Tuesday, July 04, 2006

Valeu pela prorrogação (Alemanha 0x2 Itália)

Direto ao assunto: no tempo normal, a semifinal entre Alemanha e Itália foi um jogo muito chato. O fato de ser o primeiro jogo de semifinal de Copa do Mundo a terminar sem gols diz tudo: duas equipes que historicamente ficaram famosas por montar boas defesas (a Itália principalmente) que simplesmente se anularam resultando numa partida que terminou em zero a zero pela simples inexistência de um placar menor.

Mesmo assim, algumas boas chances foram criadas de ambos os lados no primeiro tempo, como num avanço do italiano Perrotta que o goleiro Lehmann evitou a tempo. O mesmo Perrotta não alcançou a bola numa boa falta cobrada por Pirlo. Se a Itália chegou mais ao ataque, a Alemanha teve a melhor chance da etapa inicial depois que Klose deixou Schneider livre e de frente para o gol, mas ele chutou por cima.

No segundo tempo, alguns poucos chutes de ambas as equipes que não criaram perigo para os goleiros. Se a partida não teve em seu tempo normal grandes lances de emoção, a equivalência tática das equipes tornou a partida bem interessante de se assistir. Durante quase todo o jogo, todos os jogadores de linha se encontravam próximos a bola, ou seja, nenhum jogador ficava plantado na defesa ou no ataque. Mesmo assim, a competência defensiva de ambas as equipes impediu a abertura do placar.

Na prorrogação, o jogo simplesmente mudou. Uma seleção italiana ofensiva como pelo menos os nascidos em 1979 nunca viram. Em menos de dois minutos, duas bolas na trave (e achavam que só o Brasil era capaz disso): A primeira com Gilardino (que substituiu ainda no segundo tempo o nulo Luca Toni) que teve a ousadia de simplesmente entortar com um drible dentro da pequena área o capitão alemão e pseudo-craque Ballack. Ele chutou fraquinho, mas a bola pegou Lehmann no contrapé, que viu a bola milagrosamente chocar-se na sua trave esquerda. O travessão alemão balançou pouco depois numa bomba do lateral Zambrotta da entrada da área.

A ousadia ofensiva do técnico italiano Marcelo Lippi, que também trocou o volante Camoranesi pelo atacante Iaquinta pareceu intimidar os alemães, que demoraram a revidar. Mesmo assim com uma cabeçada mal executada por Podolski, já no fim do primeiro tempo da prorrogação. Antes Pirlo já tinha mandado um bom chute de fora da área.

No segundo tempo, Perrotta deu lugar a Del Piero, quando todos achavam que Totti era quem sairia. O experiente meia-atacante teve uma boa chance aos seis minutos do segundo tempo da prorrogação, recebendo na pequena área e não encontrando espaço para o chute.

Logo depois, Podolski, livre na área, acerta um chute forte que Buffon defende milagrosamente. Dois minutos depois, Totti lança para Iaquinta passar de calcanhar para Gilardino que ajeita para o chute de fora da área de Del Piero.

A dois minutos da aparentemente inevitável disputa de pênaltis, Pirlo acerta um passe impossível e encontra entrando pelo lado direito da área alemã o lateral-esquerdo Fabio Grosso, que acerta um chute em curva ainda mais impossível. Era o início do fim da tão organizada festa alemã.

O Westfallen Stadium, em Dortmund, jamais havia presenciado uma derrota da seleção alemã. E no dia 04 de julho, data da semifinal da Copa 2006, se completava 52 anos da primeira Copa conquistada pela Alemanha (em 1954, na Suíça, numa final contra a Hungria, que não perdia há mais de três anos). Tudo aquilo ruiu a dois minutos da disputa de pênaltis.

Que a Itália nunca venceu nas três vezes em que disputou (semifinal de 1990, final de 1994 e quartas-de-final de 1998). E a Alemanha venceu nas 4 vezes que disputou (semifinais de 1982 e 1990 e quartas-de-final de 1986 e 2006). Por dois minutos, esse tabu não foi colocado à prova.

Para jogar mais água (ou seria vinho?) no chope alemão, Gilardino (nascido no dia em que Paolo Rossi acabou com os favoritos brasileiros em 5 de julho de 1982) deu um passe que deixou Del Piero frente a frente com o goleiro Lehmann e mandar a bola no ângulo, esbanjando categoria.

Finalmente a Itália conseguiu derrotar os anfitriões, algo que não haviam conseguido nas duas Copas anteriores, contra a França em 1998 (derrota nos pênaltis) e Coréia do Sul (derrota na morte súbita).

E os anfitriões da vez continuam fregueses em Copas dos italianos após empates em 1962 e 1978 e derrotas em 1970, também na prorrogação da semifinal e na decisão de 1982. E a estocada final: num amistoso entre as equipes três meses antes da Copa 2006, a Itália enfiou 4x1, jogando em Florença.

A Itália agora está a uma partida do tetracampeonato mundial.

2 Comments:

At Tuesday, 04 July, 2006, Anonymous Anonymous said...

Mauricio, eu sei que tu tá em Paulo Afonso, ora pois pois... Só queria ter reforçado o chamamento para ver esse curta que agora ninguém mais deverá ver na cidade. Tanto porque vai sair de cartaz, como ainda ninguém deverá querer saber de seleção brasileira por um bom tempo. hehehe
De qualquer forma, é sempre interessante ir no YouTube e rever alguns lances de Copas passadas.

 
At Tuesday, 04 July, 2006, Blogger Maurício Targino said...

Porra, eu queria muito ver esse filme da copa de 78

 

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