Saturday, June 10, 2006

Favoritismo Traiçoeiro - Parte 04 (1990-2002)

1990, Itália: Tal como a Inglaterra em 1966, a Alemanha em 1974 e a Argentina em 1978, os italianos organizaram uma pomposa festa para serem campeões. Venceram as três partidas da primeira fase, passaram sem problemas por Uruguai e Irlanda e o goleiro Valter Zenga bateu o recorde de tempo sem tomar gols em copa. Até toparem com a Argentina de Maradona na semifinal, disputada – ironia ou não – no estádio San Paolo, na cidade de Nápoles, cujo time local, o Napoli, vivia a melhor fase de sua historia (a única fase boa, aliás) graças principalmente a... Maradona. Já a Argentina perdeu na estréia para Camarões (que foi a sensação do torneio, só sendo eliminado nas quartas-de-final para a Inglaterra num jogo disputadíssimo), e classificou-se em terceiro no grupo. Nas oitavas-de-final, contra o favorito Brasil (que mesmo jogando pouco, venceu as três partidas da primeira fase), Maradona passou por meio time antes de deixar Caniggia livre para marcar o gol da vitória. Na fase seguinte, eliminou a Iugoslávia nos pênaltis. Na semifinal, Caniggia quebrou a invencibilidade do arco italiano, empatando o jogo, que só foi decidido nos pênaltis, assim como a outra semifinal, entre Alemanha e Inglaterra. A letra A se impôs em ambas as partidas e Alemanha e Argentina fizeram a final pela segunda vez consecutiva. Os italianos conquistaram um decepcionante terceiro lugar após vencerem a Inglaterra. E os alemães merecidamente venceram a final, graças a um gol... de pênalti.

1994, Estados Unidos: A Colômbia, sensação das eliminatórias sul-americanas após vencer os argentinos por 5x0 em Buenos Aires, caiu logo na primeira fase desta que talvez tenha mais equilibrada das copas. E esta não foi a única surpresa. A Alemanha foi eliminada nas quartas-de-final pela surpreendente Bulgária, que nunca havia sequer ganho uma partida nos cinco mundiais que disputara até ali. Não só eliminou os alemães, como deu trabalho aos italianos na semifinal e teve um dos artilheiros do mundial (Stoichkov, com 6 gols, assim como o russo Salenko). A Itália capengou, quase foi eliminada nas oitavas pela surpreendente Nigéria quando Roberto Baggio (na época, o melhor jogador do mundo) apareceu e virou o jogo, marcando os dois primeiros dos seus cinco gols no torneio. A Argentina, depois de vencer suas duas primeiras partidas, teve Maradona pego no exame anti-doping e acabou eliminada pela Romênia nas oitavas-de-final. Na final, Brasil e Itália conseguiram a façanha de transformar o que seria o jogo do século (dali sairia o primeiro tetracampeão mundial de futebol) numa partida modorrenta e de poucas emoções, decidida nos pênaltis, quando Baggio mandou para a lua sua cobrança e o antes desacreditado Brasil (que um ano antes tinha perdido uma partida de eliminatórias pela primeira vez) foi campeão mundial de futebol pela quarta vez.

1998, Franca: um torneio cuja final todo mundo esperava: o campeão defendendo o titulo contra os anfitriões. Surpresa foi a facilidade com a qual a Franca bateu o Brasil na final (3x0, com sobras), cercada de suspeitas nebulosas quanto à escalação do craque brasileiro Ronaldo (eleito o melhor da copa, numa estranha eleição que ocorre na véspera da final), que teria sofrido uma convulsão pouco antes da decisão e foi obrigado pela empresa patrocinadora Nike a jogar. Fora isso, a Espanha, tida como uma das favoritas, foi eliminada na primeira fase e a Alemanha foi eliminada pela surpreendente Croácia, que além de venderem caro a derrota na semifinal contra os anfitriões, fizeram o artilheiro isolado do torneio, Davor Suker.

2002, Japão/Coréia do Sul: Talvez a edição mais pródiga em favoritos eliminados precocemente. A Argentina caiu logo na primeira fase, com uma vitória, um empate e uma derrota. Já a França fez uma das campanhas mais vergonhosas da historia das copas. Os então campeões mundiais e da Eurocopa foram vencidos pelos estreantes de Senegal (por sinal, ex-colônia francesa), empataram com o Uruguai e deram adeus na derrota para a Dinamarca. Antes da França nesta copa, a única seleção a defender o titulo e ser eliminada logo na primeira fase fora o Brasil em 1966. Mas a campanha francesa foi ainda pior: os “Bleus” sequer marcaram gol. Portugal, que segundo Pelé era o grande favorito, goleou a Polônia na segunda rodada da primeira fase, mas foi eliminada ao perder para os Estados Unidos e Coréia do Sul. Esta, por sua vez, eliminou nas oitavas-de-final a também favorita Itália, empurrada pela torcida e, sobretudo, pelos erros da arbitragem. Na fase seguinte, foi a vez de outra bem cotada, a Espanha, sofrer com árbitros “sensíveis” aos anfitriões. A Coréia do Sul, que nunca havia vencido um jogo de Copa do Mundo, só caiu nas semifinais, frente à Alemanha, que por sua vez havia se complicado nas eliminatórias, sendo humilhada em casa pela Inglaterra (perdeu de 5x1) e classificando-se na repescagem. Chegou à Copa completamente desacreditada, assim como o outro finalista, o Brasil, que durante as eliminatórias teve nada menos que quatro treinadores (Vanderlei Luxemburgo, Candinho, Emerson Leão e Luiz Felipe Scolari). Na estréia, virada sofrida (e roubada) contra a quase estreante Turquia (que terminou num excelente terceiro lugar) e depois, com exceção da Inglaterra nas quartas-de-final e, vá lá, a Bélgica nas oitavas, chegou à final sem enfrentar um adversário à altura. Na final, vitória brasileira com dois gols do desacreditado Ronaldo, que após a Copa de 98 havia mergulhado num inferno astral de contusões e problemas pessoais. Dado como acabado para o futebol, terminou a copa de 2002 como artilheiro, marcando 8 gols e quebrando uma escrita que vinha desde a copa de 1978 (desde então, os artilheiros de cada Copa sempre marcavam exatamente 6 gols). Além do mais, esses gols somados aos 4 tentos que marcou em 98, tornaram-no o maior marcador brasileiro em copas, ao lado de Pelé.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home