Zidane, França e a maldição do gol de Petit (França 0x0 Suíça)

O argelino naturalizado francês Zinedine Zidane entrou de vez para a historia do futebol mundial ao marcar dois gols de cabeça no primeiro tempo da partida final que deu à sua seleção sua primeira e única Copa do Mundo, sobre os então defensores do título, o Brasil.

Diante dos apáticos e apatetados brasileiros, Zidane marcou seus dois únicos gols em Copas do Mundo. Talvez nem precisasse marcar, tanto que após a Eurocopa 2004 ele resolveu abandonar a seleção francesa. Menos de um ano depois, lá estava ele de volta, ainda que aparentemente a contragosto, para evitar que a França fosse desclassificada nas eliminatórias.

Voltando à final da Copa da França, o jogo já estava definido quando um sujeito de nome Emmanuel Petit marca o terceiro gol francês sobre os então tetracampeões mundiais. Não precisava. Justamente por causa daquele gol, pela primeira vez o Brasil perdia uma partida de Copa do Mundo por mais de dois gols de diferença.

Pois eis que o destino, como que para atender às não poucas pragas rogadas por torcedores brasileiros fez com que desde aquela longínqua noite de 12 de julho de 1998 a seleção francesa não marque um gol em Copas do Mundo. Defendendo o título em 2002, apanhou de Senegal na estréia (1x0) e empatou com o Uruguai na segunda partida (0x0). Zidane, machucado, não jogou nenhuma das duas partidas e voltou no sacrifício na última rodada contra a Dinamarca. Foi o melhor em campo, mas viu seu time perder por 2x0 e voltar para casa sem sequer comemorar um gol.

Este ano na Copa da Alemanha, Zidane promete se despedir dos gramados tão logo termine a participação de sua seleção no torneio. Na partida de estréia contra a Suíça, demorou trinta minutos para aparecer no jogo. Com seus toques fáceis e inteligência acima do comum, sua presença em campo é capaz de tornar uma partida feia e sem-graça em alvo de elevado interesse e esperança por uma jogada de encher os olhos ou uma atuação histórica.

As poucas jogadas de Zizou, ainda que belas, pouco contribuíram para que seu time chegasse ao gol. Thierry Henry à parte, há entre Zidane seus companheiros de equipe um verdadeiro abismo de técnica. Zidane não tem uma equipe à altura de seu futebol.

Sobre a partida, não há muito mais o que dizer. Aliás, tem sim. No primeiro tempo, o atacante Alexander Frei, da Suíça, perdeu um gol que o faria ser imediatamente substituído em qualquer pelada de subúrbio. No segundo tempo, ao invés de usar a cabeça para pensar e fazer o gol que poderia dar a vitória ao seu time, usou a mão esquerda. Mandou a bola para fora e tomou um cartão amarelo. E pensar que Frei vive fazendo gols pelo seu clube, o Rennes da França. Pela seleção, tinha feito 25 em 46 partidas até então.

Voltando a Zidane e à final de 98, aquela foi a única grande partida de Zidane em Copas do Mundo. Teve atuações discretas nas vitórias contra os patos-mortos África do Sul (3x0) e Arábia Saudita (4x0). Suspenso por duas partidas, viu seu time passar apertado pela Dinamarca (2x1) e pelo Paraguai (1x0, na morte súbita). Voltou nas quartas-de-final e converteu um dos pênaltis na disputa que eliminou a Itália após 120 minutos sem gols. Na semifinal, foi lateral Thuram que resolveu as coisas, marcando duas vezes na virada de 2x1 sobre a Croácia.

Com a seleção anfitriã na final da Copa que organizaram, o craque brilhou no triunfo sobre a equipe do recém-convulsionado Ronaldo. No final do ano, Zidane ganhou o primeiro dos três prêmios de melhor do mundo pela Fifa (os outros foram em 2000, quando foi campeão europeu junto com sua seleção, e em 2003).

Nada disso valeu para que sua seleção conseguisse vencer a retranca suíça. Será que ele está esperando que seu time chegue à final para resolver as coisas? Adversários torcem que não, mas pelo que os veteranos franceses mostraram em sua estréia, não metem medo em ninguém. Nem na Coréia do Sul, que lidera o grupo G na primeira rodada.

Os franceses devem estar se perguntando: onde está Emmanuel Petit? Se eles não sabem, quem é que vai saber?