Thursday, June 08, 2006

Favoritismo Traiçoeiro - Parte 03 (1974-1986)

1974, Alemanha: Os brasileiros levaram uma enorme delegação, composta de massagistas, preparadores físicos, convidados e puxa-sacos. Futebol, que interessa, quase nenhum. Para piorar as coisas, Pelé já havia se despedido da seleção tr6es anos antes. Os favoritos brasileiros só vieram marcar gol na terceira partida, contra o modesto Zaire (que levou de nove da Iugoslávia) e se classificou no saldo de gols (Iugoslávia, Brasil e Escócia empataram nos jogos entre si) contra a Escócia (que fez um gol a menos no Zaire e foi desclassificada sem perder). A enrolação do técnico Zagalo durou até a semifinal contra um furacão chamado Holanda. A “Laranja Mecânica” revolucionou o futebol, comandada no banco por Rinus Michels (eleito o técnico do século pela Fifa) e no campo pelo craque Johann Cruijff. Esse time chegou a final marcando 14 gols em cinco partidas e sofrendo apenas um (contra, vale salientar). Na final, os anfitriões pela frente (que tinham sido derrotados pelos vizinhos da Alemanha Oriental na primeira fase) e em dois minutos os holandeses já venciam por 1x0, sem terem sequer deixado os alemães tocarem na bola. E a Alemanha “repetiu” 1954, virando a partida ainda no primeiro tempo.

1978, Argentina: A feroz ditadura em vigor no país motivou até uma tentativa de boicote por parte das seleções européias (França à frente). Entretanto, a estrela maior do futebol nos anos 70, o holandês Cruijff, recusou-se a defender sua seleção no torneio. Mundial iniciado, e a Itália vence suas três partidas na primeira fase (inclusive os anfitriões argentinos). A irregular seleção brasileira empata as duas primeiras partidas, vence a terceira no aperto e classifica-se para a segunda fase, agrupando-se com Peru, Argentina e Polônia. A Holanda, também claudicante (havia perdido seu jogo de estréia por 3x2 para a Escócia), classifica-se para o outro grupo, no qual vence a favorita Itália, goleia a Áustria e empata com a então defensora do título, Alemanha Ocidental. Os holandeses chegaram a final contra a Argentina, que jogou sabendo quantos gols precisava fazer no desclassificado Peru, por uma anomalia no regulamento. Fizeram 6 a 0 e descobriu-se mais tarde que o goleiro peruano Quiroga era argentino de nascimento. Ou seja, as equipes que decidiram o titulo traziam derrotas na bagagem, e o Brasil, invicto, era obrigado a contentar-se com o terceiro lugar e o titulo de “campeão moral” depois de uma vitória sobre a Itália por 2x1. E em meio a tantas “surpresas”, claro que os argentinos venceram a Holanda na prorrogação por 3x1 após empate em um gol no tempo regulamentar. E ainda ganharam o prêmio Fair Play (jogo limpo) da Fifa, entregue pela primeira vez naquela Copa.

1982, Espanha: Brasileiro que é brasileiro jamais esquece a grande equipe montada por Telê Santana que sapecou 13 gols nos primeiros quatro jogos da copa (sendo dez na primeira fase e três na Argentina com Maradona e tudo). Mas no meio do caminho havia uma seleção que empatara suas três partidas na primeira fase, classificando-se pelo numero de gols (Camarões fez a mesma campanha, mas marcou apenas um gol e os italianos, dois). Na segunda fase, passou apertado pelos mesmos argentinos (2x1) decidindo uma vaga nas semifinais. Veio então um sujeito portando a camisa 20 italiana, um certo Paolo Rossi, que nada tinha feito ate aquela partida e faz os três gols na vitória por 3x2, fazendo, tal como o titulo de sua autobiografia, o Brasil chorar. A Itália seguiu em frente, derrotou Polônia e Alemanha e chegou ao tricampeonato mundial. E Rossi, que pouco antes tinha passado dois anos suspenso por suposto envolvimento com manipulação de resultados na Itália, foi artilheiro.

1986, México: A estreante Dinamarca venceu a Alemanha (que mesmo assim chegou a final) e goleou o Uruguai por 6x1 na primeira fase e ganhou o apelido de “Dinamáquina”. E nas oitavas-de-final, levou um inexplicável 5x1 da Espanha, com quatro gols de Butragueño. O Brasil ficou as primeiras 4 partidas sem tomar gol, tendo sua meta vazada apenas no 41º minuto do primeiro tempo contra a França. No segundo, Zico perdeu um pênalti e a partida só foi decidida... numa cobrança de pênaltis na qual Sócrates e Platini desperdiçaram suas cobranças e outro francês bateu um pênalti que tocou nas duas traves e nas costas do goleiro Carlos antes entrar. E a Argentina, com um time pouco alem de medíocre, viu os favoritos Itália, Brasil, Franca e Alemanha matarem-se uns aos outros, desclassificou a Inglaterra com a maior exibição individual de um jogador em toda a história do torneio (que jogador faz um gol de mão e pouco depois o mais espetacular tento da historia das copas num único jogo?), passou pela Bélgica (com outro show de Maradona) e venceu a final contra os alemães com Maradona dando o passe para o gol da vitória por 3x2.

(continua)

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