Tuesday, June 20, 2006

A Inglaterra é o Náutico da Copa (Inglaterra 2x2 Suécia)

A Inglaterra é uma espécie de Clube Náutico Capibaribe da Copa do Mundo. Para os pouco-entendidos do futebol disputado num estado brasileiro localizado entre Alagoas e Paraíba. O Náutico entrou para a história do futebol mundial por perder em seu estádio completamente lotado a partida que o levaria de volta à principal divisão do futebol brasileiro. A seleção brasileira já perdeu uma Copa do Mundo em casa, com dez vezes mais pessoas dentro do estádio, na então capital do país. Mas o Náutico perdeu dois pênaltis e tomou o gol da derrota por 1 a 0 para um adversário com quatro atletas a menos.

A Inglaterra não chegou a tanto, mas na Copa de 2002 foi desclassificada pelo Brasil num jogo em que o “English Team” saiu na frente aos 3 minutos, cedeu o empate no final do primeiro tempo, e com um gol de falta “sem querer” de Ronaldinho Gaúcho levou a virada aos 5 do segundo. O mesmo Ronaldinho Gaúcho acabou expulso sete minutos depois e a Inglaterra, com um homem a mais em campo durante trinta e três minutos mais os acréscimos, não conseguiu empatar.

Antes da partida que definiria o primeiro colocado do grupo B, vários aspectos tornavam bastante atrativo o confronto entre Inglaterra e Suécia:
- A Inglaterra vinha de uma seqüência de oito vitórias consecutivas, entre eliminatórias e amistosos;
- A Suécia não perdia da Inglaterra desde maio de 1968 ou 11 partidas;
- Se a Suécia vencesse, pegaria Equador e não os embalados anfitriões alemães que algumas horas antes garantiram a vaga nas oitavas-de-final se classificando com três vitórias;
- A contagem de gols na história das Copas do Mundo estava em 1997. Logo poderia chegar a 2000 naquela partida (ou na simultânea entre o já eliminado Paraguai e o então sonhador Trinidad e Tobago, que tinha chances mínimas)

Os suecos vieram desfalcados de seu artilheiro (nas eliminatórias) Ibrahimovic, que passou em branco nas duas primeiras partidas. Os ingleses vinham com sua jovem promessa Wayne Rooney pela primeira vez como titular na Copa. Mas Inglaterra e Suécia fizeram uma partida mais parecida com um avanço alternado de tropas militares sobre o gramado do Fifa World Cup Stadium Cologne, em Colônia.

Com um minuto de jogo, a primeira “vítima” do confronto. O inglês Michael Owen (autor do gol no confronto com o Brasil) contunde-se sozinho e sai de maca. Entra o “soldado” grandalhão e meio atabalhoado Peter Crouch.

Os suecos procuram avançar conseguindo escanteios. Foram doze em todo o jogo, o dobro dos conquistados pelos ingleses, que se defendiam desta jogada com absolutamente TODOS os seus jogadores na área. Os suecos colocavam três dos seus jogadores para atrapalhar o guarda-metas inglês Paul Robinson.

Já os ingleses atacavam com suas únicas jogadas. Bolas levantadas na área, principalmente por Beckham, e chutes de longa distância, principalmente com John Cole e Frank Lampard.

No estádio Fritz-Walter em Kaiserlautern, saía o primeiro gol de Trinidad e Tobago na Copa. Se Inglaterra vencesse o jogo, os caribenhos tinham chance de se classificar.

Mas o gol marcado pelo zagueiro Sancho foi contra suas próprias redes, tocando por último na bola após uma falta cobrada pelo paraguaio Acuña. Gol contra muito parecido com o do zagueiro Gamarra no jogo de estréia contra a Inglaterra, que deu aos ingleses a vitória. Faltavam então dois gols para o de nº. 2000 na história das Copas.

Então o zagueiro Mellberg afastou uma das bolas alçadas na área sueca. O meia inglês John Cole ajeitou no peito e mandou um chute de cinema, no ângulo superior do goleiro sueco Isaksson, fazendo um golaço e deixando o contador de gols da história das copas em 1999.

Que quase chegou a 2000 no outro jogo, mas o juiz anulou o gol.

Veio o segundo tempo e a Inglaterra entra para a história como a seleção que levou o gol de número 2000 em Copas do Mundo. Linderoth bateu mais um escanteio pela esquerda do ataque sueco e Allbäck cabeceou para o gol. Não adiantou o time inteiro na área, nem o esforço de Ashley Cole, o jogo estava empatado.

Empate que deva aos ingleses o primeiro lugar do grupo, mas aumentava para 12 partidas a invencibilidade sueca frente aos ingleses. Aos seis minutos da segunda etapa. Aos treze, outro escanteio de Linderoth e um chute perigoso de Hansson por cima.

Então o treinador (sueco) da seleção inglesa aceita claramente o empate, tirando o de campo o atacante Rooney para a entrada do volante (inicialmente poupado) Gerrard. O atacante, que sofreu uma fratura quarenta dias antes da estréia, saiu indignado. Era a metade do segundo tempo.

Dois minutos depois, Gerrard tirou em cima da linha uma bola chutada de primeira por Kallstrom, após (de novo) cobrança de escanteio de Linderoth (de novo) pela esquerda do ataque sueco.

A cinco minutos do fim, Gerrard aproveita um cruzamento de John Cole e cabeceia para o gol. Seria o gol que daria a primeira vitória da Inglaterra sobre a Suécia desde maio de 1968, e que daria 100% nas primeiras três partidas da Copa do Mundo, o que não acontecia desde 1982.

Mas uma cobrança de lateral (!) passou por todos os jogadores ingleses na área (incluindo uma espalhafatosa tentativa de bicicleta de Sol Campbell) até ser pisada no ar por Larsson e entrar no gol, empatando o jogo. Nos descontos.

A Inglaterra, treinada pelo diplomático Sven-Goran Eriksson, escapou da Alemanha e a Suécia se classificou, mas os tabus continuaram. E a Inglaterra não chegou à nona partida seguida com vitória.

Inglaterra x Equador, Alemanha x Suécia são os primeiros confrontos definidos das oitavas-de-final. Inglaterra x Alemanha, agora, só numa possível final.

Final à qual os ingleses nunca chegaram jogando longe da Inglaterra, uma espécie de Avenida Conselheiro Rosa e Silva, só que na Europa. Para aqueles que não sabem, é onde fica a sede do Náutico, time citado no primeiro parágrafo.

O estádio fica localizado na cidade de Recife, mais exatamente no bairro dos Aflitos. O nome do bairro é um dos apelidos da praça de esportes, que também é conhecida como Casa da Barbie, aquela famosa boneca.

Qualquer semelhança com a seleção na qual o capitão do time passa perfume antes de entrar em campo é apenas uma mera coincidência, bem como as cores (vermelha e branca) da bandeira e do uniforme (reserva) da Inglaterra e do Náutico. Ou será que não?

E a fama de “amarelar” em momentos decisivos também pode ser atribuída aos dois?

PS: Aos 41 do segundo tempo da partida simultânea à Inglaterra x Suécia, Cuevas tabelou com Roque Santa Cruz e recebeu de volta para marcar o segundo gol da vitória do Paraguai sobre Trinidad e Tobago, que não marcou gol em sua primeira participação numa Copa do Mundo.

1 Comments:

At Wednesday, 21 June, 2006, Anonymous Anonymous said...

Realmente, coincidência maior não poderia haver. Quanta semelhança, rapaz!!

 

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