Tuesday, June 27, 2006

Não há espaço para as zebras na Alemanha (Brasil 3x0 Gana)

Numa Copa do Mundo de poucas surpresas, Brasil e Gana entraram no gramado do Fifa World Cup Stadium de Dortmund para a penúltima partida da fase de oitavas-de-final com a expectativa de uma partida com duas equipes jogando no ataque.

Apesar das críticas, o técnico brasileiro Carlos Alberto Parreira escalou o time da estréia, com Roberto Carlos e Cafu, dois laterais incapazes de marcar e apoiar e Ronaldo e Adriano, dois atacantes fixos e Emerson, volante que não parece estar em sua melhor forma física e técnica.

Quando todos esperavam que a seleção de Gana viria para cima do Brasil logo no início da partida, eis que o mágico Ronaldinho Gaúcho (com este esquema, bem menos mágico) tirou de sua cartola um belo lançamento para seu xará, agora um pouco menos gorducho, em posição legal. Mas o árbitro eslovaco Lubos Michel viu impedimento. O relógio marcava dois minutos de partida.

Os brasileiros nem tiveram muito tempo para lamentar, pois antes que se completassem cinco minutos, Kaká avançou no meio campo e fez um passe rasteiro perfeito para Ronaldo, que correu ate alcançar a bola, ficou de frente para o goleiro Kingson, deu sua manjada pedalada para o lado direito, o goleiro caiu e foi só puxar para o lado oposto e nem a chegada de Pantsil evitou que o centroavante abrisse o placar da partida e marcasse seu 15º gol em Copas do Mundo. Nenhum outro fez mais que ele.

Cai, na Alemanha, um recorde estabelecido há 32 anos pelo alemão Gerd Muller na Copa de 1974, disputada também na Alemanha.

Antes que Gana pudesse respirar, Adriano recebeu aos 12 minutos em circunstancias semelhantes à Ronaldo, tentou driblar o goleiro que nem Ronaldo, mas jogou-se na área, como Ronaldo não fez. Trocou o gol por um cartão amarelo.

Gana tentou aos 18, num chute longo de Draman que o goleiro Dida mandou para escanteio. Aos 23 e 28, Amoah teve boas chances, chutando muito perto da trave na primeira e em cima de Dida na segunda.

O Brasil voltou a ameaçar logo depois, numa bola alçada na área por Ronaldinho que Emerson não acertou a cabeçada e o goleiro defendeu. No escanteio, Lucio cabeceia no segundo pau e Kaká não aproveita.

Aos 34, o meio-campista Appiah acerta mais um de seus excelentes passes e Asamoah Gyan briga, tropeça e consegue chutar. Por cima e sem perigo. Sete minutos depois, a grande chance do empate, numa cabeçada de Mensah que Dida, meio no susto, defende com o pé direito.

Nos acréscimos da primeira etapa, o zagueiro Lúcio avançou com a bola dominada ate pouco depois do meio-campo e passou para Kaká na direita, que deixou para Cafu cruzar, a bola desviar em Shilla e Adriano, impedido, mandar de joelho para o gol e marcar o 200º da seleção brasileira em Copas do Mundo.

O erro da arbitragem levou o técnico de Gana Radomir Dujkovic a perguntar ao árbitro se ele estava vestido com a camisa do Brasil embaixo do uniforme. Ele e seu auxiliar acabaram sendo expulsos.

No segundo tempo, o Brasil procura esfriar o ímpeto de Gana, que continua criando boas chances e esbarrando na qualidade duvidosa de seus atacantes e nas boas (e fáceis) defesas de Dida. Na defesa, Gana consegue mostrar-se ainda pior do que no ataque, deixando verdadeiros rombos cujo aproveitamento era só uma questão de tempo.

A dez minutos do final, Asamoah Gyan recebeu mais um passe de Appiah e se jogou na área. Como já tinha amarelo, recebeu o 25º cartão vermelho da Copa. Um minuto antes, Juninho cruzou na área de Gana e Pantsil cabeceou contra o próprio gol e o goleiro Kingson te vê que se virar.

O golpe final veio aos 39 minutos, quando Ricardinho (que substituiu Kaká) fez um bom lançamento para Zé Roberto, livre, dar um toquinho com a sola da chuteira para tirar do goleiro Kingson e ficar com a meta livre à sua frente, pensar em tocar de letra, mas mudar de idéia, em nome do “fair play”.

O Brasil ainda teve a chance de golear, por três vezes: num chute cruzado de Ronaldo que Kingson defendeu, numa bola que Cafu recebeu livre dentro da área e tentou encobrir o goleiro quando Ronaldinho (que reclamou muito no lance) fechava livre pelo meio; e num passe de letra de Ricardinho para o zagueiro Juan, que bateu mal e permitiu a defesa do goleiro de Gana.

E o continente africano, pródigo em “zebras” e que sempre chega às oitavas-de-final desde 1986 (em 1990, Camarões foi às quartas e por muito pouco não foi semifinalista), vai ter que esperar até 2010 para tentar fazer história em Copas do Mundo. Até porque lá é que o torneio vai acontecer, na África do Sul.

1 Comments:

At Tuesday, 27 June, 2006, Anonymous Anonymous said...

Grande maurício, seus comentários centrados e informativos podem lhe levar um dia a ocupar a cadeira de CasaGrande e Senzala, hehehe

 

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