Wednesday, June 21, 2006

Só de sacanagem

Interrompendo os relatos das partidas, leiam este texto que escrevi cerca de um mêsm antes da copa e vejam como sou um EXCELENTE profeta:

Uma (possível) zebra chamada Trinidad e Tobago

Esta seleção sofreu para chegar à Copa 2006: após atingir na última rodada o quarto lugar na zona da Concacaf com uma vitória por 2x1 sobre o México, Trinidad e Tobago disputou uma repescagem contra o Bahrein. Empatou em 1 a 1 em casa e venceu por um a zero fora.

Entretanto, a participação de Trinidad e Tobago na Copa do Mundo acabou se tornando um caso a parte, por conta de um fato meramente circunstancial. Antes, mais dados sobre estas 25 ilhas de terreno montanhoso e clima tropical, cujo território total se estende por 5.128 km2 – o equivalente a um quarto do estado de Sergipe – cuja seleção nacional de futebol participa pela primeira vez do evento máximo do futebol:

-Sua língua oficial é o inglês, mas também se fala espanhol, francês, chinês e hindi. É o segundo maior país de língua inglesa do Caribe, atrás apenas da Jamaica.
-O cristianismo é a religião predominante (29,07% de protestantes e 29,04% de católicos). O hinduismo e seguido por 23,7% da população e o islamismo por 5,9 %
-Afro-americanos e indianos correspondem a 41% da população cada. Afro-europeus são 16%.
- Os índios Aruaques e Caraíbas seus primeiros habitantes. Foram dizimados a partir da chegada Cristóvão Colombo em 1498. O território também foi disputado por ingleses, franceses e até alemães.
- Até a tomada definitiva das ilhas pela coroa inglesa, foram registradas 22 mudanças de poder. Em 1797, a ilha de Trinidad foi anexada pela coroa inglesa, o mesmo acontecendo com Tobago em 1814. Em 1888, foi formalizada sua união política como colônia inglesa.
- A data da independência é 31 de agosto de 1962. Entretanto, só veio a se tornar republica em 1976, há exatos 30 anos.
- Foi colônia de trabalho escravo no plantio de cana-de-açúcar. A abolição aconteceu em 1883 e o problema da mão-de-obra resolveu-se com a chegada dos imigrantes hindus e chineses.
- A primeira partida oficial de futebol no país aconteceu em seis de agosto de 1893. Um ano antes de Charles Miller voltar da Europa ao Brasil trazendo as bolas os uniformes e as regras.

Este passado de colônia da Inglaterra evidentemente influenciou o futebol do país. Dos 23 convocados, 15 jogam em times da Inglaterra e Escócia. Alguns em times de certa expressão, como o West Ham (do goleiro Shaka Hislop), Southampton (do atacante Kenwyne Jones), Glasgow Rangers (do zagueiro Marvin Andrews) e Coventry City (do goleiro Clayton Ince e do atacante Stern John).

Apenas quatro jogadores atuam no país, três no Jabloteh e um no West Connection, os dois grandes clubes locais Completam a seleção um que joga na Alemanha e dois que atuam nos EUA. Porém seu jogador mais famoso atua no futebol australiano, foi campeão da temporada 2005/2006 pelo Sidney FC e há alguns anos atrás fez muito sucesso num time inglês chamado Manchester United.

Seu nome é Dwight Yorke, e em 1999 foi destaque na conquista da tríplice coroa, vencendo o campeonato inglês, a Copa da Inglaterra e a Liga dos Campeões. No mesmo ano foi campeão Interclubes num jogo tão sem-graça contra o Palmeiras quanto o destino da taça: um cantinho acanhado na sala de troféus do clube.

Pois este Yorke, que tanto se destacou num dos maiores times da Inglaterra, que aos 34 anos foi campeão australiano em 2005/2006 deve estar em campo com sua seleção jogando pelo grupo B da Copa, ao lado de Suécia (contra quem estréia dia 10/06, em Dortmund), Paraguai (ultima partida da fase, 20/06 em Kaiserlautern). Num dos dez dias que separam essas partidas, acontece em Nuremberg a partida que para os tobaguenhos certamente será a mais empolgante: contra a... Inglaterra.

Yorke, capitão de Trinidad e Tobago, enfrentará seu ex-colega de Manchester United, o superstar David Beckham, capitão inglês e certamente ávido por brilhar em sua terceira Copa, após atuações no máximo medianas em 1998 e 2002. Yorke também deve enfrentar os ex-companheiros Rio Ferdinand e Gary Neville. Após a temporada australiana, Yorke treinou no seu ex-clube, sem deixar de provocar Ferdinand e Neville. Este, por sinal, foi quem o marcou nos treinos.

Yorke, uma espécie de semi-deus em seu país, também afirmou: “A Inglaterra é um time que, na opinião geral, vai nos derrotar facilmente. Os ingleses têm alguns jogadores fantásticos na seleção titular e, até mesmo, no banco, e é um time que conhecemos bem. Nossos jogadores que atuam nas divisões inferiores na Inglaterra não precisarão de incentivo – eles nunca terão outra oportunidade de jogar contra esses grandes nomes. Quer melhor palco para tentarmos competir com eles? Todos esperam nossa derrota, mas a única coisa que não quero é sair humilhado - cinco, seis, sete a zero. Quero que nossa seleção entre em campo para competir bem e, se o fizer, quem sabe? ”

Outros destaques do time no ataque são o veterano Russel Latapy de 37 anos, jogando atualmente no modesto Falkirk da Escócia e Stern John, vice-artilheiro das eliminatórias da Concacaf com 12 gols. E no meio-de-campo, uma surpresa para os muitos que pela primeira vez verão Trinidad e Tobago jogar: Chris Birchall, do Port Vale, que joga a terceira divisão inglesa. Ele é inglês de nascimento, branco e loiro.

Estes fatos podem tornar o duelo entre Trinidad e Tobago x Inglaterra não só uma partida de Copa do Mundo, mas quem sabe uma espécie de “acerto de contas” histórico. Quem não lembra de uma seleção africana estreante em mundiais que na abertura da Copa de 2002 venceu a equipe do país do qual tinham sido colônia no passado? Para os de memória curta, França 0x1 Senegal.

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