Monday, May 29, 2006

Favoritismo Traiçoeiro - Parte 02 (1958-1970)

O período de 1958 a 1970 foi consagrador para o futebol brasileiro. Às custas, dentre outras coisas, da tal "maldição do favoritismo":


1958, Suécia: Uma copa sem favoritos, mas na qual não faltaram surpresas, como a eliminação da Argentina na primeira fase após uma sonora goleada (6x1) para a Tchecoslováquia (a vice-campeã da copa seguinte também foi eliminada e a primeira colocação do grupo ficou com a Irlanda do Norte). País de Gales também surpreendeu e eliminou a Hungria na primeira fase, vendendo caro a derrota por um gol para o Brasil nas quartas-de-final. Mas nada se comparou à surpresa proporcionada por um time que tinha um adolescente que viraria rei e um ponta-direita de pernas tortas. Depois de uma vitória e um empate sem muito brilho, o time venceu o “futebol científico” dos soviéticos (2x0), passou por Pais de Gales nas quartas-de-final, pela França do artilheiro Just Fontaine nas semifinais (5x2), chegando à decisão contra os anfitriões, campeões olímpicos dez anos antes. Pela primeira e única vez uma seleção não-europeia conquistou uma Copa jogada na Europa, goleando os anfitriões por 5x2. Mesmo saindo desacreditados de seu país, se tornaram a única seleção não-européia a vencer uma copa na Europa. Seu nome: Brasil.

1962, Chile: Os atuais campeões mantêm o título, sem o rei Pelé, mas com Garrincha jogando por 10 deles, e constituem a rara exceção de consolidar favoritismo em Copas do Mundo.

1966, Inglaterra: Copa realizada na terra dos auto-intitulados “inventores do futebol”, que mesmo com um bom time, precisaram mesmo da arbitragem para vencer. Surpresa: o estreante Portugal faz o artilheiro da copa (Eusébio, 9 gols) e conquista o terceiro lugar; a desconhecida Coréia do Norte (em sua única participação em Copas) elimina a Itália; e o Brasil, franco favorito, cai na primeira fase, com duas derrotas por 3 a 1 (Hungria e Portugal) e uma modesta vitória por 2 a 0 (dois gols de falta) sobre a ainda mais modesta Bulgária.

1970, México: Mesmo contando com aquela que seria considerada a maior seleção de todos os tempos, problemas no alto comando da equipe (troca tumultuada de técnico às vésperas da competição), o Brasil atraía muito mais desconfiança que otimismo, mas em campo, não deixou dúvidas: venceu os seis jogos, incluindo aí os campeões ingleses, os rivais uruguaios e a então campeã européia Itália na final por um sonoro 4 a 1, conquistando em definitivo a posse da taça Jules Rimet.

(continua)

Wednesday, May 24, 2006

Favoritismo Traiçoeiro - Parte 01 (1938-1954)

Se há uma coisa que parece realmente atrapalhar em Copa do Mundo é o favoritismo. Independente da preparação técnico-psicológica, das circunstâncias ou do desempenho recente da equipe, parece haver uma estranha maldição a acompanhar seleções tidas como favoritas nos mundiais desde sua terceira edição, em 1938. A seleção francesa, representando o país-sede, poderia ser apontada como favorita, mas não a única. Além do mais, foi na França que nasceu um certo Jules Rimet, que acabou emprestando seu nome para batizar a taça disputada no torneio. Na França surgiu a FIFA e na França nasceu Lucien Laurent, primeiro jogador a marcar um gol em Copas do Mundo.

Além disso, nas duas edições anteriores, os anfitriões ficaram com a taça. O Uruguai, campeão de 1930, já havia conquistado o bicampeonato olímpico em 1924 e 1928, em disputas na Europa. Por estas implicarem em muitos gastos, não mandou equipe para a Copa de 1938, como já havia feito em 1934. A Itália, então campeã, seria outra favorita.

Foi então que nas quartas-de-final a Franca tornou-se o primeiro anfitrião a perder uma Copa do Mundo, eliminada pela própria Itália por 3x1 diante de quase 60 mil torcedores. Comandados por Giuseppe Meazza no campo, Vittorio Pozzo no banco e Benito Mussolini no governo, a Itália fascista vestida de preto começou a invasão da França, trabalho completado pelos nazistas alguns anos depois.

A Segunda Guerra Mundial, que explodiu no ano seguinte, paralisou as disputas por 12 anos. De 1950 em diante, o favoritismo exagerado quase sempre esbarra no inesperado, produzindo surpresas desagradáveis para aqueles que eram julgados vencedores antes da bola rolar.

1950, Brasil: a seleção do país-sede encanta a todos, marcando 21 gols nas cinco partidas que antecederam a finalíssima (13 deles nas duas imediatamente anteriores). Na decisão, no então maior estádio do mundo, diante da maior platéia já reunida numa partida de futebol (cerca de 200 mil espectadores), o Brasil perdeu para o Uruguai (em sua segunda participação em mundiais) por 2x1, após sair na frente no início da etapa final. Mesmo quem nem era nascido na época, não esquece. Esta copa também registrou aquela que é considerada a maior “zebra” de todos os tempos: a toda-poderosa Inglaterra, que não havia disputado nenhum dos mundiais anteriores por julgar que no restante do mundo não existiam adversários à altura, perdeu de 1x0 para a seleção dos Estados Unidos, formada quase que exclusivamente por amadores e semi-profissionais e foi desclassificada na primeira fase.

1954, Suíça: Puskas, Czibor, Kocsis e os Magiares da Seleção húngara haviam conquistado o ouro olímpico dois anos antes e não perdiam há três anos. Nesse meio-tempo, ousaram vencer por 6x3 a seleção inglesa em pleno estádio de Wembley. Na Copa, marcaram 25 gols (!) nas quatro partidas que antecederam a decisão, incluindo duas vitórias por 4x2 nos finalistas da Copa anterior, Brasil na quartas-de-final e Uruguai nas semifinais. Esta partida marcou a primeira derrota dos uruguaios em Copas. Na decisão, quando todos a apontavam os húngaros como campeões antecipados, eis que a seleção da Alemanha Ocidental vence de virada por 3x2. Detalhe: na primeira fase, húngaros e alemães se enfrentaram e o time de Puskas venceu por 8x3

(continua)

Sunday, May 21, 2006

Zagalo

Não é lá muito difícil ter antipatia por Zagalo (sem os dois “l” que ele adotou graças o seu entusiasmo pela numerologia). Deixando à parte sua irritante triscaidecofilia (ou fascinação pelo número treze), Zagalo é e sempre foi um oportunista e tão entendido em futebol quanto um esquimó do pólo norte. Contra isso há o fato de o velhinho ser de fato o único tetracampeão mundial de seleções. Eis um breve histórico de suas conquistas na seleção brasileira:

Suécia 1958: Zagalo viaja com a seleção brasileira na merecida reserva do grande Pepe, do Santos. A poucos dias da estréia, Pepe machuca-se e Zagalo assume a vaga. Marca um dos cinco gols da seleção na final contra os anfitriões.

Chile 1962: O caráter cíclico da historia manifesta-se mais uma vez, com Pepe machucando-se novamente às vésperas da estréia. Zagalo marca o segundo gol na vitória contra o México, na primeira fase.

México 1970: Já como técnico, assume a vaga de João Saldanha, demitido do cargo pouco antes da copa. O time de Saldanha marcou 23 gols e tomou apenas 2 nas seis partidas das eliminatórias (média de 3,75 gols por jogo). Protegido dos então presidentes da CBD João Havelange e da República Médici (torcedor do Atlético Mineiro e fã de Dario “Dadá Maravilha”), Zagalo retribuiu convocando Dario (que ficou conhecido como “o jogador do Presidente”). Com Pelé, Rivelino, Jairzinho, Gérson, Tostão e Cia., nem Zagalo poderia estragar o time, como faria na copa seguinte.

Estados Unidos 1994: como “coordenador técnico” da seleção, fez o possível para atrapalhar o trabalho de Carlos Alberto Parreira, relutando em convocar o Romário para as eliminatórias. Romário “só” jogou a partida decisiva, marcando contra o Uruguai os dois gols que puseram o Brasil na copa. Nos EUA, foi mais que decisivo, marcando 5 dos 11 gols da seleção, além de participar de mais cinco.

Diante desses números, poucos esquecem dos seus fracassos como treinador nas copas de 1974 e 1998. Na primeira, disputada na Alemanha, ironizou o revolucionário futebol da seleção holandesa com a frase “A Holanda faz muito tico-tico no fubá” e prometeu “espremer a Laranja Mecânica”. Resultado: passeio holandês e vitória incontestável dos laranjas (que jogaram de branco, talvez por isso não foram “espremidos”) por um 2 a 0 que ficou barato. Já na França em 1998, cortou Romário às vésperas do embarque, escalou Junior Baiano como zagueiro titular e não teve pulso para lidar com a mal-explicada convulsão do artilheiro Ronaldo a poucas horas da final contra os anfitriões. Resultado: derrota de 3 a 0, com Ronaldo fazendo número durante toda a partida, sem ser substituído. Dizem que foi exigência do patrocinador.

Fora isso, volta e meia pipocam acusações (pouco divulgadas na mídia, diga-se de passagem) de que o velhinho ganha um por fora em negociações de jogadores (sabe-se que um de seus filhos é empresário do ramo) e que isso poderia influenciar nas convocações da seleção brasileira. Além do mais, Zagalo reza pela cartilha de Ricardo Teixeira, um câncer abrigado desde 1989 até hoje como presidente da Confederação Brasileira de Futebol (antiga “de Desportos”), o que, obviamente, não significa riqueza de caráter.

Friday, May 19, 2006

Como, onde e quando o Brasil pode enfrentar...

... Alemanha: se ambos terminarem a primeira fase na mesma colocação em seus grupos, os finalistas de 2002 podem fazer a “final dos sonhos” dos alemães em Berlim no dia 09 de julho. Se a Alemanha vencer seu grupo e o Brasil ficar em segundo no seu, jogam em Dortmund na semifinal de 04/07. Caso ocorra o inverso, jogam no dia seguinte em Munique, pela outra semifinal.

... Argentina: se o Brasil for primeiro do seu grupo e a Argentina segunda do seu, podem jogar a semifinal de Dortmund em 04 de julho; se houver o contrário, em Munique, no dia seguinte; se ambos se classificarem em primeiro nos grupos e avançarem nas fases seguintes podem fazer a América do Sul decidir o titulo mundial em solo europeu, Berlim, dia 09 de julho.

... Espanha: se ambos terminarem em primeiro nos seus grupos, jogam as quartas-de-final em Frankfurt no dia 1º de julho; caso ambos terminem em segundo, decidem uma vaga na semifinal em Hamburgo no dia anterior.Caso terminem em colocações diferentes na primeira fase, só poderiam se encontrar numa improvável final em Berlim no dia 09 de julho.

... França: se o Brasil terminar em primeiro lugar e a França não, podem repetir em Frankfurt o confronto de quartas-de-final de 1986 em 01/07. Caso ocorra o inverso, se enfrentariam em Hamburgo na véspera. Se ambos obtiverem a mesma colocação, pode haver em Berlim 2006 uma final com cara de revanche de 1998.

... Holanda: se a Holanda ficar em primeiro no grupo e o Brasil em segundo no seu, podem fazer em Dortmund a semifinal de 04/07. Caso ocorra o inverso, se enfrenatariam em Munique no dia 05/07. Se os dois passarem da primeira fase na mesma colocação, só em Berlim na final em 09/07.

... Inglaterra: Se ambos se classificarem em primeiro em seus grupos, na semifinal do dia 04/07 em Dortmund. Se ambos ficarem em segundo, no dia seguinte em Munique. Se ficarem em colocações diferentes nos respectivos grupos, só na decisão em Berlim no dia 09 de julho.

... Itália: Caso o Brasil seja primeiro do seu grupo e a Itália não, se enfrentam pelas oitavas-de-final em Dortmund no dia 27/06. Caso haja o inverso, o confronto será em Kaiserlautern no dia anterior. Caso ambos obtenham a mesma colocação, só poderão se encontrar em Berlim na decisão de 09 de julho.

... Portugal: Se ambos forem primeiros em seus grupos, podem se enfrentar pela semifinal em Dortmund no dia 04/07. Se ambos forem segundo colocados, podem fazer a semifinal em Munique no dia seguinte. Se terminarem em colocações diferentes, só podem se enfrentar em Berlim na final em 09/07.

Thursday, May 18, 2006

Fome de gol

Todo atacante que se preza tem especial obsessão em terminar o campeonato como o jogador que mais fez gols. Se a artilharia vem junto com a taça de campeão, melhor ainda. E se o torneio em questão e a Copa do Mundo, não faltam candidatos a goleador máximo. E a qualidade dos candidatos e simplesmente inquestionável, uma vez que são “apenas” os melhores do mundo. Segundo a bolsa de apostas londrina William Hill, estes são os dez mais cotados a se consagrar como artilheiro da Copa do Mundo 2006:

1º: Ronaldo (Brasil): 9 libras para cada apostada.
Nenhum jogador em atividade marcou mais em copas do mundo do que ele. Nada menos que 12 gols em três edições (não jogou em 1994). Aos 29 anos, o camisa 9 do Real Madrid chega à sua quarta copa podendo entrar para a história como o jogador que mais gols marcou no torneio: se marcar um gol por jogo na primeira fase, chegará aos 15 e desbancará, em plena Alemanha, o ídolo Gerd Muller, que marcou 14 gols em duas participações (1970 e 1974). Mesmo tendo sofrido seguidas contusões alternadas com exibições abaixo da média, Ronaldo é, com toda a justiça, o mais forte candidato a goleador máximo da Copa do Mundo, tal como em 2002, quando marcou 8 gols.

2º: Adriano (Brasil): 12 libras para cada apostada.
Apelidado pela fanática torcida da Internazionale de Milão de “Imperador”, Adriano disputa sua primeira Copa com um currículo recente invejável: detonou a seleção argentina em duas finais seguidas, a Copa América de 2004 e a das Confederações em 2005. Começou bem a temporada européia, mas sofreu algumas contusões que o impediram de brigar pela artilharia do campeonato italiano além de perder espaço na equipe e trombar com alguns jogadores argentinos (claro) do elenco, em especial o meio-campista Verón. Num ambiente menos turbulento, como a seleção brasileira, tem grandes chances de reencontrar seu melhor futebol. Entretanto, caso o “quarteto mágico” (Ele, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká) falhar, o primeiro a perder a vaga certamente será ele.

3º: Thierry Henry (França): 13 libras para cada apostada.
Após surgir para o mundo marcando dois gols na campanha da França campeã de 1998, Henry passou em branco assim como o resto da equipe em 2002. Aos 28 anos, o artilheiro do Arsenal é um dos melhores e mais habilidosos atacantes do mundo, combinando precisão, oportunismo e criatividade. Depois de perder a final da Copa dos Campeões para o Barcelona de Ronaldinho Gaúcho (com quem disputou o título de melhor do mundo em 2004), Henry chega à Alemanha disposto não só a apagar a má campanha dos “Bleus” em 2002, mas a conquistar o título, o que seria uma ótima despedida para muitos colegas (Zidane, Thuram, Makelele, Barthez, etc) que irão disputar a copa do mundo pela última vez.

4º: Michael Owen (Inglaterra): 13 libras para cada apostada
Aos 18 anos de idade, o atacante inglês marcou um dos mais belos gols da copa de 1998, contra a Argentina nas oitavas-de-final. O jogo terminou empatado em 2 a 2, com vitória argentina na cobrança de pênaltis. A impressão que ficou foi de que Owen e o “English Team” poderiam ter ido mais longe. Na copa seguinte, a Inglaterra foi até as quartas-de-final e esbarrou no Brasil. Na derrota por 2 a 1, Owen abriu o placar logo aos 3 minutos de jogo. Depois de oito temporadas no Liverpool, teve uma pífia passagem pelo milionário e caótico Real Madrid na temporada 2004/2005. De volta à Inglaterra na temporada seguinte, teve seu desempenho no Newcastle prejudicado por lesões e, segundo o técnico da seleção inglesa, problemas de cunho psicológico. Problemas já superados, de acordo com Sven-Goran Eriksson. Jogando naquela que é a maior seleção inglesa desde a campeã de 1966, Owen tem boas chances de repetir o feito de Gary Lineker, artilheiro da Copa de 1986.

5º: Ronaldinho Gaúcho (Brasil): 15 libras para cada apostada
O craque absoluto do Barcelona foi eleito duas vezes seguidas o melhor do mundo, dono de passes e lançamentos precisos, dribles desconcertantes além de muito eficiente nas finalizações. Dentre os cotados para artilharia é o primeiro não-finalizador nato. Mas quem viu seus gols pelo Campeonato Espanhol e Liga dos Campeões sabe que seus chutes a gol costumam ser fatais. E com ele no time, a bola chega fácil para os atacantes. Não por acaso, a dupla de ataque de sua equipe é formada pelos mais cotados à artilharia. O melhor jogador do mundo pode se tornar, ao lado do companheiro de clube Edmilson, os primeiros jogadores a vencer o Campeonato Nacional, a Liga dos Campeões e a Copa do Mundo no mesmo ano. Apenas um jogador conseguiu este feito: o alemão Franz Beckenbauer em 1974.

6º: Ruud Van Nistelrooy (Holanda): 17 libras para cada apostada.
O oportunista centroavante do Manchester United terá o esquema tático de sua equipe jogando mais do que a seu favor. Um 4-3-3 à antiga, com dois pontas clássicos (Kuyt e Robben) abertos só para deixá-lo na cara de gol. E de fazer gol Van Nistelrooy entende: desde que chegou ao seu atual clube, em 2001, ele já marcou 146 gols. Pela seleção holandesa são 14 gols em 24 jogos. O duelo entre ele e o argentino Crespo, na última rodada da primeira fase, promete ser um dos mais empolgantes da Copa 2006.

7º: Luca Toni (Itália): 21 libras para cada apostada.
O goleador da Fiorentina pode ser a manutenção de uma tradição italiana: a dos atacantes pouco conhecidos que fazem boas temporadas por uma equipe intermediaria e explodem na Copa do Mundo, como Paolo Rossi, artilheiro de 1982 com seis gols, Schilacci em 1990, artilheiro com os mesmos seis gols e Vieri em 1998, vice-artilheiro com cinco. Toni não é nenhum garoto (chega à copa com 29 anos), mas teve uma ascensão impressionante. Depois de perambular por quase dez anos por equipes como Modena e Brescia, ajudou a tirar modesto Palermo da segunda divisão. Em 2004/2005 marcou 20 gols já em sua primeira temporada na Série A. Foi para a Fiorentina no ano seguinte para ser o artilheiro da competição com 31 gols em 38 partidas. E ele não é nenhum Carlinhos Bala, pois destes gols apenas dois foram de pênalti. Pela seleção,

8º: Hernán Crespo (Argentina): 21 libras para cada apostada
O atacante do bicampeão inglês Chelsea é o terceiro maior artilheiro da seleção da Argentina, atrás apenas de Batistuta e Maradona. Entretanto, seu desempenho em Copas é modesto. O experiente camisa nove argentino completará 31 anos no dia da disputa da segunda semifinal da Copa. Pode inclusive estar em campo enfrentando o Brasil nesta data, caso o Brasil vença seu grupo na 1ª fase, a Argentina fique em segundo lugar no seu e ambos vençam suas respectivas partidas nas oitavas e quartas-de-final. O Mundial de 2006 provavelmente será a última chance de Crespo brilhar numa copa. Caso o cenário descrito se concretize, os torcedores brasileiros desejam que ele tenha o aniversário mais triste de sua vida.

9º: Andriy Schevchenko (Ucrânia): 21 libras para cada apostada
O grande nome da estreante Ucrânia chega à Copa do Mundo credenciado pelos muitos gols marcados pelos dois clubes em que atuou, o Dínamo de Kiev e o Milan. Entretanto, sofreu uma contusão a menos de um mês da copa e sua participação na competição em plena forma ainda é incerta. Além do mais, outros jogadores importantes do grupo se machucaram, a ponto do técnico admitir um que as perspectivas da equipe na competição mudaram. Por outro lado, a Ucrânia caiu num grupo teoricamente fácil, com Arábia e Tunísia. É pouco provável que deixe de disputar o primeiro lugar com a Espanha, classificando-se para a fase seguinte.

10º: David Trezeguet (França): 26 libras para cada apostada.
Chamar o companheiro de ataque de Thierry Henry de craque chega a ser sacanagem. Mas se o assunto é quantidade de gols, aí não é justo falar mal de Trezeguet. Os adversários da Juventus bicampeã italiana, estes sim podem falar mal, pois Trezeguet costuma ser implacável com eles desde que chegou ao clube (na última temporada marcou 22 e foi vice-artilheiro). Caso repita na Copa a eficiência demonstrada na “Vecchia Signora”, ele e a França podem ir longe. Apesar de sua média de gols na seleção ser de quase um gol a cada duas partidas, o técnico francês ainda não conseguiu encontrar um esquema eficiente para que ele e Henry joguem juntos.

Outros bem cotados para a artilharia:
11º: Alberto Gilardino (Itália): 26 libras para cada apostada
Grande promessa da “Azzura”.

12º: Miroslav Klose (Alemanha): 29 libras para cada apostada
Artilheiro da Alemanha na Copa de 2002, com cinco gols.

13º: David Villa (Espanha): 29 libras para cada apostada
Artilheiro do Campeonato Espanhol 2005/2006.

14º: Pauleta (Portugal): 34 libras para cada apostada
Com Cristiano Ronaldo, Figo e Deco armando para ele, pode ser um perigo.

Fernando Torres (Espanha)
Em má fase, deve ficar no banco de reservas.

Tévez (Argentina)
O melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2005.

Wednesday, May 17, 2006

Os favoritos da vez (e/ou de sempre) - Parte 02

Conforme o prometido, mais seleções favoritas, de acordo com a cotação na casa de apostas William Hill.

Alemanha: 9 libras para cada apostada.
Se não jogasse em casa, estaria no mínimo três vezes menos cotada. Passando por um momento de escassez de talentos, a seleção alemã ainda depende muito dos principais nomes da copa de 2002, na qual conquistou o vice-campeonato: o goleiro Oliver Khan (que perdeu a posição para Jens Lehmann, finalista da Copa dos Campeões da Europa pelo Arsenal), o atacante Miroslav Klose (artilheiro da equipe em 2002, com cinco gols de cabeça) e, principalmente, o meia Michael Ballack. Este afirmou que um eventual fracasso de sua seleção poderia ser atribuído antecipadamente à pouca experiência da maioria da equipe, jovens que poderiam disputar torneios sub-21. Dentre estes, destaque para o zagueiro Per Mertsacker, que se machucou às vésperas do torneio, mas não deve desfalcar a equipe, e o atacante Lucas Podolski. Mesmo assim, não será surpresa se chegar ao menos até a semifinal.

Argentina: 9 libras para cada apostada.
A eliminação precoce na última copa, a saída de alguns dos principais jogadores (Ortega, Verón, Batistuta) e a baixa média de idade da atual equipe poderiam motivar uma cotação bem menor para a seleção argentina. Além disso, o experiente Riquelme, principal jogador do time, não teve o que se poderia chamar de um bom final de temporada. Mas a Argentina tem tradição de montar equipes competitivas e conta com um grupo que ganhou os últimos três mundiais sub-20 (igualmente comandados pelo técnico Jose Pekerman) e a medalha de ouro olímpica, em Atenas. Além disso, tem Carlos Tévez, que conseguiu a proeza de ser o melhor jogador em atividade no Brasil em 2005 e o jovem Lionel Messi, do Barcelona, que se chegar em forma tem tudo para ser um dos craques da Copa.

Espanha: 13 libras para cada apostada.
A “Fúria” não chegou às semifinais da última copa por obra e culpa da arbitragem, que beneficiou claramente os anfitriões sul-coreanos nas quartas-de-final. Para esta copa, o técnico Luis Aragonés convocou uma seleção com poucos atacantes natos, apenas três: Raúl (Real Madrid), David Villa (Valencia) e Fernando Torres (Atlético de Madrid), deixando Morientes de fora. Entretanto, alem de serem atacantes acima da media, o elenco tem bons meias de criação (Luis Garcia, Xabi Alonso e o jovem Fabregas, que jogam na Inglaterra). A grande surpresa foi a convocação do brasileiro naturalizado Marcos Senna. Jogando num grupo teoricamente fácil (com Arábia Saudita e Tunísia) e estreando logo contra o outro “forte” do grupo (Ucrânia), não deve ter dificuldades em avançar às oitavas.

Holanda: 13 libras para cada apostada.
A participação da seleção holandesa é sempre aguardada com expectativa, desde que Cruijff e Cia encantaram o mundo em 1974. Ausente em 2002, a Holanda chega à Alemanha apostando alto na renovação. O técnico Marco Van Basten abriu mão da experiência dos semifinalistas da Copa de 1998, convocando apenas três jogadores daquele grupo: o goleiro Van Der Saar, o lateral Giovanni Van Brockhorst e o meia Philip Cocu. Nomes como Kluivert, Davids, Seedorff e Stam ficaram de fora. O técnico aposta num esquema bastante ofensivo, com dois pontas armando para o artilheiro Van Nistelrooy. Além da renovação etária, há outra, um tanto incômoda e perniciosa: após as suspeitas de que conflitos de cunho racial no grupo teriam sido responsáveis pela não-classificação da equipe para a copa de 2002, Van Basten adotou uma solução simples e pragmática: convocou apenas três atletas "de cor": o zagueiro Kew Jaliens, o meia Hedwiges Maduro e o atacante Ryan Babel.

França: 13 libras para cada apostada.
Dentre as seleções que já foram campeãs, a França é a que chega menos cotada. Além da média de idade de 30 anos (a mais alta da copa), que deixa a equipe bem mais vulnerável à baixas por contusão, houve também os maus resultados na Copa de 2002 (quando não marcou um gol sequer, sendo eliminada na primeira fase) e na Eurocopa 2004, quando foi desclassificada pela limitada Grécia (que acabou conquistando título). Não ia bem nas eliminatórias, até que uma mobilização nacional motivou o retorno do meia Zidane, herói da conquista mundial de 1998. Com ele em campo e em forma, até jogadores limitados como Wiltord e Cissé podem se tornar perigosos. Além do mais, a carreira de “Zizou” terminará junto com o apito final da última partida da França na Copa. E certamente Makelele, Vieira, Thuram, Henry e Trezeguet não querem somente apagar o fiasco de 2002 com uma campanha um pouco melhor. Eles querem e acreditam no título, sim.

Portugal: 21 libras para cada apostada.
Luiz Felipe Scolari prometeu deixar o comando da seleção brasileira logo após a disputa do mundial de 2002. Mesmo com o título, não mudou de idéia e foi treinar a seleção de Portugal. Com uma campanha invicta nas eliminatórias (9 vitórias e três empates) e o vice-campeonato da Eurocopa, Portugal aposta principalmente na habilidade de Cristiano Ronaldo e Deco, além dos gols do artilheiro perna-de-pau Pauleta. Scolari também acabou fazendo as pazes com Luís Figo, com quem havia trocado farpas. Se Figo jogar o que sabe, os lusitanos têm boas chances. E Felipão mostrou ter a sorte a seu favor antes da bola rolar: tal como o Brasil em 2002, Portugal pegou um dos grupos teoricamente mais fáceis do torneio: Angola e Irã completam o grupo junto com o México, que deve disputar com Portugal a primeira colocação na chave.

Tuesday, May 16, 2006

Os favoritos da vez (e/ou de sempre) - parte 01

Toda competição tem seus favoritos, uns mais que outros. Uma boa maneira de medir este aspecto é pela cotação de cada equipe na bolsa de apostas. Na casa londrina William Hill, estas são as três seleções mais cotadas para vencer a Copa do Mundo 2006:

Brasil: 3,25 libras para cada apostada.
Inegavelmente, o selecionado brasileiro nunca foi tão favorito a vencer uma Copa desde... 1982. Ronaldinho Gaúcho foi eleito duas vezes seguidas o Melhor do Mundo (e da ultima vez, com sobras). Além dele há no grupo pelo menos quatro jogadores com poder de decisão inegável (Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Adriano e Robinho) e outros de comprovada experiência e qualidade, só perde a Copa por um desastre – que sempre está sujeito a acontecer numa competição eliminatória curta como a Copa do Mundo. No banco, o técnico campeão mundial de 1994, o experiente e tranqüilo Carlos Alberto Parreira. Contra o time pesam o suposto cansaço dos principais jogadores e o pouco tempo de preparação. Em 2006, até a convocação, o time só jogou uma vez, contra a Rússia e só volta a jogar às vésperas da estréia contra um combinado suíço e a seleção da Nova Zelândia – adversários de inferioridade imensurável.

Inglaterra: 8 libras para cada apostada.
Em segundo lugar no ranking das apostas, o English Team chega à Copa com aquele que seria o seu melhor time de todos os tempos – melhor até que a equipe campeã mundial em 1966. Destaque para o meio-de-campo, formado por Frank Lampard (segundo melhor do mundo em 2005), Steven Gerard, David Beckham e Joe Cole. O ataque, teoricamente excelente, virou uma incógnita, já que Michael Owen estaria passando por problemas psicológicos e a jovem sensação Wayne Rooney contundiu-se e sua recuperação se completará às vésperas do mundial. Além disso, meses antes do torneio, o técnico Sven-Goran Eriksson envolveu-se numa “pegadinha”, falando mais do que devia sobre certos jogadores e já deixará a seleção inglesa mesmo que conquiste o título. Eriksson mostrou ousadia (ou seria irresponsabilidade) ao convocar Theo Walcott, jovem promessa de 17 anos que sequer jogou no time principal do Arsenal, que o contratou no início do ano. Além do mais, a seleção inglesa tem fama de “amarelar” em partidas decisivas, como no confronto com o Brasil numa das quartas-de-final em 2002.

Itália: 8,5 libras para cada apostada.
A Squadra Azzura é como sua conterrânea na Fórmula 1, a Ferrari. Pode até não vencer, mas sempre tem chance e é bem cotada. O principal nome do time, Francesco Totti, vai à Copa imediatamente após recuperar-se de uma contusão que o afastou dos gramados por três meses. Caso não esteja em sua melhor forma, abre espaço para o veterano Del Piero, que voltou a jogar bem pelo seu clube, o Juventus. Tal como Pelé e Tostão em 1970, há quem ache que ambos não podem jogar juntos, de acordo com a tradição italiana de não escalar dois meias habilidosos na mesma equipe. Por outro lado, há uma espécie de consenso de que a Itália estaria abandonando o defensivismo que levou o time a cinco finais de Copa e três títulos. O que, ainda no campo da tradição, pode não significar necessariamente algo bom para eles. Fora os dois meios-campistas, não há no time nenhum jogador que mereça o rótulo de craque – algo que pode ajudar no caráter coletivo do time, que fez péssima campanha na Eurocopa, sendo eliminado logo na primeira fase. E para os supersticiosos de plantão, a Itália chega à Copa com seu futebol afundado em denúncias de manipulação de resultados, tal como em (três batidas na madeira) 1982. E pode ser adversário do Brasil já nas oitavas-de-final, caso um dos dois termine em segundo no seu respectivo grupo. Curiosidade: a seleção italiana é a única do Mundial cujos todos os convocados jogam em times do país.

A seguir: mais favoritos, ainda que menos cotados do que os supracitados.

Monday, May 15, 2006

Uma convocação com a cara do técnico

Apenas duas surpresas na convocação da seleção brasileira de futebol que irá disputar a Copa do Mundo na Alemanha: o anúncio em si, feito em ordem alfabética num telão com as imagens dos jogadores surgindo (copiado do modelo inglês) e o visível mau-humor de Parreira na entrevista coletiva.

Entre os 23 convocados, nenhuma surpresa. Poucas contestações. Talvez o único equívoco tenha sido chamar o meia corintiano Ricardinho. Recém-eleito numa pesquisa da revista Placar como o mais odiado entre os colegas de profissão. Ele não vem jogando bem há alguns meses e talvez fosse mais indicado levar o Júlio Baptista, um dos poucos a sobressair-se no tumultuado Real Madrid, ou Alex, destaque da equipe turca do Fenerbahce. Ricardinho foi um dos dois convocados que atuam no futebol brasileiro. O outro foi o goleiro são-paulino Rogério Ceni, convocado meio a contragosto por Parreira, que apesar de não afirmar, queria mesmo o palmeirense Marcos, fora da lista por contusão. O nome do zagueiro Cris também foi recebido com desconfiança por parte da imprensa.

Pelo momento, Rogério Ceni bem que mereceria a vaga de titular. Mas a suspeita de que ele tivesse participado do complô de jogadores que derrubou Parreira quando técnico do São Paulo em 1996 pesou. Mas Dida tem a confiança do técnico da seleção e será o camisa 1 na Copa.

Pela numeração, Parreira irá utilizar o “quarteto mágico”, formado por Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano e Ronaldo. Pelo que se conhece de Parreira, ele está pressionado por imprensa e opinião pública. Se der certo, pode ser garantia de muitos gols. Por outro lado, vários técnicos de outras seleções (incluindo Zico, do Japão, terceiro adversário na primeira fase) já manifestaram que prefeririam enfrentar o Brasil com essa formação, que sobrecarregaria os meias de marcação (Emerson e Zé Roberto). Além disso, os dois laterais titulares (Cafu e Roberto Carlos) já estão um tanto passados na idade e no preparo físico. È esperar e ver o que acontece.

Eis a lista dos convocados:

Goleiros:

Dida (Milan – ITA)
Rogério Ceni (São Paulo – BRA)
Júlio César (Internazionale – ITA)

Laterais:
Cafu (Milan – ITA)
Cicinho (Real Madrid – ESP)
Roberto Carlos (Real Madrid – ESP)
Gilberto (Hertha Berlim – ALE)

Zagueiros:
Juan (Bayer Leverkusen - ALE)
Lúcio (Bayern de Munique - ALE)
Luisão (Benfica - POR)
Cris (Lyon – FRA)

Meias:

Émerson (Juventus - ITA)
Edmilson (Barcelona - ESP)
Zé Roberto (Bayern de Munique - ALE),
Gilberto Silva (Arsenal - ING)
Juninho Pernambucano (Lyon – FRA)
Ricardinho (Corinthians – BRA)
Kaká (Milan - ITA)
Ronaldinho Gaúcho (Barcelona – ESP)

Atacantes:

Ronaldo (Real Madrid – ESP)
Adriano (Internazionale – ITA)
Robinho (Real Madrid – ESP)
Fred (Lyon - FRA)

Contribuição por clube à seleção:

Real Madrid – ESP: 4 jogadores
Milan – ITA: 3 jogadores
Lyon – FRA: 3 jogadores
Barcelona – ESP: 2 jogadores
Bayern de Munique – ALE: 2 jogadores
Internazionale – ITA: 2 jogadores
Arsenal – ING, Bayer Leverkusen – ALE, Benfica – POR, Corinthians – BRA, Hertha Berlim – ALE, Juventus – ITA, São Paulo – BRA: 1 jogador cada

Contribuição por país à seleção:

Espanha: 6 jogadores
Itália: 6 jogadores
Alemanha: 4 jogadores
França: 3 jogadores
Brasil: 2 jogadores
Inglaterra e Portugal: 1 jogador cada