Sunday, July 09, 2006

Itália enterra o trauma dos pênaltis e chega ao tetracampeonato mundial (Itália 1(5)x1(3) França)

Após 63 partidas, 5 prorrogações, 145 gols, 3 disputas de pênaltis e tempo regulamentar total de 5820 minutos ou 97 horas de futebol, as seleções nacionais da Itália e da França fizeram a última das partidas da Copa do Mundo 2006.

Logo no primeiro minuto de partida, o atacante Henry se choca com o zagueiro italiano Cannavaro e sai de campo desacordado e de maca. Mas tudo não passou de um susto e o artilheiro gaulês logo estava de volta ao jogo, apitado pelo argentino Horacio Elizondo (o mesmo da partida de abertura entre Alemanha e Costa Rica). Elizondo teve trabalho logo cedo, mostrando cartão amarelo para o italiano Zambrotta depois de uma falta duríssima em Vieira.

Logo depois, o zagueiro Materazzi fez um pênalti infantil no francês Malouda. A exemplo da semifinal contra Portugal, o craque Zidane encarregou-se da cobrança: Sem tomar distância, percebeu que o goleiro adversário Buffon caía para o lado esquerdo (onde “Zizou” cobrou na semifinal) e rapidamente mudou de idéia, cobrando alto no lado oposto.

A bola bateu no travessão e bateu no chão, dentro do gol, numa distância que poderia ser percorrida por uma régua escolar. A Itália tomava seu segundo gol na Copa, saía em desvantagem na partida decisiva e o cronômetro marcava pouco mais de cinco minutos.

Sem se assustar, os italianos chegaram ao empate antes dos vinte minutos, num escanteio cobrado por Pirlo na direita que Materazzi subiu mais do que seu marcador Vieira e mandou de cabeça, empatando o jogo e se redimindo do pênalti esdrúxulo que fizera minutos antes.

O ritmo alucinado do jogo deu então uma pausa e as equipes passaram a se estudar, aguardando o erro alheio e alguma bola parada. Ainda assim, houve uma boa troca de passes entre os italianos Totti, Pirlo e Luca Toni, que teve seu chute bloqueado pelo zagueiro francês Thuram.

Três minutos depois, aos 38 minutos, quase um replay da jogada do gol italiano, com Pirlo cobrando da mesma forma o escanteio pela direita e Luca Toni cabeceando da mesma forma que Materazzi. Só que a bola tinha resolveu improvisar e chocou-se com o travessão. Foi o ultimo lance de perigo da etapa inicial.

Antes que se completasse o primeiro minuto do segundo tempo, Henry abriu caminho entre os adversários italianos para ficar de frente com o goleiro Buffon e chutar fraco.

Aos 4, Henry escapa de Camoranesi, tromba com Grosso, dribla Materazzi e tenta cruzar para Malouda, encontrando Zambrotta pela frente. Dois minutos depois, lá está Henry novamente na área italiana, mas não encontra espaço para o chute.

Um minuto depois, Ribery avança pela direita, toca no meio para Zidane, que encontra Malouda na área. O italiano Zambrotta dá combate, o francês cai e o árbitro italiano Horacio Elizondo não marca pênalti.

O ataque francês não dá trégua e aos nove minutos, Malouda avança pela esquerda e cruza na área tentando Ribery, que estava muito à frente.

Quando Henry recebeu a bola na frente de Cannavaro, abriu espaço e chutou para a defesa de Buffon, parecia que o segundo gol da França seria apenas uma questão de tempo.

A Itália, por sua vez, só deu seu primeiro chute aos 32 minutos, numa falta que Pirlo cobrou para fora.

Aos 34 minutos, o camisa 10 francês Zidane quase sai mais cedo de sua última partida como profissional ao deslocar o ombro numa disputa de bola com Cannavaro.

Mas ele voltou a campo para ver Makelele chutar por cima a ultima chance de desempate no tempo normal de partida.

Mais de 98 horas e meia de futebol não foram suficientes para o mundo conhecer o novo campeão mundial. Pela quinta vez na história, a decisão de uma Copa do Mundo precisava de uma prorrogação.

E aos quatro minutos, o abusado Malouda passou a bola por entre as pernas do capitão italiano Cannavaro. Aos nove, Ribery teve uma grande chance num chute rasteiro que passou ao lado da trave esquerda de Buffon. Ribery, exausto, foi substituído por Trezeguet logo em seguida, e Buffon fez uma defesa sensacional numa cabeçada de Zidane quatro minutos depois.

Veio o segundo tempo da prorrogação, com ambas as equipes esgotadas no aspecto físico. No psicológico, Zidane apresentou um desgaste um pouco maior do que os outros 21 em campo e acertou uma cabeçada inexplicável em Materazzi aos cinco minutos, sendo, com toda a justiça, expulso da partida.

Logo ele, que fazia sua última partida profissional e estava a dez minutos e uma inevitável disputa de pênaltis de se despedir do futebol como bicampeão mundial e craque da Copa.

Então, após 64 jogos, 6 prorrogações e 99 horas regulamentares de futebol (somados aos descontos, a marca passa com sobras das cem horas), foi necessário uma disputa de pênaltis (a quarta da Copa 2006) para saber se a França chegaria ao bicampeonato ou a Itália ao tetra.

A Itália nunca havia vencido uma disputa de pênaltis numa Copa do Mundo e a Franca nunca havia perdido uma decisão de título importante no futebol.

Pirlo, gol. Wiltord, gol. Materazzi, gol.

O placar marcava 2 a 1 e Trezeguet, autor do gol do título na Eurocopa 2000 sobre a mesma Itália, correu para sua cobrança. A bola foi no travessão, a exemplo da de Zidane no tempo normal. Mas caiu fora do gol e pôs a Itália em vantagem.

Os italianos De Rossi e Del Piero converteram suas cobranças. Abidal e Sagnol, pelo lado francês, não deixaram por menos.

Depois de cavar um pênalti que deu a classificação ao seu time para as quartas-de-final nos descontos da partida e fazer o primeiro gol da vitória sobre os anfitriões no antepenúltimo minuto da prorrogação, o que era uma cobrança de pênalti para Fabio Grosso? A chance de dar o quarto título mundial à seleção italiana de futebol.

Que em 2010 pode chegar ao penta, a exemplo do Brasil.

Saturday, July 08, 2006

Alemanha vai à forra com Felipão (Alemanha 3x1 Portugal)

“Disputar o terceiro lugar é mais um sofrimento do que qualquer outra coisa”. A frase dita pelo técnico de Portugal Luis Felipe Scolari numa entrevista antes da disputa do terceiro lugar da Copa 2006 diz muito sobre esta partida, que não é disputa em alguns torneios como, por exemplo, a Eurocopa.

Segundo Felipão, o filme da derrota de Portugal para a França graças a um gol de pênalti na semifinal não saiu da cabeça dos seus jogadores, bem como a eliminação alemã nos últimos dois minutos da prorrogação contra a Itália.

Com esse espírito, a anfitriã Alemanha e Portugal, o intruso na semifinal entre campeões entraram em campo em Stuttgart para disputar o jogo dos perdedores das semifinais, também conhecido pelo supracitado nome disputa de terceiro lugar. De um lado os alemães buscando uma despedida com vitória na Copa que organizaram tão bem e não conseguiram ganhar. Do outro Portugal buscando repetir sua melhor colocação no torneio, obtida em 1966.

No primeiro tempo, a costumeira ofensiva alemã nos primeiros minutos foi muito bem repelida pelos portugueses. O máximo obtido por Klose & Cia. foi uma reclamação por uma bola que resvalou no braço de Nuno Valente dentro da grande área.

Aos 14 minutos, Simão Sabrosa tocou para Pauleta, livre de marcação, chutar mal e permitir a defesa de Oliver Khan, que substituiu o titular Lehmann a pedido deste. Seis minutos depois, o meia alemão Kohl tentou de cobertura e o goleiro Ricardo se esticou para mandar a escanteio.

Três minutos depois, o apagado Klose (apenas dois chutes a gol na partida) tentou um drible da vaca em Ricardo Costa e foi seguro. Amarelo para o zagueiro lusitano. Na cobrança ensaiada, Podolski (eleito o melhor jogador jovem da Copa) chutou forte e Ricardo defendeu bem.

Com a boa marcação das duas equipes, a última boa chance do primeiro tempo aconteceu aos 30 minutos, depois que Simão Sabrosa deu um bom passe para Deco e este, na entrada da área, chutou de virada e mandou a bola por cima do gol.

No segundo tempo, as equipes parecem ter acordado para a partida e Simão Sabrosa levou perigo ao gol de Oliver Khan numa cobrança de falta aos cinco minutos. Em seguida, Cristiano Ronaldo deu um bom passe para Pauleta, que perdeu o ângulo do chute, aplicou um bom drible em Metzelder e chutou fraco e sem perigo para Khan.

No primeiro bom ataque alemão na segunda etapa, Schweinsteiger recebeu no lado esquerdo do ataque, puxou para o meio livrando-se de Paulo Carvalho e Petit e chutou de fora da área. Num misto de falha do goleiro e alta tecnologia da nova bola da Adidas, saía o primeiro zero do placar aos onze minutos.

Acesa no jogo, a Alemanha teve outra boa chance na bola invertida de Klose que encontrou o lateral-esquerdo Lahm deslocado pela direita. O chute de primeira passou muito perto do travessão de Ricardo. Dois minutos depois, Schweinsteiger cobrou falta pela esquerda, a bola desviou em Petit e foi para as redes. Tal como fez no primeiro tempo da partida de oitavas-de-final contra a Suécia, a Alemanha matou o jogo contra Portugal nos primeiros quinze minutos, desta vez na etapa final.

Apesar do abatimento, Portugal partiu para tentar marcar ao menos um gol, algo que não fazia desde as oitavas-de-final contra a Holanda. Ele quase veio no excelente passe de Cristiano Ronaldo para o chute de Deco muito bem defendido por Khan.

Aos 32 minutos, Figo (que acabava de substituir Pauleta) fez um bom passe para Cristiano Ronaldo chutar forte e Oliver Khan fazer outra grande defesa. No contra-ataque, Neuville passou para o craque da partida Schweinsteiger livrar-se de Petit e mandar um chute venenoso e indefensável para Ricardo e marcar o terceiro gol alemão. Se a arbitragem tivesse dado o gol contra de Petit para o meia alemão, ele seria o primeiro e provavelmente único jogador a marcar três vezes numa partida na Copa 2006.

Daí para frente, não havia muito mais a fazer para a Alemanha. Portugal, por sua vez, tentava o gol de honra. Aos 36, cruzamento da esquerda, e Metzelder meteu a cabeça para evitar o gol de Nuno Gomes. Não fosse o bom posicionamento e a sorte de Oliver Khan, o zagueiro teria marcado contra.

Cristiano Ronaldo teve mais duas chances de diminuir o placar: a primeira numa cobrança de falta que Khan, praticamente batido no lance, voltou e defendeu; a segunda num chute de fora da área.

A três minutos do final do tempo regulamentar, Figo cruzou da direita para o peixinho certeiro de Nuno Gomes que deu números finais à partida.

Assim, a anfitriã Alemanha chegou a um aplaudido e, por que não, honroso terceiro lugar, derrotando o treinador que os venceu na final de 2002 com o Brasil. E Felipão não conseguiu igualar o terceiro lugar obtido por Portugal quarenta anos antes.

Tanto Alemanha quanto Portugal acenam como boas apostas para 2006. A Alemanha tem um time jovem e só precisa encontrar um goleiro, já que Khan e Lehmann serão quarentões em 2010. Já Portugal, caso mantenha Felipão no comando técnico só precisa de jogadores ofensivos à altura de Cristiano Ronaldo. Por que com um jogador como Pauleta no comando de ataque fica difícil, muito difícil.

Friday, July 07, 2006

Sobre a eleição do craque da Copa e outras picaretagens

São dez candidatos, todos dos times semifinalistas. O verdadeiro quarteto mágico formado por Buffon, Cannavaro, Zambrotta e Pirlo da Itália; Os três mosqueteiros franceses Vieira, Zidane e Henry; a dupla alemã Ballack (tsc, tsc, esses alemães) e Klose (que deve ser o artilheiro da Copa); e o guerreiro solitário português Maniche. Uma formação para esse time seria Buffon; Zambrotta, Cannavaro e (vaga em aberto*); Vieira, Maniche, Pirlo, Zidane e Ballack; Henry e Klose.

E interessante como uma entidade “séria” como a FIFA seria capaz da estupidez dar tal prêmio na véspera da partida decisiva. E depois da decisão do terceiro lugar, talvez como uma forma de chamar a atenção para essa partida quase que completamente subestimada por seleções e torcida.

Pois assim foi feito em 1998 e 2002. Respectivamente, Ronaldo teve uma convulsão na noite seguinte ao anúncio de que tinha sido aclamado como melhor da Copa da França e sua seleção perdeu a final por 3x0. Quatro anos depois, o goleiro Oliver Khan foi o escolhido e tomou dois gols na final (o primeiro deles um frangaço) marcados pelo tal Ronaldo.

Bem vamos por partes: da Itália, Buffon não tem sido tão exigido em grande parte pelas atuações seguras de sua defesa comandada por Cannavaro. Tomaram apenas um gol em seis jogos, mesmo assim marcado contra. O lateral Zambrotta tem sido muito eficiente tanto na parte defensiva quanto ofensiva. E Pirlo foi até agora importantíssimo na armação de jogadas e chutes de longa distância compensando as atuações “meia-boca” de Totti. O “jogo de equipe” italiano levou à marcação de onze gols por dez jogadores diferentes. Materazzi, Zambrotta e Grosso pela defesa, Pirlo, Totti e Del Piero pelo meio-campo e os atacantes Inzaghi, Iaquinta, Gilardino, Luca Toni (2 vezes). Só faltava Buffon fazer o gol do título.

Na França, Vieira é de longe o melhor médio-volante da Copa, Zidane o candidato com melhor lobby (se aposenta depois da decisão da Copa) e Henry ainda tem chances na artilharia. Basta que o alemão Klose passe em branco na decisão do terceiro lugar e ele marque três gols na decisão. Em tempo: esta é a primeira Copa em que nenhum jogador marcou três vezes na mesma partida.

Na Alemanha, a indicação do discreto Ballack não passa de agrado dos responsáveis pela eleição nos frustrados alemães. Já a indicação do até aqui artilheiro isolado Klose é mais do que justa numa Copa que já apresenta a segunda média de gols mais baixa, de apenas 2,27 por jogo até agora.

A pior média registrada foi em 1990 na Itália, somente 2,21 por jogo. Se a decisão de 3º lugar e a finalíssima terminarem sem gols e forem decididas nos pênaltis, a Copa de 2006 será a de pior média de gols da historia do torneio.

Por fim, Maniche é o indicado “de consolação” de Portugal, pela boa marcação e chegada ao ataque além de ser o artilheiro lusitano no torneio (marcou 2 dos 6 gols da equipe em seis partidas). Se fizer três, empata com Klose, caso este passe em branco.

*a vaga em aberto poderia ser preenchida por... Roberto Carlos, num esquema 3-5-2 com ele de zagueiro.

Thursday, July 06, 2006

Rapidinha cretina (desculpem, não resisti)

O que as grandes personalidades do futebol brasileiro disseram a respeito de alguns semifinalistas:

“Doze sem perder tem treze letras”
Zagalo, provável técnico interino do Brasil, sobre a o número de partidas invictas de Luis Felipe Scolari em Copas do Mundo

“Aos 33 anos, a idade de Cristo, vou encerrar minha carreira na Copa da África Sul assim como Zidane fez na Alemanha. E podem esperar que estarei jogando igual a ele.”
Ronaldo Fenômeno, que vai passar por mais uma cirurgia no joelho, mas desta vez no esquerdo, sobre seu (após a copa) ex-colega de clube, que tem 34 anos

"Os jogadores italianos deveriam jogar de terno ou avental, não é, Sílvio Lancelloti?"
Luciano do Valle, sobre a seleção italiana.

“Tomei menos gols do que o goleiro da Alemanha.”
Dida, goleiro do Milan.

Wednesday, July 05, 2006

Zidane acaba com a invencibilidade de Felipão (Portugal 0x1 França)

Após ter sua série de vitórias consecutivas quebrada no empate com a Inglaterra, o técnico Luis Felipe Scolari perdeu pela primeira vez uma partida de Copa do Mundo. Depois de eliminarem a equipe que defendia o título Zidane, Henry e a seleção francesa eliminaram o técnico atual campeão do mundo.

Fácil como o Brasil, isso não foi, apesar de Henry ter a primeira chance logo no primeiro minuto de partida. Portugal respondeu aos 3 minutos com um chute rasteiro fraco, mas perigoso de Deco, que o sempre estranho goleiro francês Barthez se esticou todo para defender.

Aos oito, Cristiano Ronaldo avançou pelo meio da área e tocou de calcanhar para trás e Maniche soltou a bomba, por cima do gol. Barthez defenderia ainda um chute de Figo sete minutos depois.

Com sua média de idade acima de 31 anos, a tática francesa que tem dado certo nas ultimas partidas mais uma vez foi utilizada: jogo cadenciado, passes curtos e domínio total das funções de criação por parte do “inaposentável” Zinedine Zidane. Se bem que nesta partida ele não teve a moleza que encontrou contra o Brasil.

Aos 27 minutos, Henry fez uma boa jogada na área, mas chutou mal facilitou a defesa do goleiro Ricardo, que ainda não havia aparecido na partida.

O mesmo Henry foi um dos protagonistas da jogada que decidiu o jogo, aos 32 minutos da primeira etapa. Na entrada da área, ele pareceu escapar do carrinho de Ricardo Carvalho, mas espertamente deixou a perna para ser atingida. Pênalti.

Como que por agradecimento ao passe que recebeu de Zidane para marcar o gol da eliminação da equipe campeã mundial, Henry nem hesitou em deixar que Zidane cobrasse a penalidade.

Bola no canto direito do goleiro Ricardo, que ainda foi nela, mas desta vez não conseguiu defender. França 1x0 Portugal. 33 minutos do primeiro tempo.

Dois minutos depois Maniche chutou rasteiro de fora da área e Barthez defendeu. Logo depois, a bola foi alçada na área por Figo e Sagnol apoiou-se levemente no ombro de Cristiano Ronaldo, que foi ao chão. Mas o árbitro uruguaio Jorge Larrionda nada marcou.

A pressão portuguesa continuou e ainda no primeiro tempo Cristiano Ronaldo se livrando de três adversários e tendo seu chute desviado por Thuram.

A etapa final começou de forma muito parecida com a inicial, ou seja, com um chute de Henry no primeiro minuto. Mas desta vez o goleiro Ricardo teve que mandar para escanteio. Dois minutos depois, Zidane tocou para Ribery mandar uma bomba para o gol de Ricardo, que mandou a bola para escanteio.

Aos sete minutos, Portugal teve uma grande chance num chute de virada de Pauleta, que acertou a rede. Pelo lado de fora.
No confronto entre a experiência francesa e o ímpeto português, os gauleses cada vez mais iam levando a melhor, sem se arriscar muito no ataque e com um posicionamento defensivo impecável. Aos lusitanos, restava a alternativa de se lançar obstinadamente ao ataque e ao chão, esperando cavar um pênalti.

Aos 32 minutos, outra chance incrível: Cristiano Ronaldo cobrou falta com muita força, Barthez tentou sem sucesso encaixar a bola e Figo, extenuado pela partida e atrapalhado por Helder Postiga, cabeceou por cima do gol.

Os últimos minutos foram de longe os mais empolgantes da Copa, em 62 jogos disputados até então. Tentando manter a bola no ataque, a França cedia espaço aos contragolpes portugueses, que quase chegaram ao gol com Maniche, que chutou por cima e Nuno Valente, que cruzou fechado e a bola não encontrou ninguém ao passar por toda a extensão da meta francesa.

Nos descontos, cobrança de escanteio e até o goleiro Ricardo foi para a área francesa para tentar o gol que levaria o jogo para a prorrogação, o que seria um pesadelo para os “velhinhos” franceses.

E assim, discretamente, marcando apenas oito gols em seis partidas, a França chegou à segunda decisão de Copa da sua história. E a bela carreira de Zinedine Zidane se encerrará junto com o torneio na noite de domingo, 09 de julho de 2006. Com o bicampeonato mundial? É esperar para ver.

Tuesday, July 04, 2006

Valeu pela prorrogação (Alemanha 0x2 Itália)

Direto ao assunto: no tempo normal, a semifinal entre Alemanha e Itália foi um jogo muito chato. O fato de ser o primeiro jogo de semifinal de Copa do Mundo a terminar sem gols diz tudo: duas equipes que historicamente ficaram famosas por montar boas defesas (a Itália principalmente) que simplesmente se anularam resultando numa partida que terminou em zero a zero pela simples inexistência de um placar menor.

Mesmo assim, algumas boas chances foram criadas de ambos os lados no primeiro tempo, como num avanço do italiano Perrotta que o goleiro Lehmann evitou a tempo. O mesmo Perrotta não alcançou a bola numa boa falta cobrada por Pirlo. Se a Itália chegou mais ao ataque, a Alemanha teve a melhor chance da etapa inicial depois que Klose deixou Schneider livre e de frente para o gol, mas ele chutou por cima.

No segundo tempo, alguns poucos chutes de ambas as equipes que não criaram perigo para os goleiros. Se a partida não teve em seu tempo normal grandes lances de emoção, a equivalência tática das equipes tornou a partida bem interessante de se assistir. Durante quase todo o jogo, todos os jogadores de linha se encontravam próximos a bola, ou seja, nenhum jogador ficava plantado na defesa ou no ataque. Mesmo assim, a competência defensiva de ambas as equipes impediu a abertura do placar.

Na prorrogação, o jogo simplesmente mudou. Uma seleção italiana ofensiva como pelo menos os nascidos em 1979 nunca viram. Em menos de dois minutos, duas bolas na trave (e achavam que só o Brasil era capaz disso): A primeira com Gilardino (que substituiu ainda no segundo tempo o nulo Luca Toni) que teve a ousadia de simplesmente entortar com um drible dentro da pequena área o capitão alemão e pseudo-craque Ballack. Ele chutou fraquinho, mas a bola pegou Lehmann no contrapé, que viu a bola milagrosamente chocar-se na sua trave esquerda. O travessão alemão balançou pouco depois numa bomba do lateral Zambrotta da entrada da área.

A ousadia ofensiva do técnico italiano Marcelo Lippi, que também trocou o volante Camoranesi pelo atacante Iaquinta pareceu intimidar os alemães, que demoraram a revidar. Mesmo assim com uma cabeçada mal executada por Podolski, já no fim do primeiro tempo da prorrogação. Antes Pirlo já tinha mandado um bom chute de fora da área.

No segundo tempo, Perrotta deu lugar a Del Piero, quando todos achavam que Totti era quem sairia. O experiente meia-atacante teve uma boa chance aos seis minutos do segundo tempo da prorrogação, recebendo na pequena área e não encontrando espaço para o chute.

Logo depois, Podolski, livre na área, acerta um chute forte que Buffon defende milagrosamente. Dois minutos depois, Totti lança para Iaquinta passar de calcanhar para Gilardino que ajeita para o chute de fora da área de Del Piero.

A dois minutos da aparentemente inevitável disputa de pênaltis, Pirlo acerta um passe impossível e encontra entrando pelo lado direito da área alemã o lateral-esquerdo Fabio Grosso, que acerta um chute em curva ainda mais impossível. Era o início do fim da tão organizada festa alemã.

O Westfallen Stadium, em Dortmund, jamais havia presenciado uma derrota da seleção alemã. E no dia 04 de julho, data da semifinal da Copa 2006, se completava 52 anos da primeira Copa conquistada pela Alemanha (em 1954, na Suíça, numa final contra a Hungria, que não perdia há mais de três anos). Tudo aquilo ruiu a dois minutos da disputa de pênaltis.

Que a Itália nunca venceu nas três vezes em que disputou (semifinal de 1990, final de 1994 e quartas-de-final de 1998). E a Alemanha venceu nas 4 vezes que disputou (semifinais de 1982 e 1990 e quartas-de-final de 1986 e 2006). Por dois minutos, esse tabu não foi colocado à prova.

Para jogar mais água (ou seria vinho?) no chope alemão, Gilardino (nascido no dia em que Paolo Rossi acabou com os favoritos brasileiros em 5 de julho de 1982) deu um passe que deixou Del Piero frente a frente com o goleiro Lehmann e mandar a bola no ângulo, esbanjando categoria.

Finalmente a Itália conseguiu derrotar os anfitriões, algo que não haviam conseguido nas duas Copas anteriores, contra a França em 1998 (derrota nos pênaltis) e Coréia do Sul (derrota na morte súbita).

E os anfitriões da vez continuam fregueses em Copas dos italianos após empates em 1962 e 1978 e derrotas em 1970, também na prorrogação da semifinal e na decisão de 1982. E a estocada final: num amistoso entre as equipes três meses antes da Copa 2006, a Itália enfiou 4x1, jogando em Florença.

A Itália agora está a uma partida do tetracampeonato mundial.

Sobre as semifinais, rapidamente

Alemanha x Itália
O clássico da roubalheira. A Alemanha abriu a série de escândalos de manipulação de resultados em 2004, seguida pelo eliminado Brasil em 2005 e a Itália é a bola da vez em 2006. Esta por sinal, teve a notícia de que a justiça pediu o rebaixamento de quatro dos seus principais clubes, Juventus, Milan, Fiorentina e Lazio. Juntos, esses times têm 13 dos 23 convocados da seleção italiana. Seja lá quem passar, vai ter ladrão na final. Prefiro que seja a Itália.

Portugal x França
A empresa alemã de material esportivo Adidas sonha com uma final nos moldes de 1990, na Itália: as duas seleções, a arbitragem e a bola, tudo carregando as três listras da Adidas, desta vez no país-sede da empresa. Para isso, a França terá que eliminar os “grandes intrusos” da Copa: Felipão, técnico atual campeão e a seleção de Portugal, a única não-campeã entre as quatro seleções semififinalistas. Além disso, Portugal usa material da Nike, grande rival da Adidas.

PS: a Itália usa material Puma, empresa fundada por Horst Dassler, irmão e desafeto de Adi Dassler, fundador da... Adidas. Ou seja, Portugal e Felipão (que impediram uma semifinal só entre campeões ao eliminar a Inglaterra) são mesmo os intrusos nesta festa de campeões mundiais e empresas alemãs de material esportivo.

Monday, July 03, 2006

Mais sobre Brasil 0x1 França

Atendendo a um pedido indignado do meu amigo Felipe Melo, o Camarão, vou escrever de forma menos fria sobre o fiasco brasileiro em Frankfurt. Assim como eu e muitas das pessoas que conheço, Felipe nasceu nos últimos anos da década de setenta. A Copa de 2006 foi a última que nós, pessoas nascidas antes de 1980, assistiram antes ultrapassar barreira dos trinta anos.

Não foi fácil ser brasileiro assistindo naquela partida. Se os menores de 20 anos, que nunca souberam o que é uma Copa sem Brasil na final, queriam a revanche de 1998, os quase trintões queriam revanche de 1986, possivelmente a primeira de que têm lembranças mais nítidas.

Em 1986 a frustração estava em ver a geração de Zico se despedir sem um título mundial. A eliminação para a França, nos pênaltis após um empate em um gol (o único que o Brasil levou naquela Copa) com cobranças desperdiçadas pelos infalíveis Zico (no tempo normal), Sócrates e Platini (na disputa decisiva). Eliminados fomos, mas não perdemos com a bola rolando.

Em 1998, mesmo com a hegemonia do futebol no século assegurada após as eliminações de Itália e da Alemanha (os únicos que poderiam igualar o tetra) nas quartas-de-final, não foi fácil para muitos digerir os 3x0 de Zidane e sua trupe enfiaram nos comandados de Zagalo. O Brasil era a única seleção a vencer finais por goleada (5x2 na Suécia em 1958, inclusive com gol de Zagalo e 4x1 na Itália em 1970). Para quem nutre uma antipatia incondicional pelo velho gagá, foi até um tanto divertido, embora sádico.

Em 2006, a Copa que era impossível de perder, foi perdida. Para a França, nas quartas de final como em 1986. Com uma boa defesa (2 gols em cinco jogos), como em 1986. Mas não nos pênaltis. Quantos frustrados torcedores e admiradores da seleção brasileira não dariam seu reino por apenas um gol, apenas um gol que levasse a partida para a prorrogação e para os pênaltis. Que o Brasil perdesse a Copa, para a França, nos pênaltis, como há vinte anos atrás, para que só pudéssemos nos queixar da sorte, que não tivemos em 1986. Tudo o que os brasileiros queriam talvez fosse apenas mais alguns minutos de esperança ou sofrimento. Só isso.

Em Frankfurt, perdemos a Copa numa partida em que o goleiro adversário fez apenas uma defesa, nos descontos do segundo tempo. Fizemos um gol na Croácia, dois na Austrália, quatro no Japão e três em Gana. Para que? Parreira, o gênio por trás de frases como “ganhar não é a prioridade” e “o gol é apenas um detalhe” foi incapaz de montar um time capaz de marcar um gol na França. A Coréia do Sul fez gol na França.

Parreira e Zagalo perderam a Copa de 2006 tendo os melhores jogadores que o dinheiro pode comprar. Será que faltou o dinheiro dos outros que é mais bonito? Além da Copa, ambos perderam também o pouco de respeito que tinham conseguido com a conquista do tetra em 1994. De forma medíocre como eles, por sinal. Título nos pênaltis porque Roberto Baggio não converteu sua cobrança.

Onde estava o talento brasileiro quando mais se precisava dele? Onde estavam as jogadas mágicas de Ronaldinho Gaúcho, que tem seu prestígio abalado pela primeira vez na carreira quando o mundo inteiro esperou por elas? Perdidas em algum arquivo de imagens do Barcelona, clube pelo qual poderá ser campeão mundial?

O que dizer de Ronaldo, o homem que mais marcou gols em Copas do Mundo, tão pesado quanto a farsa montada por CBF, Rede Globo, Nike e etc. Vamos fazer uma relação completa de todos os gols marcados em Copas do Mundo por este fenômeno de peso.
1998: 1 contra Marrocos na primeira fase, dois contra o Chile nas oitavas e um contra a Holanda na semifinal.
2002: 1 contra a Turquia, 1 contra a China e dois contra a Costa Rica na primeira fase, um na Bélgica nas oitavas, 1 na Turquia na semifinal e dois contra a Alemanha na final
2006: 2 contra Japão na primeira fase e 1 contra Gana nas oitavas.

Além de Holanda e Alemanha, que outro time decente tomou gol de Ronaldo numa Copa? Gostaria muito que Klose marcasse três contra a Itália e três na final contra quem quer que fosse, para que a “espantosa” marca de Ronaldo durasse 12 dias.

O que dizer da utilização de Juninho como bode expiatório da pilantragem brasileira, escalando-o de titular numa escalação que jamais havia treinado junto?

Por falar em treinamentos, para que submeter seus horários aos da grade da Rede Globo e permitir cinco, dez mil pessoas assistindo e cobrando ingressos? Até que ponto se pode submeter um dos maiores patrimônios nacionais a isso? O dinheiro dos patrocinadores não é suficiente?

Será que a possibilidade de substituir o insubstituível Zinedine Zidane no Real Madrid mexeu com o equilíbrio de Kaká a ponto de ele simplesmente se omitir de participar da partida fatal?

No que se baseia o poder dos péssimos e decrépitos laterais Cafu e Roberto Carlos a ponto de permanecerem tanto tempo na seleção brasileira? Enquanto Zidane avisa que vai parar, eles insistem.

Será que algum jornalista vai perguntar a Roberto Carlos o que diabos ele estava pensando quando resolveu ajeitar a meia, ou urinar, na hora em que ninguém menos que Zidane iria cobrar uma falta na área brasileira?

Por que Cafu não se mancou de que após bater o tal recorde de jogos pela seleção brasileira em Copas do Mundo ele deveria se mancar e sair do time de forma voluntária? Maldito sejam os médicos que operaram seu joelho no início do ano. Deveriam ter esquecido um bisturi lá dentro.

Pois é, futuros trintões: tivemos a chance de estabelecer marcas que demorariam muito a ser batidas: quatro finais consecutivas, seis títulos mundiais... Alemanha e Itália, os tricampeões precisariam vencer a Copa três vezes consecutivas para igualar a marca. Ou seja, teríamos no mínimo até 2018 a exclusividade do penta. Disputando uma das semifinais, um deles poderá igualar já em 2010.

E para os que pensam que por ser na África do Sul o Brasil é favorito: o título que importava era o de 2006 que ficaria marcado indelevelmente na história seria em 2006, não adianta. Que graça tem ganhar uma Copa num país de pouca tradição no futebol? É a cara de Ronaldo: só faz gol nos fracos. Ah mas ele marcou na final contra a Alemanha? Pois é, com o goleiro abrindo, até eu.

Vamos ter que continuar a ouvir os velhos falando que futebol bom era no tempo de Pelé, que se jogava com amor à camisa, e toda essa ladainha. Vão à merda com essa história de amor à camisa. Isso é coisa pra Angola, Gana, times que estão engatinhando. Por que não jogar com amor próprio? Jogar para superar a história? Que se pense em dinheiro, mas que se pense um pouco também em si mesmo. Simples.

Torço agora que descubram mais falcatruas (é possível?) de Ricardo Teixeira e outros e suspendam o Brasil de competições internacionais, impedindo que participe da Copa de 2010. Uma copa no continente africano, sem o Brasil. Tomara.

“A derrota e a eliminação têm seu lado positivo. As pessoas vão pensar menos em futebol”.
Carlos Alberto Parreira, genial como sempre.