32 equipes a não sofrer gol e os sul-coreanos, foram, ao lado da República Tcheca, as únicas equipes eliminadas que venceram na estréia. A Suíça joga nas oitavas-de-final contra a Ucrânia.

Palpites sobre os jogos das oitavas-de-final:

-Alemanha x Suécia, em Munique: dá Alemanha, nem que seja com a mão do trio de arbitragem brasileiro.
-Argentina x México, em Leipzig: Argentina, fácil.
-Inglaterra x Equador, em Stuttgart: a camisa a tradição devem pesar a favor dos ingleses, mas o Equador joga de amarelo, cor que a pele dos ingleses costuma adquirir em jogos decisivos.
-Portugal x Holanda, em Nuremberg: Portugal quer dar a décima - primeira vitória seguida em Copas a Felipão, que ganhou todas as partidas que disputou em 2002 e 2006. A Holanda de Van Basten quer a revanche da semifinal da Eurocopa 2004. Palpites são insensatos.
-Itália x Austrália, em Kaiserlautern: o chato futebol da seleção italiana deve levar a melhor sobre o “rugby-soccer” dos australianos.
-Suíça x Ucrânia, em Colônia: absolutamente imprevisível.
-Brasil x Gana, em Dortmund: no sufoco, mas dá Brasil.
-França x Espanha, em Hanover: de arrepiar, mas deve ser mesmo a despedida de Zidane dos gramados e da França da Copa 2006.

Ê, joguinho m... (Espanha 1x0 Arábia Saudita)

A Espanha caiu num grupo fácil, estreou goleando a maior candidata à segunda vaga, e venceu de virada a segunda partida, classificando-se por antecipação e garantindo o primeiro lugar da chave com um empate na terceira partida. Contra a Arábia Saudita.

Dentro destas (favoráveis) circunstancias, o que fez o técnico espanhol Luis Aragones? Escalou absolutamente TODOS os reservas, do goleiro Cañizares aos atacantes Raúl e Joaquín. Para dar ritmo de jogo aos suplentes, claro.

A Arábia Saudita tinha uma chance mínima de classificar-se. Era só a Ucrânia não vencer a Tunísia na partida simultânea e os árabes, bem, os árabes teriam que golear os reservas da Espanha. Só com a ajuda de Alá, e olhe lá.

Os suplentes espanhóis, dispostos a mostrar serviço, foram para cima da frágil defesa árabe. Aos 15 minutos, Reyes rouba a bola na intermediária de ataque, passa para Raúl, que devolve e ela sobra para Juanito, que manda por cima. Aos 28, Iniesta enfia para Fabregas, que ajeita para Albelda mandar uma bomba, que Zaid defende. Em seguida, Joaquín recebe entre dois marcadores, avança e os deixa para trás, dribla Al Montashari e chuta para outra boa defesa de Zaid.

Raúl teve uma boa chance de marcar aos 32, mas resolveu tentar um golaço de cobertura, sem sucesso.

Mas uma falta cobrada no setor esquerdo do ataque espanhol por Reyes encontrou o zagueiro Juanito, que acertou uma ótima cabeçada para abrir o placar. Mais duas chances com Marchena e Joaquín e a primeira metade da partida estava encerrada.

A Espanha voltou para o segundo tempo com David Villa no lugar de Raúl. Logo aos quatro minutos ele avançou até a área adversária, quase perdeu a bola ao tentar um drible, mas consegui recuar para o chute cruzado de Lopez.

A partir daí Arábia Saudita cresceu um pouco no jogo, mas sem levar muito perigo ao gol de Cañizares. Este por sinal, parece ter tomado um susto no chute fraco de fora da área dado por Sulimani. Cañizares defendeu em dois tempos. Daí para frente os ataques passaram a se alternar, Villa e Joaquín pelo lado espanhol, e Sulimani pelo árabe. Os espanhóis mostravam pouco empenho e os árabes, pouca qualidade técnica.

Apesar do placar baixo, a Espanha pareceu desacelerar o jogo. Não fez muito esforço em fazer o segundo gol, apesar de Fernando Torres entrar nos últimos vinte minutos para tentar igualar-se com o alemão Klose na artilharia. Sem sucesso.

Numa partida tão ruim, a arbitragem tinha que fazer sua parte. Aos 31, Albelda dá duas pancadas em Al Temyat até ele cair na área. Nove minutos depois, Fernando Torres tenta o drible dentro da área saudita e é puxado pela a camisa. O juiz Coffi Codjia, de Benin, não marcou nenhum dos dois.

Noor ainda fez uma bela jogada, driblando Albelda e indo à linha de fundo para tocar voltando para Al Harthi chutar para longe a chance de um empate na despedida dos árabes da Copa 2006. A Espanha juntou-se a Alemanha, Portugal e Brasil no grupo das equipes com 100% de aproveitamento na Copa e aguarda seu adversário nas oitavas.

PS: Na outra partida, deu a lógica que se esperava e a Ucrânia garantiu sua classificação também com uma vitória pelo placar mínimo sobre a Tunísia. Shevchenko foi derrubado na área pelo zagueiro tunisiano Haggui. O próprio Shevchenko cobrou bem e marcou o gol que garantiu a segunda vaga do grupo H para sua equipe,num jogo tão ou mais fraco quanto Espanha x Arábia Saudita.

Thursday, June 22, 2006

Quem são os titulares? (Brasil 4x1 Japão)

Nota preliminar: num esforço sobre-humano no sentido de tratar o autismo que o autor adquiriu nestes dias de Copa, esta partida foi a primeira assistida fora de casa, na companhia da “torcida” brasileira. O barulho e os copos de Pitu com coca-cola ingeridos pelo mesmo poderão interferir na precisão dos fatos.

O Brasil, já classificado, entrou em campo para enfrentar um Japão desesperado. Saíram os titulares Cafu, Roberto Carlos, Emerson, Zé Roberto e Adriano. Meio time. Ronaldo permanecendo entre os titulares. Já o time treinado por Zico buscava um milagre inspirado nas tradições nipônicas dos mangás.

Aos sete minutos, Ronaldo já arriscava de canhota de fora da área o goleiro Kawaguchi defende. Aos 10, Kaká tenta o seu, também de longe mas mandando longe. Em seguida, Robinho driblou na entrada da área e mandou de perna direita fazendo Kawaguchi trabalhar de novo. Robinho tentou com a esquerda e Kawaguchi defende com as pontas dos dedos. Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo tabelam, e o “gorducho” tenta de novo, com Kawaguchi indo buscar no canto esquerdo. Depois, Ronaldo passa para Juninho arriscar um chute a mais de vinte metros do gol e tome Kawaguchi indo buscar.

E o primeiro tempo estava ainda na metade.

O “monstro adormecido” dava mostras de que iria despertar.

Um cruzamento de Akira Kaja que os mais exagerados diriam que Gilberto Silva quase faria contra não chegou a assustar. Mas então veio um chute de Kenji Tamada quase no ângulo de Dida, que pareceu se abaixar de susto. O placar se movimentava pela primeira vez. Zico, que cantou o hino nacional brasileiro antes do jogo, vislumbra uma despedida digna e a quebra da seqüência de vitórias da seleção brasileira em Copas.

Pouco mais de dez minutos e Zico e seus “samurais azuis” desceriam com a vitória parcial. Até que algo aconteceu. Ronaldinho Gaúcho levantou para o “reserva” Cicinho ajeitar de cabeça para um sujeito com corpo de Godzilla.

Ronaldo marcou seu primeiro gol de cabeça numa Copa do Mundo. Seu décimo - terceiro. Pelé, presente ao estádio, pertence finalmente ao passado. Ao menos em número de gols marcados pelo Brasil em jogos de Copa do Mundo, Pelé é passado. Onde deveria ter se enfiado de uma vez por todas. O gol de Ronaldo foi o último lance do primeiro tempo.

O monstro despertou ao fim do primeiro tempo.

Logo aos seis minutos da etapa final, Ronaldo tocou par Ronaldinho Gaúcho, que devolveu de calcanhar para seu homônimo Gorducho mandar um chute que passou muito, mas muito perto. A virada no placar não iria demorar.

E dois minutos depois ela veio num chute venenoso do “reserva” Juninho que veio de fora da área e descreveu uma trajetória que deveria virar tese de Doutorado em Física. No mínimo.

Mais seis minutos para o “reserva” Gilberto Silva mostrar que sua camisa 16 vale mais do que a camisa meia-dúzia do “marajá de Madri” Roberto Carlos. Ronaldinho Gaúcho deu-lhe um passe magistral da direita para a esquerda da área adversária e o lateral chutou cruzado. Vitória assegurada, meia hora de jogo pela frente, espera pela goleada.

O sobre-heróico Kawaguchi evitou chutes dos “reservas” Juninho e Robinho. O mesmo Robinho deixou de fazer seu primeiro gol numa Copa e passou com açúcar e com afeto para Ronaldo, que parecia ter os pés feitos do mais puro chumbo e não alcançou uma bola que passou menos de três metros à sua frente.

Mas chumbo mesmo ele mostrou aos 36 minutos de jogo, quando tabelou com Juan na entrada da área, virou e mandou uma bomba de direita no canto esquerdo do goleiro samurai Kawaguchi. Quarto gol de seleção brasileira na partida, décimo - quarto gol de Ronaldo em Copas. Empatado com o antigo recordista, o alemão Gerd Muller, que também tinha a barriguinha meio proeminente.

O titular Zé Roberto substituiu o titular Kaká e o reserva (sem aspas) Ricardinho tanto deve ter bajulado Parreira que conseguiu jogar os últimos minutos. E até o goleiro “reserva” Rogério Ceni entrou no lugar de Dida.

Brasil e Gana num dos confrontos de oitavas-de-final. Será que os dinossauros Cafu (36) e Roberto Carlos (33) voltam às laterais para enfrentar a correria dos africanos? Deus e Parreira até sabem, mas só vão contar perto do jogo começar.

PS: Com um empate em dois gols na partida entre Croácia e Austrália, estes últimos se tornaram a primeira seleção da Oceania a avançar à segunda fase de uma Copa do Mundo. Os croatas marcaram primeiro na cobrança de falta perfeita de Srna logo aos dois minutos de jogo. Craig Moore empatou de pênalti aos 38 e Niko Kovac contou com um frangaço do goleiro australiano Kalac para desempatar aos 11 da etapa final.
Este resultado dava a vaga aos croatas, mas Harry Kewell aproveitou uma sobra de bola na área para garantir a passagem dos “socceroos” às oitavas-de-final, onde enfrentarão a seleção italiana. Curiosidade: o árbitro inglês Graham Poll, forte candidato a aapitar a final, mostrou três amarelos ao croata Simunic no segundo tempo (um aos 16, outro aos 36 e só nos descontos o expulsou).

O triunfo da previsibilidade (Itália 2x0 Rep. Tcheca)

A Itália está nas oitavas-de-final da Copa 2006 e assiste de camarote ao confronto entre Austrália e Croácia para saber qual será seu adversário. Existe a possibilidade impensável de enfrentar Brasil ou Japão, que fazem a outra partida. Se os “samurais azuis” derem uma surra no Brasil, podem pegar os italianos ou deixar o já classificado Brasil jogar pela sexta vez com a Itália em Copas do Mundo.

A Itália, única seleção 100% doméstica da Copa (todos os convocados atuam no país) entrou em campo precisando vencer somente para assegurar o primeiro lugar. A República Tcheca poderia até classificar-se em segundo com um empate e até derrota.
A vitória poderia deixá-los na primeira colocação, dependendo do resultado entre Gana e EUA na outra partida.

Precisando vencer, a Republica Tcheca abriu o duelo particular entre seu meio-campista Nedved e o goleiro italiano Buffon, colegas de clube o Juventus. Nos primeiro 15 minutos, o meia chutou duas vezes de fora da área. Na primeira, defesa em dois tempos; na segunda, rebote para Plasil, que Buffon defende também.

Logo depois, o previsível drama que sempre acompanha os italianos em partidas decisivas. Seu zagueiro Alessandro Nesta machuca-se e é substituído por Alessandro Materazzi. Nesta é do Milan e Materazzi, do rival Inter de Milão.

Menos de dez minutos depois, os fervorosos torcedores italianos contemplaram uma espécie de predestinação ou intervenção divina. Totti cobrou um escanteio pela direita e Materazzi subiu mais do que o tcheco Polak e cabeceou certeiro, no canto inferior direito de Cech. O espetacular goleiro do Chelsea nada pôde fazer.

Dez minutos depois, Polak fez uma falta estúpida em Camoranesi e levou amarelo. Em seguida, Camoranesi subiu para cabecear e acertou o ombro de Polak.

Pouco depois, na outra partida decisiva do grupo E, saía o centésimo gol da Copa marcado pelo norte-americano Dempsey, empatando o confronto entre EUA e Gana. Esse resultado dava a vaga aos tchecos, mesmo com a derrota frente à Itália.

Então Polak tratou de estragar as coisas acertando o tornozelo de Totti no meio-campo. Foi expulso quando primeiro tempo já estava nos acréscimos.

No outro jogo, que começou “simultaneamente com alguns minutos de atraso”, o ganense Pimpong sofreu pênalti. Appiah cobrou de um lado e o goleiro dos EUA Keller foi para o outro. Gana iria para o segundo lugar do grupo.

Desde que levou 4 do Brasil na final de 70, nunca mais uma seleção fez mais de dois gols na Itália em uma Copa do Mundo. A República Tcheca teria que fazer ao menos isso, com um jogador a menos.

Nedved tentou acabar com isso em seu duelo particular contra o amigo Buffon por duas vezes, de dentro e de fora da área. Buffon não deu chance.

Do outro lado, Totti & Cia. faziam a bola rolar, sem pressa de fazer o gol, optando por jogadas de efeito, como uma em que Totti cobrou o escanteio, Pirlo tocou de primeira e Cannavarro mandou um belo voleio por sobre o gol de Cech.

Antes disso, Cech também mostrou por que é um dos melhores goleiros do mundo defendendo um chute de Totti à meia altura no cantinho. O mesmo Totti tentou outros chutes, de cobertura, de fora da área e etc. que Cech defendeu sem dificuldade.

Até que Pirlo, com um drible, deixou o veterano Nedved sentado. A bola tocou num defensor tcheco e sobrou para Inzaghi cabecear e definir a partida. Mas o atacante italiano mandou pra fora.

Mas Inzaghi, um tanto abençoadamente, correu do seu campo de defesa e alcançou a bola antes dos zagueiros, ficou de frente para Cech e parecia que ia se enroscar com a pelota. Numa fração de segundo tentou com um gesto “chamar” o goleiro para o lado direito. Cech não caiu nem no chão nem no truque, obrigando Inzaghi a driblar par o outro lado. Parecia que o arqueiro pegaria a bola e Inzaghi perderia um gol feito pela segunda vez.

Mas na etapa final, Inzaghi tinha saído do banco de reservas para substituir Gilardino aos 15 minutos e marcar o segundo gol da equipe aos 41, bem parecido com o que Iaquinta fez na estréia da Itália contra Gana.

Nedved, que nem queria jogar a Copa, despedia-se de vez da seleção tcheca. Aos 35 anos, em breve deve fazer isso com seu clube e com os gramados. A Republica Tcheca, até agora, é a única equipe que venceu na estréia mas acabou desclassificada.

E os italianos, bem, jogam escandalosamente na defesa, marcaram cinco gols em três jogos e só levaram um, contra, na partida com os EUA.

PS: Gana, derrotada pela Itália e pelo arbitro em sua estréia, acabou vencendo a outra partida e garantindo a vaga. Aos 22, Draman roubou a bola do meia Reyna dos EUA, avançou e chutou sem chance para o goleiro Keller. Aos 43, Dempsey marcou o 100º gol da Copa 2006, sendo o único jogador de sua equipe a marcar um gol na copa (no empate contra a Itália, o gol foi contra). Mas Appiah fechou o placar numa cobrança de pênalti ainda no primeiro tempo. A única seleção africana a se classificar para as oitavas-de-final enfrenta o Brasil.

Wednesday, June 21, 2006

Muito barulho por nada (Argentina 0x0 Holanda)

Por mais que se tentasse convencer de que a disputa pelo primeiro lugar do grupo C iria ser empolgante, Holanda e Argentina venceram suas primeiras partidas na Copa e garantiram vaga por antecipação.

Ambas venceram a Costa do Marfim por 2 a 1. A diferença entre os dois foram os seis gols que a Argentina marcou no show contra Sérvia e Montenegro em sua segunda partida. A Holanda venceu os sérvio-montenegrinos por um a zero na estréia.

A Argentina poupou Sorín, Heinze, Saviola e Crespo, por cartão. Sem sua dupla de ataque titular, chance para os jovens Messi e Tevez mostrarem serviço. Mas ainda que jogassem nos 90 minutos o que jogaram nos vinte e poucos da partida contra Sérvia e Montenegro, a Argentina continuaria em primeiro lugar e a Holanda em segundo.

A Holanda também poupou quatro titulares, Robben, Van Bommel, Van Brockhorst e Mathjisen. E sabia que a vitória apenas mudaria seu adversário nas oitavas-de-final.

Então a Argentina passou o primeiro tempo se limitando a uma ou outra jogada de efeito e seguida de uma conclusão mal-sucedida. Num bonito drible de Tevez seguido de um chute para fora ou numa cobrança de escanteio de Riquelme que quase vira gol olímpico.

A Holanda repondia com uma roubada de Kuyt que poderia resultar num passe para o companheiro Van der Vaart, que estava livre. Mas Kuyt se precipitou e chutou mal. A Argentina, mais presente no ataque, arrisca de fora da área com Messi e Maxi Rodriguez.

No segundo tempo, o marasmo permanece. O argentino Cambiasso demora quase dois minutos para sair de campo na maca, o zagueiro holandês De Cler sobe ao ataque e dá um drible da vaca no zagueiro argentino Collocini, mas jogadores e comissão técnica já pensavam em seus futuros adversários.

A Argentina enfrenta o fraco México, treinado pelo goleiro reserva da seleção “campeã” de 1978 Ricardo Lavolpe. Deve passar, talvez até com show.

A Holanda tem a chance de evitar a décima primeira vitória seguida do técnico Felipão em Copas do Mundo. E de quebra vingar a eliminação para Portugal na Eurocopa 2004. Aí não é prudente dar palpite.

PS: melhor teria sido assistir a partida de despedida de Sérvia e Montenegro, um país que depois da copa será dois e Costa do Marfim, os grandes azarados do sorteio das Copas. Montaram boas equipes, mas pegaram Argentina e Holanda em sua primeiras partidas. A Sérvia e Montenegro não tinha marcado gol na copa e marcou logo aos dez minutos, com Zigic driblando o goleiro Barry após um bom lançamento de Stojkovic. Aos 20, Yaya Toure falha e Ilic faz o segundo. Dindane diminui para os marfinenses de pênalti ainda no primeiro tempo e empata aos 18 do segundo. Aos 41, outro pênalti e uma das melhores imagens da Copa. O goleiro marfinense ajoelhado em sua meta, de costa para o campo e rezando para que Kalou convertesse a cobrança que deu a vitória de virada aos simpáticos africanos. E olhe que os astros Drogba e Kezman não jogaram, por suspensão.

Felipão e Portugal se classificam com 100% de aproveitamento (México 1x2 Portugal)

Numa partida de primeiro tempo empolgante, Portugal e México disputaram a primeira colocação do Grupo D da Copa do Mundo em Gelsenkirchen no segundo confronto entre as seleções na história. No primeiro, em partida amistosa disputada na capital portuguesa Lisboa, houve empate em zero a zero.

A seleção mexicana entrou em campo com uma vaga possibilidade de perder a vaga para Angola, que disputava a outra partida de encerramento do grupo contra o eliminado Irã. Se Angola vencesse e o México fosse derrotado, os africanos se classificariam desde que tirassem a diferença no saldo de gols, que era de 3 a favor dos mexicanos.

Portugal veio desfalcado de dois de seus principais jogadores, Deco e Cristiano Ronaldo, autores dos gols na vitória por 2 a 0 sobre o Irã. Caso eles voltassem a receber cartão amarelo, ficariam de fora nas oitavas-de-final. Assim, não foram sequer relacionados para a partida.

Disposto a aumentar seu recorde de vitórias consecutivas em Copa do Mundo, Felipão pos seu time logo para definir o jogo, apesar de sofrer o primeiro ataque aos dois minutos, numa boa jogada de Fonseca.

Porém aos cinco minutos Maniche recebeu a bola no meio de campo e tocou para Simão Sabrosa na esquerda. Sabrosa avançou e, cercado por mexicanos, devolveu para Maniche, que se apresentou livre dentro da área para chutar de pé direito e abrir o placar no mesmo estádio onde ele e mais seis convocados da atual seleção portuguesa conquistaram Liga dos Campeões da Europa em 2004 pelo FC Porto.

O México não soube como reagir, mas as coisas ainda iriam ficar um pouco piores para os mexicanos quando seu zagueiro e capitão Rafa Márquez ingenuamente meteu a mão na bola após uma cobrança de escanteio do português Figo. Pênalti tão claro quanto cretino.

Simão Sabrosa bateu forte e o goleiro Sanchez ainda acertou o canto, mas não foi capaz de impedir o segundo gol português aos 24 minutos de jogo. Se Angola repetisse esse placar contra o Irã em Leipzig, ex-metrópole e ex-colônia passariam juntas para as oitavas-de-final.

Ao México, cabia simplesmente fazer um gol e dificultar as coisas para os angolanos. E ele quase veio aos 28 minutos quando Omar Bravo chuta (mal) à queima-roupa e o goleiro português João Ricardo defende, a bola sobe e bate no travessão antes de cair na rede pelo lado de fora.

Veio a cobrança do escanteio que Fonseca ainda teve tempo de dar dois passos para trás antes de cabecear e diminuir o placar.

Durante o restante do primeiro tempo, o México tentou empatar, mas seu medíocre setor ofensivo não obtinha resultados contra o Portugal jogando no melhor estilo “Time do Felipão”. Nos primeiros onze minutos da etapa final, também.

Até que Perez mata no peito e o lateral lusitanos Miguel quase mata do coração seu treinador. Leva um drible bobo, cai, derruba o atacante adversário e mete a mão na bola. Pênalti para o artilheiro mexicano (2 gols no Irã e nenhum em Angola) Omar Bravo cobrar e deixar os torcedores com seu sobrenome depois de mandar por cima.

Felipão (ou Scolari ou Big Phil) não precisava mais se preocupar, suas dez vitórias consecutivas em Copas do Mundo estavam garantidas assim como a curiosa trajetória sem empates de Portugal nas suas participações no torneio.

Menos preocupação ainda depois que Perez, o mesmo que provocou o pênalti, tenta simular outro. Ele tinha feito uma falta no jogo e levado amarelo e foi expulso por tentar engabelar o juiz. Fim de Copa para ele.

Porque seja contra Holanda ou Argentina, possíveis adversários nas oitavas-de-final, um time como o México, que ganhou apertado do Irã e empatou com Angola, há de se convir, não tem chance.

Já quem pegar Portugal, vai pegar um técnico que venceu todas as dez partidas que disputou. Se isso é motivo para preocupação, que Holanda e Argentina se preocupem.

PS: Na outra partida, os figurantes Irã e Angola se despediram num cordial empate em um gol. Depois do primeiro tempo em branco, aos 19 do segundo, o já folclórico (pelo nome) Zé Kalanga cruza para a cabeçada fulminante de Flavio, que marcou o primeiro gol de Angola na sua nascente historia em Copas. Já o zagueiro iraniano Sohrab Bakhtiarizadeh (seja lá como se pronuncie) fez também de cabeça, após um escanteio e garantiu o primeiro ponto do Irã na Copa 2006. Até as eliminatórias para os dois.

Só de sacanagem

Interrompendo os relatos das partidas, leiam este texto que escrevi cerca de um mêsm antes da copa e vejam como sou um EXCELENTE profeta:

Uma (possível) zebra chamada Trinidad e Tobago

Esta seleção sofreu para chegar à Copa 2006: após atingir na última rodada o quarto lugar na zona da Concacaf com uma vitória por 2x1 sobre o México, Trinidad e Tobago disputou uma repescagem contra o Bahrein. Empatou em 1 a 1 em casa e venceu por um a zero fora.

Entretanto, a participação de Trinidad e Tobago na Copa do Mundo acabou se tornando um caso a parte, por conta de um fato meramente circunstancial. Antes, mais dados sobre estas 25 ilhas de terreno montanhoso e clima tropical, cujo território total se estende por 5.128 km2 – o equivalente a um quarto do estado de Sergipe – cuja seleção nacional de futebol participa pela primeira vez do evento máximo do futebol:

-Sua língua oficial é o inglês, mas também se fala espanhol, francês, chinês e hindi. É o segundo maior país de língua inglesa do Caribe, atrás apenas da Jamaica.
-O cristianismo é a religião predominante (29,07% de protestantes e 29,04% de católicos). O hinduismo e seguido por 23,7% da população e o islamismo por 5,9 %
-Afro-americanos e indianos correspondem a 41% da população cada. Afro-europeus são 16%.
- Os índios Aruaques e Caraíbas seus primeiros habitantes. Foram dizimados a partir da chegada Cristóvão Colombo em 1498. O território também foi disputado por ingleses, franceses e até alemães.
- Até a tomada definitiva das ilhas pela coroa inglesa, foram registradas 22 mudanças de poder. Em 1797, a ilha de Trinidad foi anexada pela coroa inglesa, o mesmo acontecendo com Tobago em 1814. Em 1888, foi formalizada sua união política como colônia inglesa.
- A data da independência é 31 de agosto de 1962. Entretanto, só veio a se tornar republica em 1976, há exatos 30 anos.
- Foi colônia de trabalho escravo no plantio de cana-de-açúcar. A abolição aconteceu em 1883 e o problema da mão-de-obra resolveu-se com a chegada dos imigrantes hindus e chineses.
- A primeira partida oficial de futebol no país aconteceu em seis de agosto de 1893. Um ano antes de Charles Miller voltar da Europa ao Brasil trazendo as bolas os uniformes e as regras.

Este passado de colônia da Inglaterra evidentemente influenciou o futebol do país. Dos 23 convocados, 15 jogam em times da Inglaterra e Escócia. Alguns em times de certa expressão, como o West Ham (do goleiro Shaka Hislop), Southampton (do atacante Kenwyne Jones), Glasgow Rangers (do zagueiro Marvin Andrews) e Coventry City (do goleiro Clayton Ince e do atacante Stern John).

Apenas quatro jogadores atuam no país, três no Jabloteh e um no West Connection, os dois grandes clubes locais Completam a seleção um que joga na Alemanha e dois que atuam nos EUA. Porém seu jogador mais famoso atua no futebol australiano, foi campeão da temporada 2005/2006 pelo Sidney FC e há alguns anos atrás fez muito sucesso num time inglês chamado Manchester United.

Seu nome é Dwight Yorke, e em 1999 foi destaque na conquista da tríplice coroa, vencendo o campeonato inglês, a Copa da Inglaterra e a Liga dos Campeões. No mesmo ano foi campeão Interclubes num jogo tão sem-graça contra o Palmeiras quanto o destino da taça: um cantinho acanhado na sala de troféus do clube.

Pois este Yorke, que tanto se destacou num dos maiores times da Inglaterra, que aos 34 anos foi campeão australiano em 2005/2006 deve estar em campo com sua seleção jogando pelo grupo B da Copa, ao lado de Suécia (contra quem estréia dia 10/06, em Dortmund), Paraguai (ultima partida da fase, 20/06 em Kaiserlautern). Num dos dez dias que separam essas partidas, acontece em Nuremberg a partida que para os tobaguenhos certamente será a mais empolgante: contra a... Inglaterra.

Yorke, capitão de Trinidad e Tobago, enfrentará seu ex-colega de Manchester United, o superstar David Beckham, capitão inglês e certamente ávido por brilhar em sua terceira Copa, após atuações no máximo medianas em 1998 e 2002. Yorke também deve enfrentar os ex-companheiros Rio Ferdinand e Gary Neville. Após a temporada australiana, Yorke treinou no seu ex-clube, sem deixar de provocar Ferdinand e Neville. Este, por sinal, foi quem o marcou nos treinos.

Yorke, uma espécie de semi-deus em seu país, também afirmou: “A Inglaterra é um time que, na opinião geral, vai nos derrotar facilmente. Os ingleses têm alguns jogadores fantásticos na seleção titular e, até mesmo, no banco, e é um time que conhecemos bem. Nossos jogadores que atuam nas divisões inferiores na Inglaterra não precisarão de incentivo – eles nunca terão outra oportunidade de jogar contra esses grandes nomes. Quer melhor palco para tentarmos competir com eles? Todos esperam nossa derrota, mas a única coisa que não quero é sair humilhado - cinco, seis, sete a zero. Quero que nossa seleção entre em campo para competir bem e, se o fizer, quem sabe? ”

Outros destaques do time no ataque são o veterano Russel Latapy de 37 anos, jogando atualmente no modesto Falkirk da Escócia e Stern John, vice-artilheiro das eliminatórias da Concacaf com 12 gols. E no meio-de-campo, uma surpresa para os muitos que pela primeira vez verão Trinidad e Tobago jogar: Chris Birchall, do Port Vale, que joga a terceira divisão inglesa. Ele é inglês de nascimento, branco e loiro.

Estes fatos podem tornar o duelo entre Trinidad e Tobago x Inglaterra não só uma partida de Copa do Mundo, mas quem sabe uma espécie de “acerto de contas” histórico. Quem não lembra de uma seleção africana estreante em mundiais que na abertura da Copa de 2002 venceu a equipe do país do qual tinham sido colônia no passado? Para os de memória curta, França 0x1 Senegal.

Tuesday, June 20, 2006

A Inglaterra é o Náutico da Copa (Inglaterra 2x2 Suécia)

A Inglaterra é uma espécie de Clube Náutico Capibaribe da Copa do Mundo. Para os pouco-entendidos do futebol disputado num estado brasileiro localizado entre Alagoas e Paraíba. O Náutico entrou para a história do futebol mundial por perder em seu estádio completamente lotado a partida que o levaria de volta à principal divisão do futebol brasileiro. A seleção brasileira já perdeu uma Copa do Mundo em casa, com dez vezes mais pessoas dentro do estádio, na então capital do país. Mas o Náutico perdeu dois pênaltis e tomou o gol da derrota por 1 a 0 para um adversário com quatro atletas a menos.

A Inglaterra não chegou a tanto, mas na Copa de 2002 foi desclassificada pelo Brasil num jogo em que o “English Team” saiu na frente aos 3 minutos, cedeu o empate no final do primeiro tempo, e com um gol de falta “sem querer” de Ronaldinho Gaúcho levou a virada aos 5 do segundo. O mesmo Ronaldinho Gaúcho acabou expulso sete minutos depois e a Inglaterra, com um homem a mais em campo durante trinta e três minutos mais os acréscimos, não conseguiu empatar.

Antes da partida que definiria o primeiro colocado do grupo B, vários aspectos tornavam bastante atrativo o confronto entre Inglaterra e Suécia:
- A Inglaterra vinha de uma seqüência de oito vitórias consecutivas, entre eliminatórias e amistosos;
- A Suécia não perdia da Inglaterra desde maio de 1968 ou 11 partidas;
- Se a Suécia vencesse, pegaria Equador e não os embalados anfitriões alemães que algumas horas antes garantiram a vaga nas oitavas-de-final se classificando com três vitórias;
- A contagem de gols na história das Copas do Mundo estava em 1997. Logo poderia chegar a 2000 naquela partida (ou na simultânea entre o já eliminado Paraguai e o então sonhador Trinidad e Tobago, que tinha chances mínimas)

Os suecos vieram desfalcados de seu artilheiro (nas eliminatórias) Ibrahimovic, que passou em branco nas duas primeiras partidas. Os ingleses vinham com sua jovem promessa Wayne Rooney pela primeira vez como titular na Copa. Mas Inglaterra e Suécia fizeram uma partida mais parecida com um avanço alternado de tropas militares sobre o gramado do Fifa World Cup Stadium Cologne, em Colônia.

Com um minuto de jogo, a primeira “vítima” do confronto. O inglês Michael Owen (autor do gol no confronto com o Brasil) contunde-se sozinho e sai de maca. Entra o “soldado” grandalhão e meio atabalhoado Peter Crouch.

Os suecos procuram avançar conseguindo escanteios. Foram doze em todo o jogo, o dobro dos conquistados pelos ingleses, que se defendiam desta jogada com absolutamente TODOS os seus jogadores na área. Os suecos colocavam três dos seus jogadores para atrapalhar o guarda-metas inglês Paul Robinson.

Já os ingleses atacavam com suas únicas jogadas. Bolas levantadas na área, principalmente por Beckham, e chutes de longa distância, principalmente com John Cole e Frank Lampard.

No estádio Fritz-Walter em Kaiserlautern, saía o primeiro gol de Trinidad e Tobago na Copa. Se Inglaterra vencesse o jogo, os caribenhos tinham chance de se classificar.

Mas o gol marcado pelo zagueiro Sancho foi contra suas próprias redes, tocando por último na bola após uma falta cobrada pelo paraguaio Acuña. Gol contra muito parecido com o do zagueiro Gamarra no jogo de estréia contra a Inglaterra, que deu aos ingleses a vitória. Faltavam então dois gols para o de nº. 2000 na história das Copas.

Então o zagueiro Mellberg afastou uma das bolas alçadas na área sueca. O meia inglês John Cole ajeitou no peito e mandou um chute de cinema, no ângulo superior do goleiro sueco Isaksson, fazendo um golaço e deixando o contador de gols da história das copas em 1999.

Que quase chegou a 2000 no outro jogo, mas o juiz anulou o gol.

Veio o segundo tempo e a Inglaterra entra para a história como a seleção que levou o gol de número 2000 em Copas do Mundo. Linderoth bateu mais um escanteio pela esquerda do ataque sueco e Allbäck cabeceou para o gol. Não adiantou o time inteiro na área, nem o esforço de Ashley Cole, o jogo estava empatado.

Empate que deva aos ingleses o primeiro lugar do grupo, mas aumentava para 12 partidas a invencibilidade sueca frente aos ingleses. Aos seis minutos da segunda etapa. Aos treze, outro escanteio de Linderoth e um chute perigoso de Hansson por cima.

Então o treinador (sueco) da seleção inglesa aceita claramente o empate, tirando o de campo o atacante Rooney para a entrada do volante (inicialmente poupado) Gerrard. O atacante, que sofreu uma fratura quarenta dias antes da estréia, saiu indignado. Era a metade do segundo tempo.

Dois minutos depois, Gerrard tirou em cima da linha uma bola chutada de primeira por Kallstrom, após (de novo) cobrança de escanteio de Linderoth (de novo) pela esquerda do ataque sueco.

A cinco minutos do fim, Gerrard aproveita um cruzamento de John Cole e cabeceia para o gol. Seria o gol que daria a primeira vitória da Inglaterra sobre a Suécia desde maio de 1968, e que daria 100% nas primeiras três partidas da Copa do Mundo, o que não acontecia desde 1982.

Mas uma cobrança de lateral (!) passou por todos os jogadores ingleses na área (incluindo uma espalhafatosa tentativa de bicicleta de Sol Campbell) até ser pisada no ar por Larsson e entrar no gol, empatando o jogo. Nos descontos.

A Inglaterra, treinada pelo diplomático Sven-Goran Eriksson, escapou da Alemanha e a Suécia se classificou, mas os tabus continuaram. E a Inglaterra não chegou à nona partida seguida com vitória.

Inglaterra x Equador, Alemanha x Suécia são os primeiros confrontos definidos das oitavas-de-final. Inglaterra x Alemanha, agora, só numa possível final.

Final à qual os ingleses nunca chegaram jogando longe da Inglaterra, uma espécie de Avenida Conselheiro Rosa e Silva, só que na Europa. Para aqueles que não sabem, é onde fica a sede do Náutico, time citado no primeiro parágrafo.

O estádio fica localizado na cidade de Recife, mais exatamente no bairro dos Aflitos. O nome do bairro é um dos apelidos da praça de esportes, que também é conhecida como Casa da Barbie, aquela famosa boneca.

Qualquer semelhança com a seleção na qual o capitão do time passa perfume antes de entrar em campo é apenas uma mera coincidência, bem como as cores (vermelha e branca) da bandeira e do uniforme (reserva) da Inglaterra e do Náutico. Ou será que não?

E a fama de “amarelar” em momentos decisivos também pode ser atribuída aos dois?

PS: Aos 41 do segundo tempo da partida simultânea à Inglaterra x Suécia, Cuevas tabelou com Roque Santa Cruz e recebeu de volta para marcar o segundo gol da vitória do Paraguai sobre Trinidad e Tobago, que não marcou gol em sua primeira participação numa Copa do Mundo.

Donos da festa se impõem (Alemanha 3x0 Equador)

A capital alemã foi palco da partida que contrapôs a seleção anfitriã (e (só) por isso, favorita) à grande surpresa do torneio até agora, o Equador. Em campo, duas equipes com 5 gols marcados cada nas duas respectivas primeiras partidas. A Alemanha havia levado dois na estréia e o goleiro equatoriano Mora estava invicto.

Mas se para o Equador tanto fazia enfrentar Inglaterra ou Suécia, para os alemães um ou outro adversário fazia MUITA diferença. Então o esquadrão equatoriano "reforçado" com cinco reservas enfrentou o time titular alemão, com o recém-recuperado de contusão e metido à craque Ballack.

Apesar do ataque equatoriano antes do primeiro minuto, no cruzamento de Valencia para Kaviedes que o goleiro alemão Lehmann interceptou com segurança, os donos da casa e da festa logo saíram na frente numa bela jogada: após a zaga equatoriana afastar uma cobrança de escanteio, o lateral Lahm abriu para Schneider, que levantou à meia altura na área. O zagueiro Mertesacker, que ainda estava lá, inverteu rápido para o lado direito, onde a bola encontrou Scweinsteiger, que tocou voltando para o chute de primeira certeiro de Klose.

O gol incendiou o time alemão, que nas partidas contra Costa Rica e Polônia havia jogado apenas para o gasto. Klose teve a chance de aumentar na metade do segundo tempo, mas o goleiro Mora saiu bem do gol. Podolski também tem sua chance, mas Mora defende com o pé. O rebote é a oportunidade de Ballack tentar provar que é craque chutando quase do meio do campo e mandando a bola longe do gol de Mora.

Os equatorianos, intimidados pela vasta torcida adversária, sequer demonstraram reação após o gol sofrido. Pareciam mesmo convencidos a perder de pouco e não ameaçaram exceto por um chute de Kaviedes que passou muito longe das traves alemãs. Antes Klose tentou outro chute de primeira que passou igualmente longe.

No final do primeiro tempo, o golpe fatal nas pretensões equatorianas. Um passe de Ballack entre Urrutia e Espinoza. Este filosofou, tentou parar Klose, que com um falso drible de coxa tirou também o goleiro Mora do lance. Quarto gol do atual artilheiro da Copa.

Veio o segundo tempo, e o baile em Berlim continuou, com a Alemanha se esforçando para parecer e jogar como "A" grande equipe do torneio. Não se sabe se faltou qualidade ou disposição para fazer ainda mais gols depois que Podolski aproveitou o cruzamento de Scweinsteiger e mandou a bola de carrinho para as redes fez o seu tão cobrado primeiro gol na copa. Terceiro da Alemanha no jogo e oitavo na Copa, igualando-se aos argentinos, que ainda jogarão a sua terceira partida. Aos onze minutos.

E poderia ter sido aos quarenta segundos com Schneider ou com o próprio Podolski aos sete minutos. Ou a Alemanha jogou só o suficiente para conseguir este resultado de três a zero e parou por aí ou simplesmente “soube anular as tentativas dos equatorianos e naturalmente conquistou o resultado”. A verdade é que a Alemanha não vencia as três primeiras partidas da primeira fase desde 1970.

Nem em 1974, quando ainda era dividida em Ocidental e Oriental, a seleção da Alemanha venceu as três partidas da primeira fase. Naquele ano, as “duas” Alemanhas faziam parte do mesmo grupo da primeira fase e na última partida a Ocidental perdeu para a Oriental, na disputa pelo primeiro lugar. A Alemanha Oriental pegou Brasil, Holanda e Argentina no seu grupo da segunda fase. Já a Ocidental pegou Polônia, Suécia e Iugoslávia.

Desta vez, os alemães assistem de camarote a Inglaterra e a Suécia. Quem vencer destes dois pega o Equador. O empate é da Inglaterra.

PS relâmpago: Na outra partida, a Polônia despediu-se com dignidade da Copa, como fez em 2002. Na Coréia/ Japão a Polônia derrotou os EUA, que se classificou. Desta vez, venceu a Costa Rica, a primeira equipe da copa 2006 a perder as três partidas que disputou. De virada, por 2 a 1. Gómez abriu o placar para os caribenhos e Bartosz Bozack empatou ainda no primeiro tempo e marcou o gol da vitória no segundo, enchendo de esperança os poloneses para as eliminatórias da copa de 2010, na África do Sul.