Sunday, June 25, 2006

Felipão vence a Batalha de Nuremberg (Portugal 1x0 Holanda)

Em geral, é mais fácil para um time de futebol evitar gols do adversário do que marcar contra eles. Essa afirmação, mesmo com toda sua carga de ingenuidade e reducionismo, se mostra escancaradamente verdadeira quando se está diante dos times treinados por Luís Felipe Scolari, o Felipão.

O primeiro e provavelmente por muito tempo o único técnico a vencer onze partidas de Copa do Mundo seguidas.

Depois de alcançar sete vitórias e o titulo pela seleção brasileira em 2002, Felipão igualou-se ao italiano Vittorio Pozzo, que obteve a marcas nas copas de 1934 e 1938. Com mais duas vitórias, Felipão igualou a marca da seleção portuguesa de três vitórias na primeira fase, que perdurava desde 1966.

Com menos de um minuto de jogo contra a Holanda, ele viu do banco uma boa troca de passes dos holandeses Robben, Kuyt e Van Bommel na frente da grande área de seu time. O chute forte de Van Bommel passou muito perto do gol português.

Antes dos dois minutos, o mesmo Van Bommel recebeu cartão amarelo por uma falta dura no garoto Cristiano Ronaldo, no meio-campo. Indício de que o risco de pancadaria não poderia ser desprezado.

Antes de mais pancada, Robben tentou dois chutes sem perigo e Van Brockhorst cobrou uma falta. Então o zagueiro Khalid Boulahrouz (holandês, apesar do nome) deu uma entrada talibânica com as travas da chuteira na coxa de Cristiano Ronaldo. O péssimo juiz russo Valentin Ivanov deu apenas cartão amarelo, o segundo em apenas sete minutos de jogo.

Os holandeses ainda devem ter muita raiva de Cristiano Ronaldo pelo gol de cabeça que ele marcou contra a Holanda na semifinal da Eurocopa 2004, que desempatou a partida e colocou Portugal na decisão.

Aos 14 minutos, Van Persie mandou um chute perigosíssimo de fora da área, quase abrindo o placar. Depois, Miguel chutou a bola para cortar um ataque holandês e quase marcou contra.

Van Bommel, autor da primeira falta da partida e que tomou o primeiro cartão, recebe o troco de Maniche, que também recebeu amarelo pela falta que cometeu no holandês aos 21 minutos. Em todo o jogo, 12 jogadores foram punidos com amarelo. 5 holandeses e 7 portugueses.

Dois minutos depois, Cristiano Ronaldo, mancando e cercado por quatro adversários, passou para Deco, que cruzou na área. Pauleta recebeu e tocou para trás, de onde vinha Maniche, que driblou Ooijer e chutou sem chance para o goleiro holandês Van der Saar. Este completava 113 partidas por sua seleção, superando o recorde do zagueiro Frank de Boer. Foi a segunda finalização portuguesa no jogo.

Quatro minutos depois, na terceira tentativa portuguesa, o mesmo Maniche mandou por cima do travessão, com perigo. Cristiano Ronaldo, que deixou o campo aos prantos aos 34 minutos, ainda teve tempo para, sete minutos antes, dar um passe de letra para Maniche no meio-de-campo, só para provocar.

A Holanda tentou empatar aos 28 num chute de Robben e aos 36, numa jogada onde Van Persie deixou dois adversários no chão com um único drible e chutou cruzado para fora. Pauleta tentou aumentar num chute de virada aos 44.

Os holandeses reclamaram, com justiça, um pênalti em Kuyt, depois que Nuno Valente acertou-lhe um chute no melhor estilo Van Damme.

Nos descontos da etapa inicial, Costinha meteu a mão na bola e tomou vermelho. Antes, quando já tinha amarelo, acertou uma pancada com cada perna num adversário, no mesmo lance.

Logo aos três minutos da etapa final, a grande chance do empate holandês: Robben cruzou, Van Bommel tentou de bicicleta e a bola sobrou para Cocu, pouco antes da linha frontal da pequena área, acertar o travessão do goleiro Ricardo. Dois minutos depois, Van Bommel arriscou de fora da área e Ricardo pulou mal para defender, quase tomando um frangaço. Os deuses do futebol estavam mesmo com Felipão.

Figo e Maniche de um lado, Sneijder do outro, as tentativas se sucediam, o placar não mudava e a 11ª vitoria seguida de Felipão em Copas do Mundo. Mas nem sempre só de futebol se faz uma partida de futebol.

Numa confusão próxima a área holandesa, Figo acertou uma cabeçada no adversário, agressão passível de expulsão. Como o árbitro estava de costas para o lance, a agressão foi apenas contada para o juiz Valentin Ivanov, e não vista, então o meia português recebeu somente amarelo.

Quando Figo e Boulahrouz disputavam uma bola na altura da área dos técnicos, o holandês ensaiou uma cotovelada no português e Felipão, atento, deve ter gritado para Figo ouvir que o adversário já tinha amarelo. Figo valorizou a cotovelada que nem pegou em cheio e caiu, teatral, se contorcendo no chão. Portugal e Holanda ficaram reduzidos a dez soldados, aliás, jogadores cada um.

Van Persie deu um drible de letra em Nuno Valente e cruzou na área aos 23 minutos. Ninguém escorou. Depois, Sneijder chutou prensado com Ricardo Carvalho e o português levou a pior.

Deco, já no campo adversário, puxava um contra-ataque interrompido pelo juiz para o atendimento ao jogador português. Os holandeses não devolveram a posse de bola, revoltando os adversários portugueses e a torcida. Na seqüência, Heitinga levou uma entrada violenta de Deco, que por sua vez levou amarelo. Início de confusão, Sneijder e Van der Vaart dão empurrões em Petit e também levam cartão.

Na batalha de Nuremberg, os companheiros no Barcelona e adversários na Copa Deco e Van Brockhorst completaram a lista dos expulsos. O português por retardar a devolução da bola ao adversário (e ganhar um chega-pra-lá cinematográfico de Cocu). Já o holandês (que já tinha amarelo por uma falta em Deco) por atingir o atacante Tiago, já no fim da etapa final, que foi até os 51 minutos.

Numa partida que teve de tudo, até futebol, os holandeses saíram da Copa como vilões, inimigos do Fair Play.

Já Portugal tentará sua quinta vitoria consecutiva numa Copa contra o mesmo adversário que evitou essa marca, quarenta anos antes: a Inglaterra. E Felipão tenta sua décima - segunda contra um técnico que é freguês seu. Sven Goran-Eriksson perdeu por 2 a 1 na Copa 2002 (até aquele momento, a quinta vitoria seguida de Felipão) e perdeu nos pênaltis na Eurocopa 2004.

Alguém ainda duvida que Felipão vença mais uma e leve Portugal às semifinais?

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