Irritante (Croácia 0x0 Japão)

Que a pressão de vencer para manter melhores chances de classificação no grupo F da Copa do Mundo 2006 seria um componente importante na partida entre Croácia e Japão(ambos perderam em suas estréias), todo mundo já sabia. O que ninguém sabia que esta seria uma das partidas mais medíocres do torneio, a quarta sem gols nas primeiras 27 disputadas.

Nada digno de registro aconteceu até os 20 minutos de jogo, quando o atacante croata Prso foi derrubado infantilmente na área. Srna se apresentou para a cobrança do pênalti e o goleiro Kawaguchi voou rasteiro no seu canto esquerdo para defender. No escanteio, Nico Krancjar cabeceou com perigo. O mesmo Kracjar mandou a bola no travessão num chute de fora da área.

Os japoneses impressionaram durante toda a partida, por suas inócuas tentativas em chutes de longa distância (apesar de não ter um jogador que faça isso direito) e bolas levantadas na área adversária. Será que nem o técnico Zico e nem os seus comandados perceberam que os croatas são, em média, cerca de um palmo e meio mais altos do que os japoneses? E que os nipônicos não possuem nenhum jogador de referência no ataque?

A ingenuidade japonesa não se resume ao setor de ataque. Na defesa dois lances demonstraram, ainda no primeiro tempo, que os japoneses têm muito futuro no futebol, desde que no videogame: aos 32, o goleiro Kawaguchi discutia com o time enquanto a bola era recuada. Ninguém lhe avisou disso e quando ele percebeu, a bola passou ao seu lado, quase entrando no gol. Noutro lance, aos 39, a defesa tentou sair jogando com passes curtos e Nico Kovac roubou a bola, passando para Klasnic chutar e Kawaguchi defender com dificuldade.

Aos seis minutos do segundo tempo, o lance mais bisonho de uma partida idem: o japonês Yanagisawa recebeu sozinho na pequena área e consegui mandar a bola entre as pernas do goleiro (que, pasmem, estava no meio do gol) para fora.

Durante o resto da partida o que se viu foram dois ataques pouco ousados que se resumiram a arriscar chutes de fora da área, e os jogadores japoneses mostrando que são incrivelmente capazes de convencer quem os assiste de que o futebol é jogado com uma bola quadrada.

Nos últimos quinze minutos, era nítido que as equipes estavam cansadas (caiu por terra o decantado mito sobre o preparo físico dos japoneses) e que poderiam jogar por horas e ninguém conseguiria marcar um gol. O semblante do técnico Zico, mostrado pelas câmeras de TV, mostrava um flagrante desânimo com sua equipe.

No último lance do primeiro tempo, o brasileiro naturalizado japonês Alex fez uma boa jogada pela esquerda e cruzou rasteiro (rasteiro, pois os jogadores japoneses são de baixa estatura), mas não encontrou ninguém na área. O lance resultou num escanteio em que a bola encontrou Oguro dentro da pequena área e ele nem cabeceou, nem chutou, nem conseguiu dominar. Dêem-lhe um taco, talvez ele seja um jogador de beisebol praticando o esporte errado.

Zico, vai pra Europa depois da Copa do Mundo, não insiste em querer fazer de japonês jogador de futebol.