Friday, June 16, 2006

Com a bênção de Don Diego (Argentina 6x0 Sérvia e Montenegro)

Assim como foi amplamente noticiado pela imprensa que cobre a Copa do Mundo, foi na cidade de Gelsenkirchen durante a segunda fase do Mundial de 1974 (naquela Copa não houve mata-mata) que a seleção argentina protagonizou dois de seus maiores fiascos em Copas do Mundo. Perdeu de 4x0 para a Holanda e empatou em 0x0 com a Alemanha Oriental. Entre estas duas partidas, foi a Hanover e levou de 2x1 do Brasil.

Trinta e dois anos e dois títulos mundiais depois, a Argentina voltou a Gelsenkirchen para a partida de abertura da segunda rodada do grupo C (apelidado de grupo da morte), onde enfrentou a seleção da Sérvia e Montenegro. Logo aos cinco minutos de jogo, o volante Maxi Rodriguez tocou para o atacante Saviola e avançou, recebendo cara-a-cara com o goleiro Jevric, que não teve chances de defesa.

A substituição do meia ofensivo Lucho González (por lesão na coxa) pelo volante Cambiasso logo aos 16 minutos deu a idéia de que, com a vantagem no placar, a Argentina iria diminuir um pouco o ritmo alucinante dos primeiros minutos. E não foi que o próprio Cambiasso marcou o segundo gol, após uma jogada magistral com participação de metade da equipe: na lateral esquerda, Sorín passou de calcanhar para Saviola, que passou no meio para Riquelme, que tocou para Cambiasso, que tocou para Crespo, que devolveu de calcanhar para Cambiasso fuzilar Jevric. E apenas trinta minutos de jogo haviam se passado.

Cinco minutos depois, Crespo recebeu em posição legal, avançou até a entrada da área e tocou para o gol. O bandeirinha deu impedimento, o juiz apitou e, como deu prosseguimento à jogada, o centroavante portenho levou cartão amarelo.

Aos 40 minutos, Krstajic deu mole para Saviola, que roubou a bola, entrou na área, driblou Dudic e chutou mal para o gol. Crespo passou batido, mas Maxi Rodriguez não. A bola ainda bateu na trave, rolou sobre a linha e a Argentina marcou seu terceiro gol.

Veio o segundo tempo e todos esperavam que ele iria ser disputado por mera formalidade. Afinal de contas, a Sérvia e Montenegro nem de longe parecia com a equipe que deu muito trabalho para ser derrotada pela Holanda na estréia. Talvez sentindo o peso das diversas mudanças políticas enfrentadas pelo país (a última delas, recente, dividiu o país em dois através de um plebiscito), a Sérvia e Montenegro chegava muito pouco ao gol do irregular Abbondanzieri.

Na única vez em que chegou na área adversária na segunda etapa, Kezman cruzou de primeira para Milosevic, que errou a cabeçada. A essa altura, nove minutos, já se ouvia alguns gritos de olé.

O técnico argentino Jose Pekerman trocou Saviola por Tevez e o artilheiro da partida Maxi Rodriguez pela revelação Messi. Com os dois jogadores mais cotados para ser “o novo Maradona” e a expulsão de Kezman (que chegou à Copa como craque e nada fez), a Argentina partiu de vez para a goleada.

E ela ganhou contornos nítidos quando Messi (com menos de cinco minutos em campo) recebeu na esquerda e cruzou para o meio da área, onde estava Crespo para empurrar para as redes. Além de deixar a Argentina provisoriamente com o melhor ataque da Copa, este foi o 50º gol marcado na competição.

O ídolo argentino Diego Maradona, nas arquibancadas, era com certeza o mais empolgado dos torcedores. Ele e os outros 45 mil espectadores presentes no estádio Westfalen ainda viram o golaço de Tevez, que jogou no meio das pernas de Gavrancic, entrou na área, se livrou de Duljaj e mandou para o gol aos 38 minutos. Aos 42, Tevez tabelou com Crespo e passou para Messi, que entrava pela direita. O jovem atacante chutou entre as pernas do goleiro adversário e encerrou a goleada.

Nenhum dos jogadores argentinos em campo teve seu nome gritado em coro (ao menos que a TV mostrasse). Maradona, por sua vez, teve seu nome exaltado pelos torcedores por vários minutos. Parecia até que estava em campo. Pelo o que o que a Argentina jogou dava ate para acreditar que ele estava mesmo.

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