Tuesday, June 27, 2006

Será que Zidane estava escondendo seu futebol? (Espanha 1x3 França)

A capa do jornal espanhol Marca trazia em sua manchete de 27 de junho de 2006: “Se tu tienes medo, Francia tiene Pánico!”. A frase referia-se à partida entre as seleções nacionais de futebol de Espanha e França, válida pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo. Amabas as seleções jamais haviam se enfrentado pelo torneio.

A renovada selecao da Espanha surpreendeu até os mais otimistas (poucos, a bem da verdade) torcedores com uma campanha irretocavel na fase de grupos. Estreou com goleada de 4x0 sobre a Ucrânia, garantiu a vaga vencendo a Tunísia de virada por 3x1 e consolidou os 100% de aproveitamento com a vitoria de sua equipe reserva sobre a Arábia Saudita pelo escore mínimo.

Já a envelhecida (e até decadente, para os mais radicais) França estreou com um empate sem gols diante da Suíça, seguido de outro em 1x1 com a Coréia do Sul e classificou-se com uma até certo ponto suada vitória de 2x0 sobre o já eliminado Togo.

Antes da partida em Hannover, uma curiosidade: a troca de flâmulas entre os capitães das equipes envolveu Raúl e Zidane, colegas de equipe no todo-poderoso (em termos financeiros, no momento) Real Madrid. Raúl chegou à Copa como reserva e comemorava seu 29º aniversário na partida de oitavas-de-final.

Zidane chegou à Copa anunciando que se retiraria definitivamente dos gramados após o apito final da última partida de sua seleção no torneio e não atuou na única vitória de sua equipe até ali. Tinha tomado dois cartões amarelos nas primeiras partidas.

A Espanha fez 19 finalizações em sua primeira partida, 24 na segunda e novamente 19 na terceira, uma média de mais de 20 por jogo. Contra a França finalizou apenas sete vezes.

A França finalizou nove vezes na estréia, quinze na segunda partida e dezessete na terceira, uma média de pouco mais de 13 por jogo. Na partida de oitavas-de-final, finalizou nove.

A Espanha finalizou primeiro numa falta cobrada por Pernía aos nove minutos de jogo que passou muito perto do ângulo do goleiro Barthéz. A mesma saiu na frente no placar nalti infantil do experiente Thuram em Pablo, a um metro do árbitro. David Villa cobrou bem no cantinho direito de Barthéz, aos 28 minutos.

A França não se abateu, a até então sólida defesa espanhola (um gol em três jogos) deu bobeira e permitiu que o jovem e arisco meio-campista francês Ribery tabelasse com seu colega Vieira e mostrasse porque vem sendo apontado pelos mais entusiasmados como sucessor de Zidane. Não se sabe se seu drible ou sua horrível cicatriz no rosto assustaram o bom goleiro Casillas que ficou para trás e foi buscar a bola na rede aos 41 minutos.

Veio o segundo tempo e o francês Malouda resolveu arriscar de fora da área, só para ver qual era a de Casillas, que mandou para escanteio sem problemas. Ribery também aprontou das suas e cruzou uma bola que atravessou toda a área espanhola, implorando para ser chutada por alguém.

O espanhol Joaquín entrou na partida aos nove minutos da etapa final e aos 33 entrou na área espanhola para tentar entra para a história com um chute que passou perto do gol de Barthéz. Parecia que ambas as equipes já estavam de acordo que a prorrogação seria inevitável.

Mas quando Henry sofreu falta de Puyol na intermediária de ataque, Zidane levantou a bola na área, Xabi Alonso cortou mal de cabeça, Patrick Vieira cabeceou fraco e a bola desviou no zagueiro espanhol Sergio Ramos, a França virou o placar a sete minutos do fim da partida.

Era muita pressão para o jovem time espanhol, que repetiu a sina histórica da selecao da Espanha de sempre fraquejar em partidas decisivas.

Com o tempo regulamentar esgotado, Zidane fez uma falta boba na frente do juiz e recebeu seu terceiro cartão amarelo na Copa.

Parecendo perceber que quase nada tinha feito por seu time até ali, resolveu pegar uma bola no meio, avançar até a área, dar um drible “zidânico” em Puyol e disparar um chute ainda mais “zidânico” contra seu colega de Real Madrid Casillas, também capitão de seu time naquele momento, já que Raúl tinha deixado o campo. Casillas caiu para o lado oposto de onde a bola entrou no gol.

A França precisou das três partidas da primeira fase para marcar três gols. A Espanha tinha levado apenas um gol nos seus três jogos. Em 90 minutos a França fez o mesmo número de gols que tinha feito em 270. Nos mesmos 90 minutos, a Espanha tomou três vezes mais gols do que nos seus respectivos 270.

Como é louca a tal matemática do futebol.

PS: transcrevo aqui a notícia do Marca, em seu site, após a derrota espanhola:
Sueño Roto
Se acabó el sueño. España fue eliminada del Mundial de Alemania al caer en octavos de final ante Francia (1-3). Villa adelantó a España de penalti, pero la selección gala remontó con tres goles de Ribery, Vieira y Zidane. Esta vez, no pudimos llegar ni a cuartos de final y nos volvemos a casa... como siempre.*


*quem habilitar-se a traduzir terá meus mais sinceros agradecimentos. E vai dar uma boa risadinha sádica também

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