Monday, June 26, 2006

Suíça, a primeira boa piada da Copa (Suíça 0(0)x0(3) Ucrânia)

É possível um time ser desclassificado de uma competição sem tomar gols? Pode até ser, mas que é raro, isso é. Pois a Seleção da Suíça, bem como sua tradição de país política e supostamente neutro, conseguiu.

Chegaram à Copa sem muito alarde, com a vaga conseguida numa repescagem contra a Turquia, terceira colocada no mundial de 2002. Ganhou de 2x0 a primeira partida, em casa, e perdeu de 4x2 na capital turca, numa partida em que os jogadores quase são linchados pelos torcedores turcos. Por terem marcado fora de casa, se classificaram.

Na Copa, caiu num grupo fácil. Empatou sem gols com a confusa França, venceu a fraca Coréia do Sul e o confuso, fraco e estreante Togo, ambos por 2x0. Como a favorita França apenas empatou com os coreanos, a Suíça classificou-se em primeiro lugar e foi até a cidade de Colônia para disputar uma vaga nas quartas-de-final contra a Ucrânia.

Durante todo o primeiro tempo, nada além de uma bola na trave de cada time. A Ucrânia mandou primeiro aos 21, numa cabeçada de Shevchenko em que a bola subiu e acertou o travessão; três minutos depois, o suíço Frei capricha tanto na cobrança da falta que quase acerta a quina esquerda da meta ucraniana. Ela foi um pouco mais à direita e bateu no travessão mesmo. E foi só.

Às vezes, tanto atacantes quanto defensores ajeitavam a bola com a mão, mas o juiz Benito Archundia não marcava nada para não deixar a partida mais modorrenta. Um dos jogadores, o suíço Cabanas, até a usou para proteger o rosto numa cobrança de falta de Shevchenko, aos 14 já do segundo tempo. E a barreira estava dentro da área.

Numa partida cujo primeiro cartão amarelo saiu para o suíço Barnetta, que fez a falta cuja cobrança foi descrita no parágrafo anterior, o melhor lance tinha que vir da combinação telão do estádio + transmissão da TV. Aos 26 minutos, ambos mostraram um grupo de torcedores e um deles, no canto inferior direito da tela vestia a camisa do Sport Club do Recife.

Durante o restante do jogo, como em todo ele, Ucrânia e Suíça alternaram-se em trocas de passes curtos entre seus respectivos jogadores que sempre terminavam com a bola afastada ou recuperada pela defesa adversária.

Veio então a prorrogação, que não passou de mera formalidade, pois ambos os times poderiam jogar por dias e dias sem parar, com os jogadores de linha morrendo de cansaço e os goleiros, de tédio. O gol não iria sair nem de um lado, nem de outro.

A Suíça chegou à decisão por pênaltis depois de ficar quatro jogos e uma prorrogação sem tomar gol. 390 minutos, ou 400, arredondando com os descontos.

A Ucrânia abriu a cobrança de pênaltis e o craque Shevchenko bateu no canto direito do goleiro Zuberbuehler, que continuou sem tomar gols.

Mas Streller cobrou um dos pênaltis mais ridículos da história das copas e Shovkovskyi também defendeu. Nem Suíça nem Ucrânia conseguiam fazer gols, nem nos pênaltis.

Até que o jovem Milevskiy, que entrou nos instantes finais da prorrogação, esperou Zuberbuehler cair para o seu mesmo lado direito e mandou um balãozinho fraco no meio do gol, à la Djalminha. Barnetta, que tomou o único cartão amarelo do jogo, tem a chance de empatar e manda uma bomba no travessão.

Rebrov também espera Zuberbuehler cair para o seu mesmo lado direito e manda no lado oposto. Cabanas, que dentro da área usou a mão para proteger o rosto de um chute, cobra quase tão mal quanto seu colega Streller, e Shovskovskyi também defende. Em meio aos jogadores suíços, até sorrisos tão discretos quanto nervosos.

A chance de a Suíça continuar na Copa estava em Zuberbuehler defender as duas ultimas cobranças ucranianas e a Suíça converter suas duas restantes.

Esperto, desta vez Zuberbuehler caiu para o seu lado esquerdo, não o direito, onde foi a bola chutada por Gusev que deixou a Ucrânia entre os oito melhores da Copa 2006 e a Suíça eliminada após quatro partidas e uma prorrogação sem tomar um gol sequer com a bola rolando.

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