Friday, June 16, 2006

“Anglória” (México 0x0 Angola)

Com uma defesa fragilíssima e um ataque inoperante, Angola já entrou para a história do futebol. Pela primeira vez disputando uma copa do mundo, os “Palancas Negras” chegaram à Alemanha com a certeza do mundo inteiro de que seriam o saco de pancadas do grupo D, considerado um dos mais fracos do mundial. Em grande parte por contar com Angola entre os participantes

Estrearam contra a seleção vice-campeã européia e treinada pelo atual campeão mundial de futebol. Aos quatro minutos de jogo, já estavam perdendo. Pouco ameaçaram no ataque e se defenderam contando com pouquíssimos recursos técnicos. Ao final da partida, não marcou nenhum gol. Se o tivesse feito, estrearia com um empate.

Contra o México, Angola encontrou um adversário com doze participações anteriores no torneio e que tinha estreado com uma vitória por 3x1 sobre o Irã. Ainda que o Irã não seja exatamente um grande referencial de qualidade no futebol, também já vinha de participações anteriores, em 1978 e 1998. Nesta última, alcançaram a primeira vitória.

A primeira copa cuja fase eliminatória teve a participação de Angola foi a de 1986, disputada no México. Há apenas vinte anos atrás, quando a guerra civil angolana já durava uns dez anos e terminou um dia desses.

O México participou da primeira copa do Mundo, em 1930, além de ter sido o primeiro pais a sediar a Copa do Mundo duas vezes (só depois que Itália, França e Alemanha fizeram o mesmo).

De um lado, o capitão mexicano Rafael Márquez, 27 anos, titular absoluto do Barcelona campeão europeu e bicampeão espanhol. Do outro, Fabrice Alcebiade Maieco, ou Akwá, 29 anos, desempregado, assim como o goleiro João Ricardo.

Duas cobranças de falta, uma delas na trave, foi o máximo que a forte equipe mexicana conseguiu chegar na meta do bravo arqueiro João Ricardo no primeiro tempo. Durante o restante da primeira etapa, apenas quem estava no estádio não dormiu durante a partida.

No segundo tempo, o México parecia jogar com a certeza de que poderia fazer o gol a qualquer hora. O zagueiro Rafa Márquez até mandou um chapéu no meia Figueiredo, de Angola, só para descontar o desaforo do goleiro angolano que saiu para cortar o cruzamento na área usando uma só mão.

Mas quando Portugal resolveu atacar de verdade, viu que teria que se apressar bastante, pois cada tempo de uma partida de futebol tem apenas 45 minutos e mais alguns acréscimos.

O ataque angolano pouco criava, menos por medo do adversário do que por falta de qualidade técnica. Já sua defesa teve até jogador chutando a bola no companheiro, que sobrou para o atacante Omar Bravo chutar displicentemente.

Depois, João Ricardo viu a bola beijar sua trave esquerda. Neste momento Angola, desde sempre inferior tecnicamente, já estava também inferior numericamente. Seu zagueiro André havia sido expulso por meter a mão na bola.

Mais do que nunca haviam mais jogadores na área de Angola do que tropas da ONU em seu território. Os bravos angolanos garantiram o empate em zero a zero e seu primeiro ponto na segunda partida que disputam em toda a história das Copas do Mundo.

Na última rodada, Angola pode se classificar para as oitavas-de-final. Se a seqüência de vitórias do técnico de Portugal não for quebrada, o Irã estará fora da Copa na segunda rodada.

Se Angola vencer o Irã e o técnico Luis Felipe Scolari prosseguir com sua seqüência de vitórias contra o México, a Copa da Alemanha terá sua primeira surpresa. Desde que uma das partidas tenha uma diferença maior do que um gol. Gol que Angola não marcou em suas duas primeiras partidas.

Será que o empate contra os cabeças-de-chave mexicanos será apenas a primeira glória da seleção de Angola nesta Copa do Mundo?

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